A relação Brasil-Alemanha: A primeira cúpula bilateral
A política externa brasileira é caracterizada pela busca da autonomia, sendo parte de organizações e blocos de negociações, ampliando e diversificando suas parcerias. A base de interesse para os Estados, assim como para o Brasil, é o desenvolvimento econômico, sendo que as estratégias usadas para que se chegue a este desenvolvimento sofrem alterações com o passar do tempo.
Com o fim da Guerra Fria, o Sistema Internacional ficou marcado pela polarização entre Estados Unidos e Alemanha. Ademais, a estratégia utilizada pelo Brasil era de aproveitar este momento fazendo negociações com ambos os países. Hoje, as relações exteriores do Brasil são baseadas em pontos de interesses e objetivos comuns com seus parceiros, seguindo a ordem mundial. Por causa de seu desenvolvimento, o Brasil é o único país da América Latina que tem parceria estratégica com a Alemanha.
Em 2013, durante reunião no Chile, ficou acordado entre a presidente Dilma Rousseff e a chanceler Alemã Angela Merkel que, a partir de agosto de 2015 se reuniriam a cada dois anos, no mínimo, para consultas entre seus governos, caracterizando uma cúpula bilateral. Durante a reunião ocorrida neste ano em Brasília (20 de agosto), as representantes dos países, junto de suas respectivas comitivas de ministros, estabeleceram vários acordos, entre eles, ações conjuntas para diminuir os impactos ambientais. Diante disto, o Brasil deverá acabar com o desmatamento ilegal da Amazônia até 2030, além de outras ações como incentivos às parcerias empresariais, investimento em tecnologia e mobilidade. A Alemanha também investirá mais de € 500 milhões de euros no Brasil.
Brasil e Alemanha fazem parte do G4, ao lado de Japão e Índia. Estes países aproveitaram a oportunidade da reunião deste ano para reafirmar a importância de uma reforma, que já havia sido citada em várias outras reuniões do Grupo, no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Estes países reivindicam assentos permanentes, com poder de votos, além de ampliar o número de assentos rotatórios e defendem a ideia de que o Conselho deve ser mais efetivo no mundo multipolarizado.
O Brasil passa por uma de suas piores crises na política e na economia doméstica. Com o desequilíbrio nas contas públicas, o aumento desordenado dos impostos e da dívida social, o país acaba tendo descrédito no meio internacional, perdendo investidores e tendo suas ações em queda. Desta forma, estes acordos e parceria com a Alemanha, não poderiam vir em melhor hora.
A relação com a Alemanha é fundamental para o Brasil tanto na política quanto na e economia pois, além de ser um elo com a União Europeia, que é uma grande investidora mundial, ela mostra-se cada vez menos dependente dos Estados Unidos, o maior investidor no Brasil (levando em consideração a criação de 35.195 vagas de empregos e valores aplicados no país).
Portanto, a cúpula bilateral é de fundamental importância neste momento delicado pelo qual o Brasil vem passando. Isto mostra , em âmbito internacional, que continuamos caminhando em busca de autonomia e visibilidade, apesar da crise doméstica e dos inúmeros esforços que ainda devem ser feitos.
REFERÊNCIAS
BLOG PALÁCIO DO PLANALTO. Disponível em blog.planalto.gov.br Acesso em 25 de Agosto de 2015.
Rousseff e Merkel - Declaração conjunta à imprensa, www.youtube.com/watch?v=owg8zMN5H4E.
Informações Atuais: http://www.brasil.diplo.de/Vertretung/brasilien/pt/07__Aussenpolitik/Bilaterale__Beziehungen/Bilaterale__Beziehungen.html. Acesso em 25 de Agosto de 2015.
MACIEL, Natalia – Igual mas diferente: a Politica Externa Brasileira em Perspectiva Histórica e seus Desafios no Novo Contexto Global. Acesso em 25 de Agosto de 2015
Embaixadas e Consulados Gerais da Alemanha no Brasil: http://www.brasil.diplo.de/Vertretung/brasilien/pt/07__Aussenpolitik/Bilaterale__Beziehungen/Bilaterale__Beziehungen.html Acesso em 25 de Agosto de 2015