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Retrospectiva 2015

O reaparecimento do Terrorismo Internacional


O terrorismo internacional, que começa em 2001 com os atentados de 11 de setembro nos EUA, mostra uma dinâmica nova, de grupos capazes de mexer com potências, países e Estados que, de alguma forma, transformam o modo de agir no Sistema Internacional.


Foi o caso do ano de 2015, em especial com o fortalecimento do Estado Islâmico, conhecido como ISIS. Este não é um Estado propriamente dito, mas um conjunto de pessoas, de atores internacionais que acreditam que a única saída seja o radicalismo islâmico. Não há um terrorismo religioso como costumam dizer, mas um terrorismo com base no fundamentalismo religioso, uma leitura fundamentalista do alcorão, a qual os levam a cometer atrocidades. Os atentados em Paris mostraram claramente, que é um terrorismo diferenciado, na qual há a utilização das redes sociais, da cibercultura, para aplicar e praticar seus atos de violência. Neste sentido, o terrorismo é a marca deste ano, com sendo um terrorismo mais sofisticado, porque de alguma forma, alcança pessoas em várias partes do mundo.


Não pode-se esquecer também do Boko Haram, na África, pois é um terrorismo ainda mais exacerbado, em termos de violência, justamente porque atacam mulheres, crianças, etc. e pouco se fala nisto. Esse é o grande problema, se falou muito do Estado Islâmico em 2015, mas pouco do Boko Haram, que praticou atentados ainda mais violentos para o direitos humanos.


Os refugiados Sírios


Outro ponto que marcou 2015, com certeza foi a massa de pessoas provenientes da Síria, que é considerado um Estado desorganizado, quase falido, exatamente por viver uma guerra civil que se arrasta por muito tempo.


Toda a situação na Síria tem como relevância maior o domínio do Estado Islâmico, mas também de Bashar Al Assad, e de outros grupos que fazem com que populações de jovens, crianças, adultos e idosos corram para aqueles países que tenham maior capacidade para recebe-los, como a União Europeia. O mediterrâneo e a fronteira leste da Europa transformaram-se em lugares privilegiados de entrada desses refugiados. Assim, o mar mediterrâneo se transformou em um cemitério, no qual vimos muitos barcos naufragando ao longo deste ano, deixando a deriva inúmeras pessoas mortas ao mar.


A crise de refugiados levou alguns países europeus a fecharem suas fronteiras, como a Hungria, que não aceitava muçulmanos. O local em que isto ficou mais claro, foi na Alemanha, um estado nacional que sustenta economicamente a União Europeia, se viu invadida pelos refugiados sírios. O mais interessante nesta questão é que os sírios não vieram para ficar, se pudessem iriam voltar para sua terra. E isto é uma coisa muito séria, pois é extremamente difícil tratar dessa questão diplomaticamente.


A situação do MERCOSUL frente ao Tratado Transpacífico


O TTP foi recentemente assinado pelos EUA e várias nações do Pacífico. O Brasil ficou de fora, e por isso temos uma situação bem complicada, pois percebe-se que de alguma forma as grandes alianças estão sendo feitas por EUA e China e, assim, o Brasil e o MERCOSUL ficaram sem saber aonde ir, então as grandes perspectivas são que o MERCOSUL se transformará, de fato, em uma aliança de países de grande relevância que colaboram juntos ou eles correm o risco de se esfacelar por não terem perspectivas conjuntas.


Meio Ambiente


Estamos encerrando 2015 com a COP21 em Paris, que se reveste de uma importância muito grande, porque o histórico das COP’s, não é um histórico de bons resultados. Isto pode ser lembrado face ao Protocolo de Kyoto que se tornou um grande fracasso, pois as grandes potências não se comprometeram com o acordo e até mesmo as nações que haviam se comprometido, em financiar o combate ao desmatamento e não tiveram prosseguimentos.


A COP21 se transformou em um grande evento em 2015 sobre a questão ambiental, porque as esperanças voltaram e, se percebe que as mudanças climáticas estão cada vez mais fortes, e estão sendo mais sentidas pelas populações mais pobres.


A retrospectiva de hoje olha para a COP21 como uma questão muito séria, a qual é o futuro da humanidade. Então se as grandes potências industrializadas, altos produtores de gases poluentes que estão querendo se comprometer, mas um comprometimento que não é certeza de ser efetivado. Por outro lado, o Brasil e outros países que tentam mostrar que é possível um desenvolvimento sustentável, mas que de alguma forma também querem crescer, dai vem o dilema, como crescer de forma sustentável.


Crise Financeira


Em relação a crise financeira no Brasil, sob aspectos internacionais, pode-se a preponderância de um mercado de capital especulativo sobre o mercado de bem de economia real. Ou seja, percebe-se que hoje as transações comerciais se jogam muito mais em ganhar dinheiro pela especulação do que por promover um desenvolvimento de bens e produtos que geram empregos e que geram a diminuição da inflação, etc.


Nós estamos em um grande desafio, o Sistema Internacional está em uma grande crise, a crise do euro, por exemplo, se espalhou tanto para a América Latina quanto para a China, na qual o Brasil sentiu muito, seja pela falta de planejamento e desenvolvimento, seja porque continuamos a nossa tradição de sermos exportadores primários.


Reaproximação de Cuba e EUA


Não poderíamos terminar esta retrospectiva sem apontar este acontecimento de grande relevância para as relações internacionais.


Após muito tempo de relações rompidas, os EUA retomam suas relações com Cuba. O Papa Francisco teve um papel muito importante nesse sentido, pois foi ele quem tentou reaproximar cuba e EUA, e tal aproximação é de fato relevante para nós internacionalistas, pois mostra a importância do diálogo e da negociação, pois sempre há possibilidade de superar os conflitos pela via da diplomacia.


Em um mundo marcado pela fome, sofrimento, de tantos conflitos, nós acreditarmos que é possível um mundo onde, através do diálogo, podemos superar problemas. 2015 foi um ano muito difícil, mas fechamos com a esperança de superar conflitos sem recorrer às armas. *Professor Mário Tito Almeida possui Mestrado em Economia pela Universidade da Amazônia (2008) e é Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais para o Doutorado Interinstitucional DINTER da Universidade de Brasília com a Universidade Federal do Pará. Atualmente é diretor do Centro de Ciências Humanas e Sociais (CCHS), coordenador e docente do curso de Relações Internacionais, assessor de Relações Internacionais da Universidade da Amazônia.

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