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O papel das Mídias Sociais na construção da realidade na contemporaneidade



Há décadas, os indivíduos obtêm conhecimento através de revistas, jornais, rádio, TV, entre outros. A forma de pensar e o comportamento também eram pautados no que absorviam desses canais. Atualmente, a internet vem conquistando o espaço como “formadora de opiniões”, principalmente por meio das mídias sociais.

Na era da globalização e interdependência, as pessoas sentem uma necessidade vital em sentir que podem estar sempre em contato umas com as outras – mesmo que não usufruam regularmente disso –, além de estarem bem informadas o tempo todo. A internet, necessariamente, corresponde a essa dependência com as redes sociais, com seus inúmeros espaços de postagens, sejam elas em formas de bate-papos ou em bombardeios de notícias, tutoriais, histórias, artigos, filmes, séries, livros digitais, etc. Os demais meios de comunicação já não são mais considerados tão rápidos ou completos o suficiente para suprir toda essa ânsia constante e coletiva.

Ao passo em que se percebe essa popularização da internet, pode-se manipular um conteúdo publicado e produzir verdades com e para qualquer fim desejado. Nos dias atuais, as redes sociais assumem um papel preponderante na vida online e se tornam a mais nova ferramenta de disseminação do conhecimento e de subjetivação do indivíduo.

Nas Relações Internacionais, pode-se entender o tema sob o prisma da análise do discurso, uma parte teórica do Construtivismo. O que a perspectiva construtivista trata primordialmente é que a realidade é construída a partir das relações que se formam entre os seus agentes. Sendo assim, o sistema internacional é socialmente construído. Teóricos como Friedrich Kratocwill e Nicholas Onuf foram os responsáveis pela introdução dessa teoria na disciplina.

Na denominada virada linguística, aborda-se principalmente a ligação estabelecida entre linguagem e realidade. Compreende-se que a realidade é gerada pela linguagem. Segundo Nicolas Onuf (1998), “dizer é fazer”, isto é, o ato de se expressar é um componente fundamental para a criação de uma realidade e, desta forma, para a construção do mundo.

Como exemplo, as agências de notícias de jornais como o “O Globo” ou o “El País” utilizam variados critérios de publicação de notícias, dependendo do impacto que se pretende causar no leitor. Elas formatam as pautas a seu modo, elaborando criteriosamente desde os títulos até a disposição das palavras utilizadas no conteúdo das matérias, visando sempre causar X ou Y sensações no receptor da mensagem. A publicidade dessas agências faz com que elas atinjam um alcance massivo, principalmente por meio das redes sociais, porque pessoas frequentemente visitam para conversar umas com as outras e quase sempre acabam “se distraindo” com uma ou outra página ou um perfil de cunho informativo ou de entretenimento.

Onuf (1998) alega que os agentes criam regras as quais os direcionam, apresentando escolhas e apontando o que fazer. Essas regras são mutáveis, ou seja, dependendo da aplicação elas podem se ajustar. Isso faz com que os agentes também se tornem “ajustáveis” ao contexto (estrutura). Por isso que a reprodução dos atos de fala nos discursos é geradora de regras, pois se constrói a realidade por meio do que se é convencionado, isto é, do que se é naturalmente aceito.

Como ainda afirma o autor, os agentes e a estrutura são co-constituídos. Os interesses dos agentes e as suas identidades se constroem de acordo com o compartilhamento de ideias e os resultados dessas ideias compartilhadas vão delineando a estrutura, a qual gera novos interesses e novas identidades para esses agentes. E a humanidade se subjetiva a isso, quase que inconscientemente. A sensação de precisar trocar experiências com alguém, de compartilhar uma ideia, ou uma foto, ou um determinado link, ou vídeo, que ao seu ver “lhe representa” em algum sentido, é uma das maiores expressões do poder que as mídias sociais exercem sobre os indivíduos.

Nessas mídias, todos são produtores de conhecimento, todos são agentes que podem ou não causar alguma mudança na realidade. Todos acabam se compondo como provedores e usuários, ofertantes e consumidores. A única linha tênue que existe entre os mesmos é o destaque que um consegue em detrimento do outro. O quanto um consegue exercer influência sobre o outro e também sobre o meio em geral. Ainda aproveitando o exemplo das agências de notícias, elas exercem um nível de poder maior no Facebook do que um usuário comum. As mesmas estão respaldadas na credibilidade a elas atribuídas (algo que também foi socialmente construído) e permite com que elas formulem, divulguem, afirmem, neguem informações e influenciem as pessoas e, por conseguinte, produzam verdades.

Através dos discursos criados nas redes sociais, as preferências vão se transformando em tendências. Escolhe-se livremente adotar a verdade A ou B, mesmo que não se saiba exatamente ou completamente o que seja essa verdade. Isso porque como o público geralmente não possui muita disponibilidade (seja por falta de tempo ou de paciência) de investigar informações e se questionar sobre o que estão lendo, ouvindo, sobre as verdades que estão adotando para si e sobre o conhecimento que estão criando através disso acabam baseando seus modos de pensar, falar, agir nas primeiras impressões que formaram a partir do que foi absorvido.

O que hoje se adota como verdade ou como tendência, amanhã já será considerado obsoleto, pois já poderá ter se descoberto uma “nova verdade”. E assim segue conforme mais conectado o mundo vai se tornando. O acesso à internet, às mídias sociais e principalmente às verdades que estas transmitem vão moldando diariamente a sociedade em que vivemos. Isso constrói e reconstrói a todo o momento a realidade à nossa volta e, consequentemente, o nosso futuro.


REFERÊNCIAS


ONUF, Nicholas. World of Our Making: Rules and Rule in Social Theory and International Relations. Columbia: University of South Carolina Press, 1989.


NOGUEIRA, João Pontes; MESSARI, Nizar. Teoria das Relações Internacionais: Correntes e Debates. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.


HERMAN, Edward S.; CHOMSKY, Noam. A manipulação do público. São Paulo: Futura, 2003.


MORAES, Dênis (Org.). Por uma outra comunicação: mídia, mundialização cultural e poder. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2004.



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