Dia Internacional das Vítimas de Terrorismo
Há exatos 11 anos, Madrid, na Espanha, presenciou ataques terroristas em série, no quais 191 pessoas morreram, e 1700 ficaram feridas. Em memória aos atingidos, o Parlamento Europeu instituiu o dia 11 de março como o Dia Internacional das Vítimas de Terrorismo.
O terrorismo passou a ser considerado um tema de grande relevância após os ataques do 11 de Setembro, quando o mundo percebeu que até mesmo uma hegemonia poderia ser facilmente atingida por atores, de certo modo, desconsiderados na Política Internacional.
O 11 de Setembro abalou o cenário mundial em dimensão inédita, afetando a balança de poder e as relações entre os Estados. Além disso, e mostrou as fragilidades estatais frente a novos atores. Estes ganharam espaço na política mundial no pós-Guerra Fria, que, com as práticas de violência física e psicológica, conseguem influenciar a dinâmica do Sistema Internacional.
O discurso fundamentalista religioso se apresenta como principal característica do “Novo Terrorismo”, no qual as forças impulsionadoras para os ataques passaram a ser a “fé guiada por Deus”, cabendo aos extremistas o papel de salvar o Oriente da dominação Ocidental, em prol de um caminho divino.
Segundo Boff (2015), o terrorismo “é toda violência espetacular, praticada com o propósito de ocupar as mentes com medo e pavor”, causando desestabilidade psíquica e emocional, obrigando as pessoas a desconfiarem de qualquer ato estranho que aconteça em território nacional. A dominação das mentes se torna imprescindível para os atos terroristas, fazendo com que estes, ainda que temidos por uns, sejam considerados sagazes e admirados por outros.
Os atos terroristas, como demonstração de força, devem ser imprevisíveis, pois assim há a impressão de serem incontroláveis. Devem manter-se no anonimato, sem causar suspeitos e, acima de tudo, o objetivo é distorcer a percepção da realidade, o que, consequentemente, acaba disseminando a insegurança na comunidade internacional.
As vítimas do terrorismo sofrem abalos físicos e psicológicos, pois as decapitações feitas pelo grupo extremista Estado Islâmico, causam grande impacto internacional. São utilizados vídeos em tempo real, que mostram os atos de extrema violência e, também causam vitimização em larga dimensão, pois o pânico e terror são transmitidos nas redes sociais de forma veloz, alcançando fronteiras e espalhando o medo.
A banalização do valor da vida humana, o desrespeito aos direitos humanos e o medo provaram causar efeitos deletérios às relações internacionais, porque atemoriza a comunidade global. Na sociedade das nações, é inferior o espaço para o funcionamento da cidadania do homem, uma vez que os valores e os ideais movidos pelo interesse de dominação aumentam a incerteza do futuro da segurança humana, havendo maior necessidade de agenciamento na luta contra o terror nas relações internacionais.
Os direitos humanos incluem o direito à vida, à liberdade de opinião e de expressão, o respeito pela dignidade e valor de cada pessoa, os quais não cabem aos terroristas, subtraírem da sociedade. Não sofrem os danos da extrema violência somente àqueles que sentem fisicamente os reflexos dos atos, mas a comunidade internacional como um todo, em um cenário no qual os direitos à vida são violados, produzindo efeitos psicológicos que ultrapassam em dimensão contínua do número de vítimas do terror.
REFERÊNCIAS:
NASSER, Reginaldo Mattar. As falácias do conceito de “Terrorismo Religioso” . In.____. Do 11 de setembro de 2001 à guerra ao terror: reflexões sobre o terrorismo no século XXI. Brasília : Ipea, 2014, p. 65 a 88.
BOFF, Leonardo. As religiões e o Terrorismo. Disponível em: << https://leonardoboff.wordpress.com/2015/01/26/as-religioes-e-o-terrorismo/>> Acesso em 05 de março de 2015.
BOFF, Leonardo. Para uma definição de Terrorismo. Disponível em: << https://leonardoboff.wordpress.com/2014/02/14/para-uma-definicao-do-terrorismo/>> Acesso em 05 de março de 2015.