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A influência da queda da bolsa de valores chinesa no Sistema Internacional


O ano de 2008 ainda é amargamente lembrado no mundo das finanças. A economia global penosamente retomara o caminho do crescimento econômico após o estouro de uma bolha no mercado de créditos imobiliários nos Estados Unidos.


Por sete anos a China, confiantemente, veio puxando o crescimento mundial através de amplos incentivos estatais. Até que na última segunda-feira (24/08) uma queda na bolsa de Xangai impactou os principais mercados financeiros mundiais, gerando incertezas não só econômicas, mas em termos de poder também. O que nos abre boas possibilidades para debater sobre agentes, processos e teorias presentes no estudo das Relações Internacionais.



Neste sentido, a teórica Susan Strange é uma das bases contemporâneas para o estudo da Economia Política Internacional. Sua marca principal nesse universo foi uma abordagem acerca das formações e transformações das estruturas internacionais, bem como o poder estrutural que surge da interação cada vez mais complexa entre os diversos agentes das relações internacionais, como os Estados, as Organizações Internacionais, e as empresas transnacionais.¹


Uma crítica socioconstrutivista ao legado teórico de Strange, acrescenta que o entendimento compartilhado entre os diversos agentes acerca do conjunto de ideias e identidades vigentes são a base de todas as estruturas econômicas apresentadas pela autora (as financeiras, as produtivas, as de segurança, e as de bem-estar).


Neste sentido, pode-se acreditar que a China ainda possui um sinuoso caminho para chegar a exercer de fato algum tipo de poder hegemônico, pois o poder estrutural depende de que essas estruturas econômicas estejam suficientemente permeadas dos entendimentos e interesses chineses acerca delas.²


Na obra “O futuro do poder”, de Joseph Nye, o autor demonstra que no contexto do poder econômico um aspecto importante é a manipulação das assimetrias, ou seja, a constante tentativa de tornar os outros mais dependentes de você do que você deles. Isto é possível através de um manejo de instrumentos como sanções e recompensas, com a finalidade de reestruturar os mercados e melhorar posições relativas. É possível aplicarmos essa realidade à relação entre a potência hegemônica atual, os EUA, e sua mais próxima concorrente, a China.³



Por esta razão, o recente crash no sistema financeiro chinês reflete em partes a atual situação da economia real do país, que tem desacelerado seu ritmo de crescimento eufórico, principalmente pautado pela construção civil e obras de infraestrutura.


A saída de milhões de investidores individuais dos mercados financeiros chineses, indica que serão necessários negócios cada vez mais produtivos e inovadores, para atrair novamente essa massa poupadora e os créditos.


Da mesma forma, o consumo é um elemento presente quando há um certo nível de liberdade de decisões econômicas e garantias aos direitos de propriedade dos indivíduos. Isto dá margem para pensarmos em uma adaptação dos próximos governos chineses no sentido de ampliar reformas no atual regime interno.


A China sem dúvidas é um dos agentes dos últimos tempos que mais merece um olhar atento de quem se propõe a formar uma opinião sobre o que se passa no mundo. Principalmente no âmbito da economia e das finanças, o que me lembra um ditado dos americanos: “Put your money where your mouth is”, ou seja, se você acredita em algo, aposte para ver.


REFERÊNCIAS


¹,² SOUSA, Sarah-Lea John de. Cambios en el poder estructural y países emergentes: el papel de Brasil como actor internacional. Brasília. FUNAG, 2013


³ NYE, Joseph S. O futuro do poder. São Paulo. Editora Benvirá. 2012


17 pontos para entender o desabamento das bolsas da China. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/08/1673129-leia-perguntas-e-respostas-sobre-as-quedas-das-bolsas-chinesas.shtml> Acesso em 28 Ago. 2015.

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