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Resenha: Capitão América: Guerra Civil


Data de lançamento: 28 de abril de 2016. Direção: Anthony Russo, Joe Russo Elenco: Chris Evans, Robert Downey Jr., Scarlett Johansson mais Gêneros: Ação, Fantasia Nacionalidade: Eua



Para além do sucesso comercial do filme Capitão América: Guerra Civil é possível fazer diversas correlações com Relações Internacionais (RI). O olhar internacionalista nos permite notar algumas nuances implícitas sobre o filme, buscando referências nos teóricos de RI e nos conceitos políticos para analisar as motivações não apenas do que acontece no filme, mas do próprio filme.

O filme se inicia com uma grande batalha no fictício país africano de Wakanda que também possui uma cidade real, Lagos, a maior cidade da Nigéria. Detalhes a parte, os avengers tentam evitar o roubo de uma arma biológica. No cenário internacional, a proteção de armas biológicas é muito importante, junto as armas químicas e nucleares, a Convenção sobre a proibição de Armas biológicas de 1972, foi o primeiro tratado multilateral a banir a produção e o uso de uma categoria completa de armamentos. Curiosamente, a maioria dos países que não ratificaram esse tratado está na África, logo, não é à a toa que a cena acontece nesta região.

O dilema principal que divide os super-heróis ocorre após várias batalhas e muita destruição, a comunidade internacional, na figura da Organização das Nações Unidas (ONU), decide restringi-los. São negociados acordos internacionais que preveem uma espécie de accountability ante a ONU, que designa perfeitamente o que os super-heróis precisam fazer. O significado de “accountability” está mais relacionado com o fato de ser responsável perante algo ou alguém, uma espécie de prestação de contas. A partir disto, os super-heróis se vêm divididos entre os que aceitam submeter-se ao regime internacional e aqueles que preferem manter sua autonomia de ação.

Em relação a ONU, os avengers provavelmente teriam que ser submetidos ao seu Conselho de Segurança. Isto aconteceria porque o Conselho é quem determina a existência de qualquer ameaça à paz, ruptura da paz ou ato de agressão. É uma decisão que exige não só a maioria dos votos de seus membros, mas também o voto não-negativo de todos os seus 5 membros permanentes. Essa ação é discricionária e política, logo, existe a possibilidade de que, a despeito das instabilidades, o Conselho permaneça inerte. Ele não é obrigado a agir, tampouco toma decisões de maneira técnica. Contudo, no filme, podemos deduzir que o Conselho agiu e que a comunidade internacional se uniu para tentar controlar os super-heróis.

Quando buscamos a motivação que pode ter levado os países mais poderosos do mundo a agir diante dos super-herois, podemos encontrar a resposta nas teorias de Relações Internacionais. Fazendo uma analogia com a realidade, os últimos seriam uma espécie de armas de destruição em massa fora do controle estatal. Eles seriam atores não-estatais com grande poder talvez até maior que o de qualquer Estado.

A teoria realista diz que os Estados querem acumular poder e manter o status quo da distribuição de poder. Nenhum gostaria de se ver com menos poder, mas, se não puder aumentar, pelo menos manter-se como está. O surgimento de novos super-herois com grande poder os faz perder poder. O que acontece depois disso é a Balança de poder em ação: os Estados se unem para contrabalancear o novo poder.

Pela perspectiva neoliberal, por outro lado, a intensificação da interdependência entre os países passou a exigir que os conflitos passassem a ser administrados pela comunidade internacional para impedir o prejuízos econômicos aos países. Além disso, o interesse dos Estados não era mais unitário, pois muitos passam a levar em conta os inúmeros interesses dentro de seu próprio território. Foi o que fizeram ao responder às suas opiniões publicas internas contrárias aos super-heróis após as destruições causadas por suas batalhas.

Portanto, deve-se ter em mente que os próprios super-heróis foram, na maioria dos casos, resultado da ação dos próprios Estados na busca de mais poder. Stark teve sua fortuna amealhada pelo financiamento do governo de sua indústria de armamento, Hulk foi fruto de experiências biológicas, Capitão América foi resultado de uma experiência governamental, assim como outros que foram fruto de treinamento militar como a Viúva Negra. Para além do clássico e poderoso soft power o filme, também é uma aula sobre relações de poder.



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