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A Atual Situação Política e Econômica da Argentina

Thiago Correa

Acadêmico do 6° semestre de Relações Internacionais da UNAMA


Ao contrário do que possa parecer, a crise econômica que a Argentina vem atravessando é uma herança negativa de governos anteriores, da qual a atual gestão não consegue se livrar. Algo recente e decorrido da administração vigente do país. É claro que com o agravamento da crise nos últimos anos e com as constantes polêmicas envolvendo o governo da presidente Cristina Kirchner e suas formas, digamos, não ortodoxas de fazer política, fica para alguns a impressão de que a Argentina nunca esteve em situação parecida. Mas isso não é verdade. A fim de se entender o que originou o “rombo” econômico, no qual nuestros hermanos se encontram, é necessário falar um pouco sobre câmbio.

Durante os anos 90, a Argentina utilizava o câmbio fixo, no qual um peso argentino equivalia a um dólar. Para financiar essa moeda sobrevalorizada, a Argentina ficou dependente do capital especulativo financeiro internacional. Capital esse que fugiu junto com a crise da Rússia em 1998 e do Brasil em 1999. O então presidente Fernando de la Rúa resolveu, portanto, liberar o câmbio. E o que aconteceu? Uma desvalorização abrupta da moeda nacional argentina, o que tornou impossível o pagamento da dívida externa. Ao ficar sem dinheiro para pagar até mesmo os juros de sua dívida, a Argentina foi excluída do Sistema Financeiro Internacional e perdeu o acesso ao crédito externo.

Nos anos 2000, o país buscou negociar sua dívida, apresentando diversos planos de reestruturação econômica junto aos credores. Desses últimos, 93% aceitaram as propostas do governo argentino de quitar os débitos parceladamente e com descontos de até 60%. Mas, os 7% que não se viram satisfeitos com esses acordos foram recorrer de tal decisão na justiça norte-americana – que possui jurisdição sobre os ativos da bolsa de Nova Iorque – e conseguiram que um juiz do Tribunal Federal de NY, em primeira instância, condenasse a Argentina a pagar o valor total dos papéis, além dos juros.

O governo argentino não aceitou a decisão, alegando que a decisão do juiz abriria precedentes para que os outros 93% dos credores desistam do concordado e cobrassem também o valor total da dívida. Se o país tivesse de pagar o valor integral a todos os credores, teria que abrir mão de mais da metade de suas reservas internacionais.

Após inúmeras derrotas na justiça frente aos 7% que cobram o valor total, a Argentina corre contra o tempo para solucionar o calote técnico de sua dívida externa. O impasse é: mesmo com o depósito de 1 bilhão feito pelo país em 2014, referente à parcela de seus acordos, um juiz do estado de Nova Iorque confiscou o dinheiro, determinando que antes o governo argentino deve pagar os credores que cobram todo o dinheiro e que ganharam os processos em primeira e segunda instância. Ou seja, a Argentina não paga suas dívidas porque há um desacordo entre seu governo e a pequena parte dos credores que não aceita receber seu pagamento com desconto.

O país tem o apoio do Brasil junto ao Sistema Internacional, assim como do Mercosul. Mas é bem verdade que a situação não é muito animadora. Toda esta confusão em relação a dívida externa, gerou a desconfiança dos investidores, saída de empresas estrangeiras, dificuldades para conseguir empréstimos, dependência exacerbada das exportações e redução das reservas em dólar. Tudo isso torna o futuro da Argentina preocupante. Para se ter uma ideia, no mercado negro é possível trocar um dólar por 13 pesos argentinos.

A reação do governo de Kirchner frente à crise foi tão radical que desestabilizou ainda mais o país: a presidente restringiu o comércio online, dificultou a entrada de dólares no país e aumentou diversos impostos sobre cartão de crédito utilizado no exterior. A oposição alega que o atual governo “populista” se nega a aplicar os “remédios”, que seriam amargos, mas que começariam a solucionar a crise, que por enquanto não vê sinal de fim.

Por mais que seja detentora de algumas vitórias no campo social, dentre elas o casamento igualitário e uma forte política dos direitos humanos, a Argentina se encontra dividida entre os defensores das medidas populistas e os que esperam que o país deixe de lado o que chamam de “corrupção e gastos excessivos” e comece a se recuperar financeiramente. Este é um embate que até hoje gera questões que ainda não foram respondidas: é possível um país tão populista ser competitivo financeiramente? Só o tempo dirá, mas, até agora, pelo menos para a Argentina, não deu certo!


REFERÊNCIAS

http://g1.globo.com/economia/noticia/2014/07/termina-nesta-quarta-prazo-para-argentina-evitar-novo-calote.html

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/01/entenda-crise-economica-e-politica-na-argentina.html

http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/economia/noticia/2014/08/como-a-argentina-passou-de-nacao-rica-a-pais-em-recessao-e-deficit-de-credibilidade-4566265.html

http://www.em.com.br/app/noticia/economia/2014/08/03/internas_economia,554624/crise-economica-argentina-agrava-as-relacoes-comerciais-do-pais-com-o-brasil.shtml


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