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O Eurovision Song Contest como integração cultural na União Europeia

  • Julyana Barradas - Acadêmica do 7º semestre de
  • 1 de abr. de 2015
  • 4 min de leitura

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Ao final da Segunda Guerra Mundial, os países europeus passaram a promover, de forma mais aberta, cooperação para atingir objetivos mútuos. Formava-se no pós-guerra uma nova forma de arranjo institucional: os blocos econômicos. A UE é um caso sui generis, pois, atualmente, não existe somente a integração econômica, mas vai além, caracterizando-se também como uma troca de valores político-culturais.

Alguns anos após o fim da II Guerra Mundial, em 1949, com auxílio do Plano Marshall, a Europa estava em processo de reconstrução. Os países que não estavam sob o domínio da URSS partilhavam de certos valores comuns, facilitando, assim, a integração entre alguns Estados europeus e, com isso, constituindo um arcabouço para o que viria se tornar a atual União Europeia.

Em meio a ordem bipolar da Guerra Fria, o “velho mundo”, que ainda se recuperava das consequências da Segunda Guerra Mundial, tinha como objetivos internos e externos criar laços entre as economias e recuperar a sua relevância internacional. (MENEZES; PENNA, 2006). Partindo deste princípio, pode-se dizer que a integração europeia iniciou com a CECA (Comunidade Europeia do Carvão e do Aço). A partir daí, os interesses em comum foram evoluindo e a CECA passou a se chamar CE (Comunidade Europeia). Posteriormente, chamou-se CEE (Comunidade Econômica Europeia), até a assinatura do Tratado de Maastricht, em 1992, cunhando a expressão, União Europeia.

Representante italiano e vencedor da edição de 1990, Toto Cutugno, fez um ode à integração europeia na canção “Insieme: 1992”. Em tradução literal: “Juntos: 1992”

Junto a este processo de (re)construção da Europa, mais precisamente em 1954, com a fundação da EBU (European Broadcasting Union) – composta pelos países da BeNeLux (Bélgica, Luxemburgo e Holanda), mais Suíça, Itália, França e Alemanha Ocidental – surgiu a ideia, por parte dos italianos, de criar um festival musical televisionado, o qual foi primeiramente sediado em Lugano, na Suíça, durante a primavera de 1956. Nascia, desta forma, o Eurovision Song Contest, tendo como primeira vencedora Lys Assia, que interpretou a canção “Réfrain” representando o país sede.

O Eurovision Song Contest, inspirado no Festival de San Remo, da Itália, sob responsabilidade da EBU, é um dos programas de TV mais antigos em circulação, sendo anualmente transmitido para todo o continente europeu e também pela internet, e isso permite com que o Evento ganhe muitos fãs ao redor do mundo, principalmente na Austrália.

Antigo símbolo do Eurovision que ia ao ar na TV até 1993, antes do programa começar, acompanhado pelo hino eurovisivo “Te Deum”, o qual permanece até hoje em outras variações musicais. Existe uma semelhança com o símbolo da UE

O festival tem fama na mídia por ser o programa que lançou o grupo sueco ABBA, em 1974. Naquele ano, a banda interpretou uma de suas canções que hoje é muito querida pelos fãs: “Waterloo”. Já passaram também pelo Eurovision outros nomes bem conhecidos, como Celine Dion (1988), Olivia Newton-John (1974), t.A.T.u (2003), Katrina and the Waves (1997), Bonnie Tyler (2013), Julio Iglesias (1970), Azucar Moreno (1990), entre outros. Curiosamente, a canção “Nel Blu di Pinto di Blu” (a famosa “Volare”) fez sua primeira aparição no Eurovision de 1958 e posteriormente ganhou o mundo, mesmo ficando em 3º lugar. O grupo de sapateado irlandês Riverdance também começou a ganhar destaque após a sua apresentação no intervalo da edição de 1994, em Dublin.

A priori, a finalidade do Eurovision não era a de promover a integração regional vigente, mas sim as mídias, como o rádio e a TV. Neste sentido, o objetivo aparente era o entretenimento (O’CONNOR, 2010). No decorrer das décadas e com as mudanças que vem ocorrendo no cenário internacional globalizado, o Eurovision acompanhou estas modificações e, de certa forma, passou também à qualidade de cultural.

Contudo, exemplos não faltam de canções que levantam questões de identidade nacional, gêneros, crenças e etc.

A evolução recente da marca “Eurovision”. De 2004 aos dias atuais o festival também passou a ser tratado como a consolidação de uma marca em potencial, ganhando uma ID visual padrão

Dentre as muitas abordagens que se pode utilizar para analisar o Eurovision, o evento pode ser explicado sob o viés da teoria construtivista das Relações Internacionais. Esta corrente de reflexão social é uma contraposição às teorias positivistas tradicionais das ciências sociais, as quais acreditam que as ações dos agentes são determinadas pelo sistema internacional (estrutura), pois, de acordo com o pensamento tradicional, as relações sociais seguem uma lógica permanente e os agentes apenas desempenham um papel atribuído pela estrutura e, por isso, os elementos sociais são chamados de “atores”.

Por outro lado, de acordo com Nogueira e Messari (2005), o Construtivismo nas Relações Internacionais, com caráter pós-positivista, consiste na premissa de que a realidade é socialmente construída, ou seja, não há a crença na ontologia e, portanto, negam a existência de características imutáveis às relações entre os agentes. Sendo assim, o grande conceito da disciplina da RI, o Estado, é, na verdade, resultado dos mecanismos de interações sociais.

Deste modo, o comportamento do Estado acompanha o dinamismo social: identidades, ideias, religiões, cultura e etc. Ressalta-se ainda que a imprevisibilidade das ações sociais enfatiza o termo “construtivista”. Sendo assim, sociedade e Estado são agentes que se co-constroem (agente e estrutura), por variáveis sociais.


REFERÊNCIAS MENEZES, A. da M; PENNA, P. F. Integração Regional: os blocos econômicos nas relações internacionais. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006

NOGUEIRA, J.P.; MESSARI, N. Teoria das relações internacionais: correntes e debates. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005

O' CONNOR, J. K. The Eurovision Song Contest: The Official History. Great Britain: Carlton Books Publishing, 2nd ed., 2010



















 
 
 

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