O Pan-americanismo e as tentativas de integração regional
Pan-americanismo, em sua definição mais sucinta, significa cooperação entre as nações americanas. O termo surgiu como um movimento de solidariedade continental com o objetivo de manter a paz entre as Américas. Preservar a independência dos Estados americanos e estimular seu inter-relacionamento foram outros pontos a serem alcançados pela proposta pan-americana.
Pode-se dizer que foi uma doutrina estabelecida no século XIX, com a promoção do sentimento de independência, desenvolvido por líderes libertários, como Simão Bolívar. Até hoje ele é considerado um herói da América, pois dirigiu a luta pela independência da Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia e Equador e, mais tarde, auferiu unificar todas as Américas.
Em 1826, Bolívar reuniu um congresso no Panamá para tentar promover uma integração continental, que acabou fracassando por três motivos principais. O primeiro é que havia três importantes países latino-americanos ausentes (Brasil, Argentina e Chile), que não tinham interesse em apoiar os ideais republicanos e liberais propostos. Também houve uma forte oposição por parte da Inglaterra, devido a interesses comerciais, já que a integração americana era vista como uma ameaça ao projeto de hegemonia econômica que estava sendo implantado no continente. Ademais, havia certa resistência dos Estados Unidos que procuravam expandir-se pelas Antilhas e temiam a propagação de outros movimentos.
O Pan- americanismo, de cunho bolivariano não obteve êxito no que diz respeito a total unificação das Américas. A primeira Conferência Internacional Americana (1889-1890), que mais tarde foi chamada de Conferência Pan Americana, sediada em Washington, firmou a difusão do termo “pan-americanismo” e as intenções eram claras no sentido de apoiar políticas de incentivo à integração dos países americanos sob a hegemonia dos Estados Unidos da América. A integração requerida pelos Estados Unidos visava maximizar exportações de produtos norte-americanos para o resto do continente e tinha um forte intuito de superar as importações de produtos Europeus.
Durante o início do século XX, encontros regulares foram realizados. Neste sentido, é importante destacar as medidas e tratados acordados no decorrer dos encontros que aconteceram. Entre elas estão a II Conferência (1901), visando desenvolver projetos econômicos de grande envergadura em 1947, a Conferência Interamericana para Manutenção da Paz e Segurança no continente, onde o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR) teve sua base estabelecida.
No que atinge o Brasil que estava passando por transformações, devido à modernização capitalista e ascensão dos EUA no cenário internacional, uma mudança de rumo na política externa foi necessária, especialmente no que tangia uma aproximação com os Estados Unidos, para se firmar no cenário internacional, e a resolução dos conflitos fronteiriços com os países da América do sul.
Observa-se também a intensificação da cooperação regional. Os principais exemplos disso são a Associação Latino-Americana de Livre Comércio (1960) que, mais tarde, foi transformada na Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), visando a melhoria da economia e o desenvolvimento social da região. Já em 1985, um dos mais importantes Programas de Integração e Cooperação Econômica foi assinado pelo Brasil e Argentina, levando mais tarde em 1991, à criação do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) que tem como objetivo promover um mercado comum Brasil, Paraguai, Uruguai, e Argentina e Venezuela.
O Pan-americanismo – apesar de não ter seus ideais adotados de forma homogeneizada por todos os países da América – é bastante notável no ambiente latino-americano, invocando, de certa forma, o sonho bolivariano de unificação e desenvolvimento político e socioeconômico das nações americanas.
REFÊRENCIAS
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