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Itália e a Crise Migratória


As mudanças no cenário econômico global em 2007 – período denominado como grande recessão – causaram um severo impacto em diversos países, dentre eles a Itália. No entanto, a crise neste país não é apenas econômica, mas política, ideológica e institucional, tendo em vista sua herança histórica foi fundamentada em corrupção e máfias que surgiram ainda na era medieval e estendeu-se sob todas as áreas da sociedade italiana, inclusive política. Apesar de a taxa do desemprego no país ter diminuído 11,3% em 2015, a dívida externa da Itália esteve em ascensão desde o ano de 2013, chegando a € 838.625 euros, em janeiro de 2015, e levando inúmeras fábricas à falência. Ademais, ao longo dos anos, cerca de 2,6 milhões de estrangeiros mudaram-se para a Itália devido ao potencial turístico do país. Agregado a estas problemáticas internas, no início de 2015 eclodiu a maior crise migratória desde o fim da II Guerra Mundial, com milhões de pessoas da Síria, Líbano, Sérvia, Iraque, e de outros países do Oriente Médio, indo para a Europa. A guarda costeira italiana já resgatou mais de 320 mil migrantes e é um dos países europeus que mais os abriga. Estes fatores fizeram com que a opinião pública italiana sobre a permanência de estrangeiros no país fosse dividida, pois é vista por alguns, como ameaça e concorrência para os italianos, por dois fatores principais: poucos empregos ante a crise econômica e atentados terroristas ocorridos na Europa; a outros cidadãos italianos resta a conscientização da importância de acolher aqueles que têm sofrido ameaças à vida em seus países de origem. O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi anunciou que a próxima cúpula do G7 será realizada na Sicília, chamando a atenção da sociedade internacional para a região de entrada dos migrantes e refugiados, além de valorizar o sul italiano que é considerado a região com mais debilidades sociais e econômicas do país. Para melhor compreender o momento vivido pelo Estado italiano, em que governo e sociedade civil passam por uma crise interna e devem se reorganizar para o recebimento dos migrantes, podemos analisá-lo a partir da teoria de James N. Rosenau, que acompanha fatores e mudanças no cenário contemporâneo das Relações Internacionais. Segundo Rosenau (1966), é importante considerar o papel dos indivíduos como influentes na política internacional e os fatores internos dos países como determinantes de decisões tomadas pelos Estados na arena global. Em suas análises empíricas, Rosenau utilizou os surveys, consultas da opinião pública, para analisar as decisões tomadas por governos e atestou haver uma relação direta entre eles. Interesses, necessidades e direitos de italianos e dos diversos migrantes e refugiados são fatores fundamentais para o processo decisório do governo italiano e dos demais envolvidos. Por um lado, o Estado deve zelar pela segurança e desenvolvimento na melhoria de vida da sua população, e por outro, como parte da União Europeia, a Itália tem valores e deveres pautados nos direitos humanos de todos os povos, e se vê envolvida no acolhimento daqueles que também foram influenciados por questões domésticas para que migrassem em busca de sobrevivência. O governo italiano tem ações efetivas na chegada dos refugiados, desenvolvidas pela guarda costeira e por investimentos financeiros em Organizações Não Governamentais, para hospedagem e alimentação destes. A Itália está construindo sua estabilização interna gradualmente, assim como a crise migratória está longe de ter um fim. Portanto, é necessário que governo e sociedade civil alinhem seus interesses e argumentos para soluções domésticas e, assim, possam se organizar para a acolhida destes migrantes, que enfrentam mais do que crises internas.


REFERÊNCIAS


Trading Economics. Itália: Divida Externa. Disponível em: <http://pt.tradingeconomics.com/italy/external-debt> Acesso em 04 de jun. 2016.


LABINI, Paolo. La Crisi Italiana. Collezione Il Nocciolo 11; Editori Laterza, Roma, 1995.


ONUKI, J. James Rosenau: política externa num mundo em mudança. In: Marcelo Medeiros; Marcos Costa Lima; Rafael Duarte Villa, Rossana Rocha Reis. (Org.). Clássicos das Relações Internacionais. 1ed.São Paulo: Hucitec, 2010, v. 1, p. 249-264.


The Guardian. Refugee Crisis: 13000 People Rescued In Mediterranean In One Week. Disponível em: <http://www.theguardian.com/world/2016/may/29/refugee-crisis-13000-people-rescued-in-mediterranean-in-one-week?CMP=twt_gu> Acesso em: 02 de jun. 2016.


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