Tensões entre Espanha e Venezuela e a retirada da embaixada espanhola de Caracas
Desde a independência da América Espanhola (1811-1833), existem tensões entre Espanha e Venezuela, muito disto se devo ao fato do Criollo Venezuelano, Simón Bolivar, ser referencial para Hugo Chávez em seu governo socialista, que teve início em fevereiro 1999. Isto feriu o orgulho nacionalista espanhol, por parte de certos movimentos como o Hispanismo, o qual busca integração e até reunificação da América Latina ao reino espanhol. Tal descontentamento, pode ser visto durante um dos acontecimentos mais importantes das Relações Internacionais da última década, quando o antigo rei espanhol Juan Carlos, pronunciou a frase “¿Porque no te callas?”, para o Presidente Venezuelano Hugo Chávez, durante a XVII cúpula Ibero americana. Tais tensões se agravaram mais ainda depois da morte de Chávez. E, com a ascensão de Nicolás Maduro ao poder, em 19 de abril de 2013, a primeira tensão ocorreu, após o primeiro-ministro Mariano Rajoy ter declarado apoio ao dirigente opositor ao governo Bolivariano, Leopoldo López. Este foi acusado de instigação pública, formação de quadrilha, danos à propriedade e incêndio. Em resposta às descobertas, Maduro convocou seu embaixador em Madri “como parte do processo de revisão integral das relações diplomáticas com o Reino da Espanha, como consequência das declarações intervencionistas do Chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy”, em 29 de outubro de 2014. A primeira vez que o governo de Rajoy convocou seu embaixador em Caracas, foi em 22 de abril de 2015, devido a acusações de Maduro para com o chefe de estado espanhol, no qual alega que o governante Espanhol pertencer a “um grupo de bandidos, corruptos e ladrões”, por apoiar “os terroristas da Venezuela” e de estar por trás “da conspiração e tentar derrubar o Governo democrático e legítimo” de seu país. O último episódio da diplomacia Hispano-venezuelana, se deu no dia 8 de abril deste ano, devido novamente a acusações do Presidente Venezuelano ao Primeiro ministro espanhol. Causando dano ainda maior à relação entre os dois Estados. As questões entre os dois países vão além do atual conflito, pois são produtos de fatores históricos e culturais, ao ponto de atingir o nacionalismo de ambos os países, sem falar das diferenças políticas entre um Estado Socialista e um Liberal. À luz da teoria multipolar de Relações Internacionais, de Alexandr Dugin, cujo conceito afirma que sua dimensão fundamental é um polílogo livre de sociedades, povos e culturas. Esta teoria supõe a abertura de termos, conceitos, noções, a pluralidade de fatores, a complexidade e “polissemanticismo” de afirmações. Não tolerância, mas cooperação e entendimento mútuo. Nesse caso da tensão entre Espanha e Venezuela, a Teoria do Mundo Multipolar pode ser muito bem aplicada, pois ela prega que a tolerância não é o fim, mas o começo, o ponto de partida, a limpeza do espaço básico para a futura ordem mundial. Por fim, para que isto ocorra, de fato, ambos os Estados devem estar dispostos a resolver as diferenças de maneira cooperativa e mutuamente benéfica.
REFERÊNCIAS
MEZA, Alfredo. ONU exige libertação imediata do opositor Leopoldo López. Disponível em: <http://brasil.elpais.com/brasil/2014/10/20/internacional/1413826963_166304.html> Acesso em: 22 de abr. 2016.
SANTOS, Boaventura de Sousa. ¿Porqué no te callas? Disponível em: <http://cartamaior.com.br/?/Coluna/%BFPorque-no-te-callas-/19455> Acesso em: 22 de abr. 2016.
GONZÁLEZ, Miguel. Governo espanhol chama para consultas seu embaixador em Caracas. Disponível em: <http://brasil.elpais.com/brasil/2015/04/22/internacional/1429690695_111460.html> Acesso em: 22 de abr. 2016.
GONZÁLEZ, Miguel. Espanha retira seu embaixador em Caracas pelos insultos de Maduro. Disponível em: <http://brasil.elpais.com/brasil/2016/04/08/internacional/1460110204_716402.html> Acesso em: 22 de abr. 2016.
DUGIN, ALEXANDR. Teoria do Mundo Multipolar. Moscou: IAEG, 2012, 146 p.