Resenha: A Onda

Lançamento: 13 de março de 2008 (Alemanha) / 21 de agosto de 2009 (Brasil).

Direção: Dennis Gansel

Elenco: Jürgen Vogel, Frederick Lau, Max

Riemelt, Jennifer Ulrich

Gênero: Drama/Suspense

Nacionalidade: Alemanha

A Onda é originalmente um filme de 1981 e, em 2008 ganhou um remake. Esta resenha tratará da versão mais recente, dirigida por Dennis Gansel, com roteiro também dele em parceria com Peter Thorwarth e Ron Jones. O enredo, baseado no livro homônimo, escrito por Aviva Keini, sob o pseudônimo de Morthon Rhue – nas edições mais novas é substituído por “Todd Strasser” – foi inspirado em uma história real, que aconteceu em uma escola de ensino médio na cidade de Palo Alto, na Califórnia. Na época, Ron Jones era professor nessa mesma escola. A figura de Ron Jones inspirou o livro e, consequentemente, o longa-metragem. O filme retrata a vida de Rainer Wenger, um excêntrico professor de história e de educação física, em uma escola de ensino médio na Alemanha contemporânea. A narrativa é linear, se desenvolve em uma semana, justamente na semana em que a escola realiza os seus Cursos Extraclasse, onde os alunos poderiam escolher entre os temas de “autocracia” e “anarquia”. Rainer, ao descobrir que daria as aulas sobre autocracia, vai até ao professor que daria as aulas de anarquia e pede para trocar de tema com ele, pois anarquia era sua especialidade. O professor não cede e o protagonista se vê obrigado a ministrar as aulas.

No começo do filme, é mostrado um diálogo entre dois estudantes da tal escola em uma festa. Um deles afirma que a geração a que pertencem não tem uma causa maior para lutar, que aproveitar a vida era o objetivo maior. Essa ideia de “luta de uma geração” é retomada indiretamente em um debate entre os alunos logo no começo das aulas de autocracia de Rainer: “Seria possível uma nova ditadura na Alemanha, mesmo muito tempo depois do III Reich?”.

Os alunos não acreditam na hipótese, pois, segundo eles, tudo que o III Reich fez no passado não representa mais a filosofia da sociedade alemã de hoje. Atualmente, a sociedade alemã é conhecida por ser uma das mais cosmopolitas da Europa e os jovens que compõem a turma de Rainer nasceram e cresceram neste cenário, daí suas dúvidas.

O professor, empolgado com o debate acalorado que sua hipótese gerou, resolve fazer um experimento pedagógico na turma: Criar, aos poucos, uma espécie de “mini ditadura” na sala. Com o método, Rainer queria mostrar de um modo diferente que para um regime totalitário se instalar, não existem antecedentes históricos, que este pode surgir em qualquer circunstância, mas que ainda assim existem algumas condições para que ele apareça mais facilmente.

A Onda é um filme low-budget e independente, e por não ter o status de uma superprodução cinematográfica e não ter sido produzido e distribuído por grandes estúdios, foi veiculado por estúdios mais obscuros. Outro fator que ajuda o filme a ter o status de independente é ter sido apresentado no Festival de Sundance, em Utah (EUA), reduto dos “indie movies” desde 1978. O “Sundance Institute” busca apoiar produções independentes.

De um modo geral, o filme é um “must-see” para estudantes e profissionais de RI, e interessados em história e outras ciências sociais, pois, da mesma forma que a formação do internacionalista, o filme passa por questões bem transversais, a como, por exemplo, a forma como uma ditadura se desenvolve, o poder de influência de um líder, métodos ortodoxos x métodos inovadores de didática. Afinal, “um aluno, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo” e, o mundo, é o objeto de estudo do internacionalista. Além de muitos outros debates que também podem ser trazidos para a academia, tais como “A Lógica do Conflito” visto em Georg Simmel e a “Banalidade do Mal” de Hannah Arendt.