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O Terrorismo na Turquia


A Turquia é considerada um possível elo entre o ocidente e oriente por apresentar características em comum e aspectos contraditórios, dos quais dificultariam esta ligação. Rodeada por regiões de grande peso no cenário internacional, como Oriente Médio, sudeste europeu e Cáucaso, ela exemplifica perfeitamente o multiculturalismo da atualidade. Esse quadro se dá por influências que, de forma sucinta, vem desde o império otomano, trazendo então as identidades turca, médio oriental ou balcânica, por exemplo, passando por uma “ocidentalização” e tornando-se um país secular após sua independência (através do kemalismo), até os dias atuais - com Tayyip Recep Erdogan e seu apelo à islamização do país. Diante deste cenário diverso e multicultural, é interessante abordar como essa variedade étnica vem trazendo à tona questões cada vez mais preocupantes no globo, principalmente no que diz respeito ao terrorismo. Não somente devido a influência islâmica, mas pela localização geográfica e as diretrizes políticas e econômicas que interferem no fato da Turquia ter se tornado um “alvo” fácil aos extremistas, e, deste modo, estar vulnerável a qualquer momento de diversos ataques. Ademais, outros aspectos trazem ainda mais tensões internas, como a questão dos curdos. No entanto, centrando-se no terrorismo é possível observar uma onda cada vez mais crescente de ataques. A preocupante trajetória turca, neste sentido, indica um verdadeiro “choque de civilizações”, como abordado no livro de Samuel Huntington, e que possui grande relevância nos estudos de Relações Internacionais. Apesar do livro se basear em uma definição etnocêntrica, até mesmo pelo próprio título ao usar o termo civilização, suas considerações a respeito dos conflitos no mundo são extremamente válidas na atualidade. Todavia, realizar uma análise a respeito da situação turca a partir desta obra, ainda assim torna-se incompleta. Desta forma é válido considerar que este caso pode ser analisado sob a perspectiva da teoria construtivista de Relações Internacionais. Isto se deve aos aspectos intangíveis, pois são aqueles dos quais não podemos mensurar e que trazem consigo a imprevisibilidade. Por esta razão, prever um próximo atentado, assim como o momento, o local e todas as questões específicas envolvidas é quase improvável de acontecer. E porque não dizer que este não resulta de um produto de discursos dominantes? Por que não dizer que os excluídos deste discurso estão agora rebelando-se cada vez mais contra a atual configuração do sistema, sendo a Turquia, então, um grande palco deste cenário? Isso não implica dizer, claro, que a forma como certos discursos excludentes estão ganhando forma, se dá de maneira mais pacífica e agradável, no entanto, é possível sim, relacioná-la à Teoria Crítica. O grande ponto é que a Turquia está longe de alcançar uma estabilidade em meio a tantas tensões das quais se encontra envolvida. Os atentados são “apenas” alguns dos casos, mas que se encontram relacionados de alguma forma com as outras. Por isso, haja vista que falar em terrorismo não se resume apenas a ele. Os curdos, por exemplo, também se envolvem nessas questões, e para amenizar a situação, torna-se cada vez mais complicado fornecer uma resposta exata. Compreender no mínimo algumas das abordagens tratadas acima, talvez seja o primeiro passo para trazer ao campo prático medidas eficazes para tornar a região mais pacífica. Notavelmente, este papel extremamente complexo, pois necessita de um conhecimento que vai muito além do que se vê superficialmente. Portanto, estudá-lo e compreendê-lo através de teorias de Relacionais Internacionais tem tornado-se cada vez mais importante no atual cenário turco, não só para entender a situação, mas para pensar soluções.

REFERÊNCIAS

STAROBINSKI, Jean. As máscaras da civilização: Ensaios. São Paulo: Cia. Das. Letras, 2001.

HUNTINGTON, S. O Choque de Civilizações e a Recomposição da Ordem Mundial. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2000.


ROCHA, Everardo. O que é Etnocentrismo. Ed. Brasiliense, 1984.


ADLER, Emmanuel. O construtivismo no estudo das relações internacionais. Lua Nova, 47: 201-246, 1999.


G1 Globo. Turquia Vincula Autor do Atentado de Istambul ao Grupo Estado Islâmico. Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/03/turquia-vincula-autor-do-atentado-de-istambul-ao-grupo-estado-islamico.html>. Acesso em: 20 de junho de 2016


G1 Globo. Turquia diz que matou 200 jihadistas do Estado Islâmico em 48 horas. Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/01/turquia-diz-que-matou-200-jihadistas-do-estado-islamico-em-48-horas.html>. Acesso em 20 de junho de 2016.


El Pais. Forte explosão na capital da Turquia mata pelo menos 34 pessoas. Disponível em: <http://brasil.elpais.com/brasil/2016/03/13/internacional/1457889360_807380.html>. Acesso em: 20 de junho de 2016.


El Pais. Turquia garante ter deportado um dos terroristas dos atentados da Bélgica. Disponível em: <http://brasil.elpais.com/brasil/2016/03/23/internacional/1458754740_609329.html>. Acesso em: 20 de junho de 2016.


El Pais. O Desafio da Turquia. Disponível em: <http://brasil.elpais.com/brasil/2015/11/02/opinion/1446487389_794714.html>. Acesso em: 20 de junho de 2016


Jornal Opção. A Turquia entre o Oriente e o Ocidente. Disponível em: <http://www.jornalopcao.com.br/colunas-e-blogs/carta-da-europa/turquia-entre-oriente-e-ocidente-26971/>. Acesso em: 20 de junho de 2016.

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