Belo Monte: os agentes e atores envolvidos.
Nas últimas semanas, ainda no governo Rousseff, o Brasil se deparou com um marco importante: a inauguração de um dos maiores exemplos atuais de crescimento e desenvolvimento, a Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Desde o início, quando se cogitava a construção de uma das maiores usinas hidrelétricas do mundo para favorecer milhões de brasileiros em diversos quesitos, o projeto enfrentou inúmeros processos que iam contra a sua efetivação. Tal representação na defesa contrária ao projeto era muitíssimo bem representada por algumas ONGs, com argumentos ambientais que deveriam ser levados em consideração. Mesmo tratando-se de um projeto de desenvolvimento que abraçaria uma causa do governo, podemos analisar em todo esse contexto, especialmente pela diversidade de participantes na construção de Belo Monte – seja pró ou contra a efetivação. São muitos os agentes e atores envolvidos no processo, que mesmo que não tenham sido tão destacados pelas mídias, existem e agem em prol de seus interesses. Além do Estado – que é um dos protagonistas do projeto e interpreta Belo Monte como um modelo de crescimento e desenvolvimento capaz de favorecer a sociedade, através do Programa de Aceleração e Crescimento (PAC) – a presença do setor privado e empresarial, como o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) – alia-se à linha de pensamento desenvolvimentista e movida em seus interesses. Isto resultaria na participação de um grande plano de desenvolvimento que proporcionaria emprego há milhares de famílias. Por outro lado, percebemos a forte influência das ONGs, com propósitos ambientalistas e defensoras dos direitos indígenas. Esta participação mobiliza diversas manifestações contra o funcionamento da usina, chegando até mesmo a ter aliados do governo, como por exemplo, políticos que apelaram para que as obras fossem estagnadas para a reavaliação dos benefícios e prejuízos socioambientais que Belo Monte teria. Ainda no começo do projeto, em 1989, quando inicialmente seria batizado de “Usina Hidrelétrica Kararaô-Belo Monte”, um evento organizado pelas lideranças indígenas e civis, chamou a atenção das mídias nacionais e internacionais, contando com a presença de índios de variadas tribos do país, além de deputados federais, o prefeito de Altamira, mais de 300 ambientalistas, jornalistas e celebridades. Neste mesmo evento, contamos com o acontecimento icônico em que a índia Kayapó Tuíra prensou a lâmina de seu facão no rosto do presidente da Eletronorte, José Antônio Muniz Lopes, como um sinal de sua indignação. Agora, oficialmente inaugurada e já em funcionamento, após tantas mobilizações e atuações significativas dos agentes envolvidos, nos cabe apenas aguardar os resultados que poderão ser apresentados a curto ou a longo prazo, esperançosamente acreditando que o projeto irá mesmo favorecer milhares de brasileiros com os mínimos impactos ambientais possíveis.
REFERÊNCIAS
FLEURY, Lorena Cândido. A Construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte: Conflito ambiental e o dilema do desenvolvimento. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-753X2013000400009>. Acesso em maio de 2016.
Instituto Socioambiental. Dossiê Belo Monte. Disponível em: <https://www.socioambiental.org/pt-br/dossie-belo-monte>. Acesso em maio de 2016.
______. Dossiê Belo Monte: prevenção e mitigação falham e obra provoca novos impactos sobre povos indígenas. Disponível em: <https://www.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/dossie-belo-monte-prevencao-e-mitigacao-falham-e-obra-provoca-novos-impactos-sobre-povos-indigenas>. Acesso em maio de 2016.