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Estados Unidos frente à China: atacar ou cooperar?



A pergunta que norteia este artigo tem sido feita pelos analistas de política exterior dos Estados Unidos nos últimos anos, pois ao discutir sobre como o cenário internacional se desenhará no século XXI, o vocábulo China está presente massivamente. O papel que o país asiático desempenha nos campos econômico, tecnológico, cultural, dentre outros, atiça o questionamento acerca de qual posicionamento o governo norte-americano deveria assumir frente a esta ascensão asiática.


Em uma visão maniqueísta, as respostas podem estar em volta dos termos atacar e cooperar. Atrelando tais termos às teorias positivistas de Relações Internacionais, o neorrealista John Mearsheimer (2010) afirma em sua teoria, de cunho ofensivo, que uma potência hegemônica como os Estados Unidos precisaria “apenas impedir o surgimento de um competidor, isto é, de algum outro hegêmona em alguma outra região relevante (...)” (DINIZ apud DALL’AGNOL, 2015).


Esse pensamento, segundo Mearsheimer, se dá pelo fato de que paira sobre o Sistema Internacional cinco estados de ação: o estado de anarquia; o estado que beneficia potências militares; o estado da incerteza; da sobrevivência e da racionalidade. A China, a partir de seu crescimento em setores como a economia, a indústria e a infraestrutura, ameaça as redes de ligações que os Estados Unidos possuem ao redor do mundo. E, é a partir da incerteza acerca dos próximos passos do Estado chinês, que se vê o comportamento agressivo como “natural”.


Assim sendo, atacar seria a opção correta a ser escolhida pelos EUA. Para Mearsheimer (2010), esse ataque aconteceria a partir de mecanismos denominados balancing e buck-passing. O primeiro, diz respeito à construção de alianças com outros Estados, realizadas pelo Estado “ameaçado”, com o intuito de neutralizar a abrangência de uma potência hegemônica regional. O segundo representa a transferência da responsabilidade de neutralizar essa abrangência a outro Estado.


Analisando o assunto sob à ótica neoliberal a resposta mais adequada será a de cooperar. Joseph Nye e Robert Keohane, na obra Power and Interdependece, (1987) afirmam que a política mundial deve ser pensada diferentemente da ótica neorrealista, levando em consideração a era da interdependência na qual o mundo se encontra.


No caso China - Estados Unidos, embora o país asiático apresente-se como um forte competidor pela hegemonia econômica, variáveis que transcendem arrecadações e fluxos de capitais ainda colocam a nação norte-americana em um estado de primazia. É a partir desta interpretação que a prática da cooperação se insere.


Pesquisas que buscam o desenvolvimento tecnológico são consideradas um excelente indicativo de desenvolvimento de uma nação. É inegável o domínio norte-americano nos campos de ciência e tecnologia, agregando alto valor ao soft power dos estadunidenses, tendo em vista que a difusão de tais conhecimentos aumenta a influência norte-americana ao redor do planeta.


A partir disso, práticas de cooperação internacional, como o próprio Nye afirma (2010), é possível e deve ser intensificada. Em um sistema sob a influência de um processo de interdependência complexa, o uso do poderio militar caracteriza-se como equivocado, tendo em vista as perdas econômicas, humanas e políticas resultantes.


Os caminhos que a política externa norte-americana irá seguir ainda são incertos, em função da atual efervescência da política interna. Decerto, afirmações como a do pré-candidato do partido republicano à Presidência, Donald Trump, ao dizer que a China “danifica as empresas e os trabalhadores” dos Estados Unidos e que o país “tem muito poder na China”, indicam um caminho que, apenas com o decorrer dos fatos internacionais, será desvendado.


REFERÊNCIAS


DALL’AGNOL, Augusto Cézar. Ascensão da China e Transição de Poder: Conflito entre a Teoria Neorrealista e a Neoliberal. Conjuntura Global, Vol. 4, n. 1, jan./abr., 2015, pp. 102-112.


NOGUEIRA, João Pontes; MESSARI, Nizar. Teoria das Relações Internacionais. Elsevier. Rio de Janeiro, 2005.


Em comício, Donald Trump diz que China "estupra" os Estados Unidos. Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2016-05-02/em-comicio-donald-trump-diz-que-china-estupra-os-estados-unidos.html>. acesso em Maio de 2016.

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