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O Eurovision Song Contest como integração cultural na União Europeia


Ao final da Segunda Guerra Mundial, os países europeus passaram a promover, de forma mais aberta, cooperação para atingir objetivos mútuos. Formava-se no pós-guerra uma nova forma de arranjo institucional: os blocos econômicos. A UE é um caso sui generis, pois, atualmente, não existe somente a integração econômica, mas vai além, caracterizando-se também como uma troca de valores político-culturais.

Alguns anos após o fim da II Guerra Mundial, em 1949, com auxílio do Plano Marshall, a Europa estava em processo de reconstrução. Os países que não estavam sob o domínio da URSS partilhavam de certos valores comuns, facilitando, assim, a integração entre alguns Estados europeus e, com isso, constituindo um arcabouço para o que viria se tornar a atual União Europeia.

Em meio a ordem bipolar da Guerra Fria, o “velho mundo”, que ainda se recuperava das consequências da Segunda Guerra Mundial, tinha como objetivos internos e externos criar laços entre as economias e recuperar a sua relevância internacional. (MENEZES; PENNA, 2006). Partindo deste princípio, pode-se dizer que a integração europeia iniciou com a CECA (Comunidade Europeia do Carvão e do Aço). A partir daí, os interesses em comum foram evoluindo e a CECA passou a se chamar CE (Comunidade Europeia). Posteriormente, chamou-se CEE (Comunidade Econômica Europeia), até a assinatura do Tratado de Maastricht, em 1992, cunhando a expressão, União Europeia.

Junto a este processo de (re)construção da Europa, mais precisamente em 1954, com a fundação da EBU (European Broadcasting Union) – composta pelos países da BeNeLux (Bélgica, Luxemburgo e Holanda), mais Suíça, Itália, França e Alemanha Ocidental – surgiu a ideia, por parte dos italianos, de criar um festival musical televisionado, o qual foi primeiramente sediado em Lugano, na Suíça, durante a primavera de 1956. Nascia, desta forma, o Eurovision Song Contest, tendo como primeira vencedora Lys Assia, que interpretou a canção “Réfrain” representando o país sede.

O Eurovision Song Contest, inspirado no Festival de San Remo, da Itália, sob responsabilidade da EBU, é um dos programas de TV mais antigos em circulação, sendo anualmente transmitido para todo o continente europeu e também pela internet, e isso permite com que o Evento ganhe muitos fãs ao redor do mundo, principalmente na Austrália.

O festival tem fama na mídia por ser o programa que lançou o grupo sueco ABBA, em 1974. Naquele ano, a banda interpretou uma de suas canções que hoje é muito querida pelos fãs: “Waterloo”. Já passaram também pelo Eurovision outros nomes bem conhecidos, como Celine Dion (1988), Olivia Newton-John (1974), t.A.T.u (2003), Katrina and the Waves (1997), Bonnie Tyler (2013), Julio Iglesias (1970), Azucar Moreno (1990), entre outros. Curiosamente, a canção “Nel Blu di Pinto di Blu” (a famosa “Volare”) fez sua primeira aparição no Eurovision de 1958 e posteriormente ganhou o mundo, mesmo ficando em 3º lugar. O grupo de sapateado irlandês Riverdance também começou a ganhar destaque após a sua apresentação no intervalo da edição de 1994, em Dublin.

A priori, a finalidade do Eurovision não era a de promover a integração regional vigente, mas sim as mídias, como o rádio e a TV. Neste sentido, o objetivo aparente era o entretenimento (O’CONNOR, 2010). No decorrer das décadas e com as mudanças que vem ocorrendo no cenário internacional globalizado, o Eurovision acompanhou estas modificações e, de certa forma, passou também à qualidade de cultural.

Contudo, exemplos não faltam de canções que levantam questões de identidade nacional, gêneros, crenças e etc.

Dentre as muitas abordagens que se pode utilizar para analisar o Eurovision, o evento pode ser explicado sob o viés da teoria construtivista das Relações Internacionais. Esta corrente de reflexão social é uma contraposição às teorias positivistas tradicionais das ciências sociais, as quais acreditam que as ações dos agentes são determinadas pelo sistema internacional (estrutura), pois, de acordo com o pensamento tradicional, as relações sociais seguem uma lógica permanente e os agentes apenas desempenham um papel atribuído pela estrutura e, por isso, os elementos sociais são chamados de “atores”.

Por outro lado, de acordo com Nogueira e Messari (2005), o Construtivismo nas Relações Internacionais, com caráter pós-positivista, consiste na premissa de que a realidade é socialmente construída, ou seja, não há a crença na ontologia e, portanto, negam a existência de características imutáveis às relações entre os agentes. Sendo assim, o grande conceito da disciplina da RI, o Estado, é, na verdade, resultado dos mecanismos de interações sociais.

Deste modo, o comportamento do Estado acompanha o dinamismo social: identidades, ideias, religiões, cultura e etc. Ressalta-se ainda que a imprevisibilidade das ações sociais enfatiza o termo “construtivista”. Sendo assim, sociedade e Estado são agentes que se co-constroem (agente e estrutura), por variáveis sociais.


REFERÊNCIAS MENEZES, A. da M; PENNA, P. F. Integração Regional: os blocos econômicos nas relações internacionais. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006

NOGUEIRA, J.P.; MESSARI, N. Teoria das relações internacionais: correntes e debates. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005

O' CONNOR, J. K. The Eurovision Song Contest: The Official History. Great Britain: Carlton Books Publishing, 2nd ed., 2010



















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