Perspectivas para as eleições da Bolívia
Após a derrota do atual presidente da Bolívia, Evo Morales, no referendo realizado no dia 21 de fevereiro de 2016, o qual objetivava uma reforma constitucional para ampliar de dois para três mandatos consecutivos com o intuito de tornar legítima a sua candidatura nas eleições de 2019, é notório observar que, de acordo com a hodierna conjuntura política exercida pelos estados latino-americanos, a ascensão de uma nova sociedade capaz de demandar mais do seus respectivos governos, estruturadas em bases políticas mais democráticas, estão mudando a então concepção de governos de esquerda que predominam (ou predominavam), o jogo político exercido na América do Sul.
Segundo pesquisas populares realizadas na Bolívia, o governo de Evo Morales, que exerce seu terceiro mandato como presidente do Estado Plurinacional da Bolívia desde 2006, possui boa avaliação popular. Com isto, apesar das diversas dificuldades sociais, econômicas e políticas que moldam a realidade vivida pela população diariamente, o governo de Morales é tido como o responsável por trazer uma maior estabilidade aos indicadores econômicos e sociais do país após governos anteriores.
Neste sentido, de acordo com as últimas pesquisas de opinião realizadas no mês de fevereiro, cerca de 60% da população boliviana aprova o governo exercido por Evo Morales. Contudo, diante da alta taxa de aceitação popular, é válido se questionar do porquê da derrota do presidente na tentativa de promover uma reforma constitucional com o intuito de concorrer novamente as eleições de 2019.
A resposta para tal questionamento se encontra no surgimento da nova sociedade citada anteriormente. Isto porque, segundo Marta Lagos, diretora executiva do Latinobarômetro, verifica-se a demanda popular “de mais e melhor governo e mais democracia” e o fim da corrupção, fator este que influenciou a tomada de decisão dos eleitores bolivianos após denúncias de corrupção dentro do principal partido político, no qual Morales faz parte, o MAS (Movimento ao Socialismo).
Diante da situação, as perspectivas para as próximas eleições bolivianas em 2019 foram redefinidas, com a impossibilidade de prolongamento do governo de Evo Morales. Isto leva a mudanças no cenário político boliviano, onde novos partidos de direita se expandem buscando maior autonomia dentro da assembleia legislativa que é predominantemente dominada por membros do partido de esquerda, MAS.
Para futuras reflexões, pode-se propor que as mudanças políticas no governo boliviano, proporcionadas pela derrota de Evo Morales no referendo popular, terão consequências significativas tento em âmbito doméstico quando internacional. Seja, na ascensão da representatividade política de direita ou a permanência do Movimento ao Socialismo de esquerda, o que não se deve desconsiderar é a influência da população cada vez mais assídua em reclamar seus direitos independente do partido que assuma o poder. Ademais, estas mudanças estruturais no país refletem diretamente nas relações do país com os demais.
Referências
El País. Marta Lagos: “Não se trata de esquerda e direita, as pessoas vão contra as elites”. Disponível em: <http://brasil.elpais.com/brasil/2016/02/27/internacional/1456609066_842920.html>. Acesso em: 02 de fevereiro de 2016.
FORNILO, Bruno. Bolívia: o tempo das coisas pequenas. Disponível em: <http://www.vermelho.org.br/noticia/276921-7>. Acesso em: 02 de Fevereiro de 2016.
El País. Oposição boliviana ganha espaços importantes nas eleições regionais. Disponível em: <http://brasil.elpais.com/brasil/2015/03/30/internacional/1427673912_141810.html>. Acesso em: 02 de fevereiro de 2016.
CUÉ, Carlos E. América Latina vive o fim da era dourada da esquerda no poder. Disponível em: <http://brasil.elpais.com/brasil/2016/02/27/internacional/1456608633_490106.html>. Acesso em: 02 de fevereiro de 2016.