A Influência dos Filósofos Clássicos Para as Relações Internacionais
O estudo das Relações Internacionais é fundamentado nos diversos paradigmas teóricos de análises do Sistema Internacional, bem como e no conhecimento do mundo antigo e moderno, os quais facilitam a compreensão da natureza e funcionamento de um ator ou determinado fato. No início do século XX, os teóricos clássicos realistas foram incorporados à sistematização da disciplina de Relações Internacionais e posteriormente, foi considerada sua teoria fundadora.
Os pensamentos dos filósofos clássicos nortearam a construção de conceitos utilizados na disciplina e configurou a formação das teorias contemporâneas. Fatos e análises como a Origem das Guerras Médicas (livro das Histórias de Heródoto), História da Guerra do Peloponeso (Tucídides), História de Roma (Tito Lívio) entre outros, foram fundamentais para a composição do saber dos cientistas internacionais.
Nicolau Maquiavel, Thomas Hobbes, Tucídides, entre outros filósofos, discorreram sobre a natureza humana, e posteriormente Hans J. Morgenthau utilizou deste conceito em seu livro Política Entre As Nações (1948) e o aprofundou sistematizando o paradigma realista, no entendimento de que as relações entre os Estados têm raízes na natureza humana. Este é um exemplo da base proporcionada por filósofos clássicos para que os pensadores posteriores a eles pudessem entender e aprofundar o estudo científico.
Suas teorias não são invalidadas por serem antigas, ou pelo fato, de estes filósofos não serem internacionalistas. Pelo contrário, os filósofos clássicos realistas tinham como foco de análise as relações internas de um único Estado. Contudo, para que seus estudos sejam aplicados ao Sistema Internacional, é necessário apenas ampliar a visão análitica da esfera interna para a externa, somando-se à relação existente entre eles.
Idealistas como Abade Saint Pierre (1658-1743) buscavam formas de evitar guerras, encontrando maneiras de manter a paz, por isso, Abade foi o primeiro a falar sobre a integração de países europeus, com fins de cooperação. Anos mais tarde, a formulação e criação da Organização das Nações Unidas (ONU) seriam baseadas nas premissas dos filósofos idealistas e tendo como objetivo manter a paz e a segurança mundial, além de garantir os Direitos Humanos.
Embora suas teorias sejam insuficientes para uma análise mais profunda do Sistema Internacional contemporâneo, é notória a influência dos filófosos clássicos para o estudo das Relações Internacionais. Para compreender as teorias contemporâneas, precisa-se ter a base do conhecimento que foi formado pelos filósofos clássicos. A exemplo disto, podemos identificar a Teoria Crítica de Relações Internacionais, a qual é intimamente influenciada por filósofos como Karl Marx e Immanuel Kant e, para entendê-la, é necessário estudar os pressupostos destes pensadores.
Portanto, é insignificante tentar enfraquecer o discurso destes estudiosos, pois é profundamente enriquecedor mantê-los como bases do aprendizado das análises de Relações Internacionais, usando-os como parâmetros para que não se use de maniqueísmo na construção de conhecimento e análises, e sim, abrançando uma visão cada vez mais ampla sobre as Relações Internacionais.
REFERÊNCIAS
CASTRO, Thalles – Teoria das Relações Internacionais, 2012. Disponível em: <http://funag.gov.br/loja/download/931-Teoria_das_Relacoes_Internacionais.pdf> Acesso em: 11 de nov. de 2015.
OLIVEIRA, Marcelo. GERALDELLO, Camilla. – Brazilian Journal of International Relations. Maquiavel, os Realistas e Política Internacional. Disponível em: <http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/bjir/article/view/3200/2509> Acesso em: 11 de nov. de 2015.