A Crise entre Venezuela e Colômbia sob à ótica da Teoria Geopolítica Clássica e Teoria Construtivist
O presente texto irá analisar a crise entre os dois países sul-americanos com bases em conceitos geopolíticos, bem como da Teoria Construtivista das Relações Internacionais.
A crise entre Venezuela e Colômbia ganhou mais uma vez repercussão internacional em agosto de 2015. No dia 19 daquele mês, o então presidente venezuelano Nicolás Maduro, fechou e expulsou, com ajuda de paramilitares venezuelanos, mais de milhares de colombianos da fronteira da Venezuela, de acordo com dados da ONU, através da Coordenação de Assuntos Humanitário (OCHA).
Os civis da região de Táchira, na Colômbia, foram os mais atingidos, devido à ação dos militares, pois afetou significativamente o cotidiano dessas pessoas. Mas, os desentendimentos entre os dois países vão além da crise fronteiriça e, para isto, será abordado uma breve história desta relação.
Colômbia e Venezuela tiveram históricos culturais, políticos e posição geográfica alinhado, ideologicamente, por um líder em comum, Símon Bolívar, na época de suas declarações de independências. Mas tal relações foram paulatinamente abaladas entre 2002 e 2010, quando os presidentes daquela época, Hugo Chávez e Álvaro Uribe, apresentaram questões ideológicas divergentes.
Esta questão desencadeou várias consequências no setor diplomático, comercial e político dos dois países, atingindo até o Equador. Em 2009, o então presidente venezuelano, Hugo Chávez, rompeu relações com a Colômbia alegando o alinhamento ideológico com os Estados Unidos ao assinar um tratado de compartilhamento de bases militares colombianas e outro fato, que também ganhou destaque foi a proliferação de armas venezuelanas para as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o que abalou a relação bilateral.
O conceito Geopolítico onde, o geógrafo suíço Kjéllen (1905), com bases “Ratzelianas” (Ratzel, 1897) analisou o Estado como organismo vivo (nasce, cresce, se reproduz, adquire e/ou estagna/expande poder) e, através das teorias, serve como forma de influenciar o poder como uma política estratégica em um determinado território.
Isto serviu de base para a Geopolítica Clássica de teóricos como (Mahan, Haushoffer, Mackinder entre outros) que têm em comum a ênfase do poder militar de um Estado nas guerras e nos Estados potências. Há também a preocupação com “seu” estado e o fortalecimento do Estado, visão geoestratégica e o Estado como Sujeito através de ideias pragmáticas e estratégicas.
As ideias da Teoria Construtivista ganham destaque nesta análise, pois a questão está sendo fortemente discutida no cenário internacional. Emanuel Adler (1999) é um dos principais teóricos construtivista, o qual defende que o construtivismo é uma teoria que tende a complementar as análises das teorias positivistas, considerando elementos que estas não consideravam.
Já Wendt (1999) diz que vivemos sob as práticas discursivas dos Estados. Segundo o teórico, mesmo que o Estado não seja o único agente nas Relações Internacionais, ele influencia na sua dinâmica, pois o “mundo lá fora” é socialmente construído com valores e ideias, o que reflete no conceito de Estado.
A realidade é construída pelo conjunto de agentes envolvidos nela. A realidade é socialmente construída, a anarquia é socialmente construída, as questões geopolíticas são socialmente construídas. Acrescento ainda, que estes conceitos são fundamentados ontologicamente.
Ao analisar estes conceitos, identifica-se que Venezuela e Colômbia, têm seus papéis relevantes como agentes no Sistema Internacional e a centralidade de sua política interna reverbera na região latino-americana formando, assim, uma estrutura.
Em bases da Geopolítica, é válido destacar que os dois países estariam mostrando suas forças e usando estratégias para consolidação de seu poder. Isto influencia suas políticas, pois passam a ser voltadas para as suas fronteiras, seus territórios e suas populações, por questões de delimitação geográfica e questões de políticas internas.
No âmbito da Teoria Construtivista das Relações Internacionais, com um enfoque no estado, as personalidades dos líderes, um dos conceitos não materiais (normas, valores, ideias, crenças e o papel do líder) dos países sul-americanos, mostram como o perfil do líder influencia fortemente nas ações em que os estados/agentes adotam políticas de acordo com suas identidades, que por sua vez, definem seus interesses.
Enquanto as relações entre os agentes forem de caráter conflituoso, a estrutura será moldada por esses agentes – onde os interesses dos Estados são ideologicamente não-alinhados. Uma estrutura de conflito e a estrutura só irá mudar (dependendo do nível de conflito ou ausência de conflitos) quando os agentes moldarem uma nova estrutura.
Referências
MAFRA, Roberto M. de Oliveira. Geopolítica: introdução ao estudo. São Paulo: Sicurezza, 2006.
NOGUEIRA, JOAO PONTES; MESSARI, NIZAR. Teoria das relações internacionais: correntes e debates. São Paulo: Elsevier - Campus, 2005.
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Agência DW. Border closures spark crisis between Colombia and Venezuela. 30 de Agosto de 2015. Disponível em: < http://www.dw.com/en/border-closures-spark-crisis-between-colombia-and-venezuela/a-18681714>. Acesso em 13 de Setembro de 2015.