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Massacre no Quênia


Na última semana, o mundo vivenciou um tremendo massacre na Universidade de Garissa no Quênia, que resultou na morte de mais de 148 pessoas, sendo a maioria estudantes. A autoria do atentado foi identificada pelo Al Shabaab, um grupo islâmico extremista oriundo da Somália, que já matou mais de 400 pessoas nos últimos dois anos em atentados no território queniano. A questão é: Por que a comunidade internacional vem assistindo tamanha utilização da violência desse grupo terrorista, e o mantém oculto?

A Somália, desde a sua independência, passa por diversas instabilidades políticas, marcada por longos anos de ditaduras. Foi nesta fragilidade institucional que um grupo político baseado na crença da sharia (lei islâmica) tornou-se protagonista. Este cenário de ampla vulnerabilidade serviu de base para a ascensão do grupo terrorita “Al Shabaab”, como suporte militar de caráter mais radical da União dos Tribunais Islâmicos.

Reparemos que ao longo de anos foi desenvolvida uma conjuntura ameaçadora à segurança, a liberdade e a todos os preceitos básicos da garantia da vida humana naquela região, mesmo que o uso da força seja utilizado em nome da justiça, igualdade e bem-estar.


Contudo, a ideia defendida por este grupo terrorista é de uma justiça limitada, uma “igualdade” imposta e um “bem-estar” certamente longe de ser alcançado, quando nos deparamos com mortes de inocentes e com o fortalecimento de uma seita fundamentalista, cujo propósito se situa na constituição de um movimento “pseudo-religioso”, pois o que o fundamentalismo (e não a Religião em si) defende, é a dominação e superioridade através de interpretações particulares que se faz acerca da Religião. Portanto, a utilização de justificativas religiosas que têm sido utilizadas pelo grupo terrorista é um instrumento de legitimação do uso ilegal da força.

Durante o auge das inúmeras violências do Al Shabaab nos anos de 2006 a 2007, a União Africana fez uma investida de forças, a fim de neutralizar os insurgentes. A participação do Quênia foi fundamental na coalisão por razões fronteiriças com a Somália. Acredita-se que o recente massacre de cristãos quenianos na Universidade de Garissa é uma resposta a intervenção militar queniana contra o grupo terrorista.

O atentado foi assustador, a preocupação é tremenda, mas aonde está a indignação daqueles que levantam “bandeiras” em defesa do direito à vida? O direito internacional se constitui no ensejo de zelo universal, de aspecto pluralista e não na ótica singular. É a partir de momentos como este que a África tem enfrentado, que podemos nos indagar acerca das razões da ausência de mobilidade internacional, exceto das declarações feitas pelo Papa Francisco, condenando o ato que, de forma, põe em risco a vida dos cristãos.

A comunidade internacional parece estar paralisada pelos acontecimentos de violência na África. Isto demonstra as diparidades de atenção, invisibilidade, ignorância e são expressões incapazes de defender o sentimento daqueles que tiveram suas vidas interrompidas por extremistas estimulados por um sistema que constrói inimigos para manter a sua soberania e dominação.

É certo que existem “dois mundos”, sendo o Norte aquele que cria, estipula, e dita as regras de conduta, e tem a capacidade de controlar tanto a sensibilidade, quanto a dor sentida, ou mesmo sobre qual perda é “insignificante”. O Sul, que há a anos vem lamentando, implorando, e cruelmente necessita de forte atenção quanto a sua permanência na miséria, nas guerras civis, nas ditaduras e agora estão nas mãos dos fundamentalistas islâmicos.

O massacre no Quênia é só um exemplo para que reflitamos o quanto as nossas práticas sociais se distanciam do universalismo e do cosmopolitismo e, de como o sistema internacional é moldado a partir das práticas discursivas .




REFERÊNCIAS

http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/40055/saiba+por+que+o+grupo+terrorista+al+shabaab+da+somalia+escolheu+o+vizinho+quenia+como+alvo.shtml

http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/quenia-busca-mais-ajuda-ocidental-apos-ataque-a-universidade

http://veja.abril.com.br/noticia/mundo/numero-de-mortos-em-ataque-terrorista-no-quenia-sobe-para-147/

http://mediaserver2.rr.pt/newrr/debatereligioso0804462794ba.mp3


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