Semana Mundial Da Harmonia Inter-Religiosa
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A onda de terrorismo a partir do atentado de 11 de setembro de 2001, em muito contribuiu para a criação de um imaginário da religião como extremista e fundamentalista nos tempos hodiernos. O avanço de pensamentos liberais em relação a direitos individuais e o crescimento do Índice de Desenvolvimento Humano em muitos países propiciou o aumento do número de ateus, agnósticos e, por outro lado, o secularismo adentrou de vez o espaço privado da sociedade, levando muitas vezes a conflitos sociais.
A fé e a espiritualidade são elementos presentes e desenvolvidos em todas as culturas humanas, desde os princípios, e são consideradas fundamentais para a sociedade. Ademais, o direito a esta fé é assegurada por diversas constituições nacionais, bem como pela Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Entretanto, ademais da Tolerância Religiosa, a ONU tem chamado a atenção para outro tema relacionado à questão: a harmonia inter-religiosa. Pois se tem em muitas regiões – não sendo um fenômeno novo – casos de conflitos entre religiões, os quais podem chegar a consequências extremas e violentas.
O conflito inter-religioso muitas vezes é gerado por conflitos de mensagens. Tanto entre religiões quanto num âmbito interno. Como exemplo têm-se as vertentes do Cristianismo (Catolicismo e Protestantismo); do Islamismo (Xiismo, Sunismo e outros); e, do Judaísmo (Ortodoxo, Conservador, Reformista e Reconstrucionista).
Significa dizer, então, que temos no século XXI um cenário em que os Direitos Humanos e as liberdades individuais asseguram o culto e a crença para toda a sociedade, mas esse direito é, muitas vezes, interpretado como a possibilidade de atacar uma crença que desrespeite o meu pensamento ou, ainda, que a defesa da minha crença pode significar a própria negação da religiosidade do outro.
Esse conflito pode ser entendido como uma reação ao reconhecimento da possibilidade do outro existir e ser diferente como uma ameaça ao meu próprio ser. Do medo pode surgir a defesa em modo de ataque.
A ONU celebra todos os anos entre os dias 1 e 7 de fevereiro a Semana Mundial da Harmonia Inter-religiosa, a qual tem como objetivo diminuir posicionamentos extremistas e celebrar a moderação no tocante à fé.
Em 2013, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, fez um pedido aos líderes religiosos que falassem a língua da tolerância e do respeito. Chamando atenção para os jovens e a vulnerabilidade que muitos enfrentam por conta da falta de esperança, pobreza, desemprego e baixa qualidade de vida, ficando suscetíveis ao aliciamento de grupos extremistas, como se têm notado no perfil dos jovens que buscam grupos terroristas como o Boko Haram e o Estado Islâmico.
A fala do secretário-geral evoca à famosa declaração do estadista mexicano Benito Juárez, o qual proferiu – com inspiração nos princípios defendidos por Immanuel Kant – que “o respeito ao direito alheio é a paz”. Aceitar o próximo não significa concordar com ele, mas respeitá-lo.
Em tempos de crises e novos desafios que vivemos no âmbito internacional, a fé, direito de todo ser humano, assim como os demais direitos fundamentais deve ser defendida no seu amplo aspecto, por aqueles que acreditam e pelos que não acreditam, para que assim as religiões possam conduzir a humanidade – ainda que com vozes diferentes – para o mesmo caminho: a paz.
REFERÊNCIAS
ONU. Semana Mundial da Harmonia Inter-religiosa. Disponível em: <http://unicrio.org.br/semana-mundial-da-harmonia-inter-religiosa-01-de-fevereiro-de-2013/ > Acesso em: 29 de Nov. 2016.
ZILLES, Urbano. Religiões, crenças e crendices. Porto Alegre: Edipucrs, 2012.
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