Dia Internacional das Mulheres
A primeira conferência internacional sobre a mulher ocorreu em 1910 em Copenhague, promulgada pela Internacional Socialista da América, mas só foi reconhecido pela ONU em 1975, que declarou o dia 8 de março o dia internacional da mulher, na intenção de nos fazer lembrar e refletir as conquistas politicas, sociais e econômicas das mulheres. Percebe-se que o seu sentido originário foi transformado meramente em uma data comercial. Então, vale a pena trazer à tona o real sentido desse dia, que foi marcado por lutas e conquistas de nossas antepassadas, para que hoje pudéssemos gozar de direitos básicos, não apenas por sermos mulheres, mas por sermos humanas. As lutas e os desafios femininos ainda fazem parte da construção de uma sociedade que visa superar o preconceito e o machismo de quem almeja o conservadorismo politico, social e principalmente cultural, que de certa forma torna-se um muro para atingir a igualdade de direitos. A história nos permite analisar que culturalmente a mulher foi por muito tempo submissa ao homem, não poderia trabalhar, estudar, sair sozinha, não tinha os direitos sobre o seu corpo, não podia votar, ou seja, não tinha governança sobre si, além de que não havia nenhuma lei em favor da proteção das mulheres. A situação teve algumas mudanças com o surgimento das Indústrias na Inglaterra, diante disto, viu-se que era necessárias mais mãos de obras para a produção de bens e serviços nas indústrias, e então, foi permitido que mulheres e crianças pudessem trabalhar, porém as condições de trabalho eram péssimas e os salários bem inferiores aos dos homens, as jornadas de trabalho de mais de 15 horas, sem contar com as tarefas domésticas, filhos e marido para cuidar. No Brasil, tardiamente foi à conquista das mulheres para estudar, voltar e trabalhar, o Brasil em 1827 as mulheres obtiveram permissão para estudar e em 24 de fevereiro de 1932 puderam votar, mas ainda sim eram mal vistas pela sociedade machista e conservadora. Para adquirirem esses direitos, houve mulheres que ousaram desafiar as ordens impostas a elas, muitos a chamam de feministas. No ano de 1911, em Nova York, 129 mulheres foram trancadas e queimadas vivas na fabrica de Triangle Shirtwaist, por reivindicarem melhores condições de trabalho e salários mais altos. Após o ocorrido, inúmeras manifestações ocorreram e o feminismo tornou-se mais aflorado, mas o que exatamente significa esse termo e qual a importância da discussão de gênero?
O feminismo filosófico é a teoria que busca investigar a fundamentação da ausência das mulheres diante da estrutura social e da produção de conhecimento. Surgiu com a filósofa Mary Wollstonecraft, que dedicou sua vida escrevendo críticas sobre o sexismo dos filósofos homens. Nas Relações Internacionais a temática tornou-se reconhecida a partir de 1993 na Conferência dos Direitos Humanos, quando foi reconhecido os direitos humanos das mulheres. Segundo a filósofa feminista Marcia Tiburi:
É muito fácil falar que o feminismo é ultrapassado. As pessoas adoram falar isso porque adoram odiar o feminismo, porque ele é revolucionário. Todos os conservadores vão odiar o feminismo. Ele é para aquelas pessoas que gostam de transformações sociais, de mudanças.
Nas Relações Internacionais o feminismo situa-se no debate pós-moderno, o qual critica os conceitos de modernidade, vistos como uma construção masculina, em que a divisão do espaço público/privado há uma exclusão da mulher pelos seguintes motivos:
A mulher é então caracterizada pelo cuidado, cooperação e emoção, e na dualidade racional/irracional, é considerada irracional, portanto excluída da autoridade do conhecimento. O debate dos positivistas pressupõe a neutralidade do Estado, e em vista disto mascara a desigualdade de gênero.
A teoria Feminista das RI, averigua a desigualdade de gênero nos debates acadêmicos, não levando em consideração a importância do sexo feminino na construção e legitimação dos estados. Os movimentos feministas conquistaram em convenções internacionais a inserção do debate acerca da opressão, violência, poder de decisão, conflitos armados e as particularidades femininas. A inserção desses temas em debates é justamente para chamar a atenção dos principais atores do sistema internacional, o Estado e as Instituições, em se atentar para as especificidades das mulheres. Devido à pertinência no assunto, em 2010 foi criada a ONU Mulheres que trata de assuntos específicos para o sexo feminino, além da inclusão nas metas das Agendas do Milênio a igualdade de gênero e a preocupação com a saúde feminina. Essas ações refletem as conquistas das feministas que lutaram bravamente por seus direitos e por tal motivo esse dia é tão especial para todas as mulheres que batalham diariamente objetivando superar a intolerância e mostrar a sua importância na construção de uma sociedade melhor.
Feliz dia Internacional das Mulheres!
Referências:
AVERBUCK, Clara. Feminismo para Leigos. Disponível em: <http://www.cartacapital.com.br/blogs/feminismo-pra-que/feminismo-para-leigos-3523.html>. Acesso em: 04 de março de 2016.
Portal EBC. Feminismo é "odiado" por ser revolucionário. Disponível em: <http://www.ebc.com.br/cidadania/2015/10/marcia-tiburi-mulheres-nao-sabem-o-quanto-devem-ao-feminismo>. Acesso em: 04 de março de 2016.
TIBURI, Marcia. O que é feminismo?. Disponível em: <http://revistacult.uol.com.br/home/2015/03/o-que-e-feminismo/>. Acesso em: 02 de março de 2016.
TICKNER, J. Ann. ‘You Just Don’t Understand: Troubled Engagements between Feminists and IR Theorists”. International Studies Quarterly, 41, n°4, dec-1997. (P. 614)
Mundo das Tribos. Como surgiu o dia internacional das mulheres-História. Disponível em: <http://www.mundodastribos.com/como-surgiu-o-dia-internacional-da-mulher-historia.html>. Acesso em: 08 de março de 2016.