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A visita de Obama a Hiroshima sob a análise do discurso de não proliferação de armas nucleares.


Após quase 71 anos do início da era nuclear, onde os Estados Unidos realizaram bombardeios ao Japão, matando, cerca de 200 mil pessoas, Barack Obama é o primeiro presidente norte-americano – em exercício – a visitar a cidade de Hiroshima. O discurso pacifista do democrata foi muito esperado, e apreciado pelos japoneses. Obama pediu um mundo mais cooperativo, para que seja possível erradicar riscos de guerras, além disso, clamou por esforços para atingir um mundo sem bombas atômicas.

Este discurso é marcado pela observação do “porvir”, pois levanta algumas discussões acerca das consequências da defesa de Obama, acerca do desarmamento nuclear. Nesse ponto, compreender o discurso do mandatário é compreender possíveis mudanças na dinâmica da política internacional.

Na chamada virada linguística a relação entre linguagem e realidade é essencialmente discutida. Nas Relações internacionais, a análise do discurso é abordada por teóricos como Friedrich Kratochwil e Nicholas Onuf, autores que apresentam a teoria construtivista à disciplina. Depreende-se da principal premissa do construtivismo que o mundo é socialmente construído, desta forma, a linguagem é entendida como criadora da realidade. Para Nicholas Onuf (1998) “dizer é fazer”, ou seja, os atos de fala são cruciais na construção do mundo.

O construtivismo propõe também que as ideias compartilhadas definem a estrutura, e que identidades e interesses dos agentes são construídas em virtude das ideias compartilhadas. Agente e estrutura, segundo Onuf (1998), são co-constituídos, então, para compreensão de ambas, é preciso analisar o meio, onde o ponto central entre estrutura e agente são as regras. As regras norteiam os agentes apresentando-os escolhas e indicando o que devem fazer. Estas, por sua vez, são mutáveis, ao passo que os agentes se ajustam a elas. Por isso, atos de fala reproduzidos nos discursos, criam regras e, através de uma convenção – compreensão do que sempre foi feito – a realidade se constrói.

Analisando-se o tema em questão, sob a perspectiva da teoria construtivista de RI, pode-se identificar que Barack Obama propõe, desde o início de sua gestão, um discurso firmado na defesa de um mundo sem armas nucleares. Este princípio tem sido estimado por toda comunidade internacional, o que resultou na conquista do Nobel da Paz em 2009.

Jürgen Habermas, filósofo e sociólogo alemão – propulsor da Teoria Crítica de RI e inspirador de Onuf – propõe que um discurso precisa ser proferido e aceito. A guinada pacífica que Obama introduziu na Política Externa americana, vista não somente na reconciliação com Hiroshima, mas na reaproximação com Cuba e no acordo nuclear com o Irã, cria perspectivas acerca do futuro do Sistema Internacional, além de nos levar a pensar sobre a influência do discurso do norte-americano na política internacional.

É muito cedo para dizer o destino da questão do desarmamento nuclear, mas Obama têm formulado um discurso importante que pode construir uma realidade pautada na não-proliferação de armas nucleares. A teoria construtivista analisada neste artigo, manifestada na compreensão dos atos de fala propostos por Onuf, chama a atenção a respeito do debate que o discurso de Obama propõe e é de muita importância esta análise para nós internacionalistas entendermos as relações entre discurso e criação da realidade.


Referências

ONUF, Nicholas. World of Our Making: Rules and Rule in Social Theory and International Relations. Columbia: University of South Carolina Press, 1989.


NOGUEIRA, João Pontes; MESSARI, Nizar. Teoria das Relações Internacionais: Correntes e Debates. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.


CAMPOS, Thiago Lima Rocha, ANÁLISE DE DISCURSO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS: os Discursos sobre Paz e Segurança na África no Conselho de Segurança da ONU 2014. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/128091/Monografia%20do%20Thiago%20Lima%20Rocha%20Campos.pdf?Sequence=1


Veja discurso de Obama em Hiroshima. Disponível em: http://www.dw.com/pt/veja-discurso-de-obama-em-hiroshima/av-19286793. Acesso em junho de 2016.


Porque a histórica visita de Obama a Hiroshima não inclui pedido de perdão pela bomba. Disponível em: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/05/por-que-a-historica-visita-de-obama-a-hiroshima-nao-inclui-pedido-de-perdao-pela-bomba.html. Acesso em junho de 2016.

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