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O 11 de Setembro Sob a Perspectiva Construtivista



A conturbada política norte-americana no Oriente Médio – na busca pela defesa de seus interesses econômicos na região, apoio ao Iraque contra o Irã e a sólida aliança com Israel – teve reverberações para além do esperado. A organização terrorista Al-Qaeda coordenou quatro ataques aos EUA no dia 11 de setembro de 2001, ocasionando na morte de quase três mil pessoas. Estes acontecimentos não impactaram apenas a grande potência, Estados Unidos, mas se estabeleceram como marco para as relações internacionais. É possível traçar entendimentos sobre este tema a partir de três pilares da perspectiva metateórica construtivista das Relações Internacionais: novos agentes – terroristas –, interação entre agente e estrutura – como os atentados reconfiguraram a Estrutura Internacional –, análise do discurso dos terroristas e resposta dos Estados Unidos. Sobre o primeiro, é importante considerar que Terrorismo não integrava a agenda internacional do sistema de Estados. Segundo Marques (2005), “os agentes agem na sociedade na busca por um objetivo e as regras definem as situações de escolhas. Logo, são as regras que definem o leque de escolhas dos agentes e, ao fazerem escolhas, é que os sujeitos se tornam agentes”. Neste sentido, a Al-Qaeda torna-se um novo agente da dinâmica internacional, apesar de não ser um Estado ou não ter reconhecimento de governos, haja vista que a formação de sua posição política-ideológica, sua identidade e seus interesses, moldam suas ações na Estrutura. Porém, este novo agente negativo nas relações internacionais, não é simples de deter, visto que, qualquer individuo de qualquer país pode torna-se parte da célula terrorista, atribui-se a isto, o conceito de que o terrorismo não tem rosto ou pátria. Segundo Peters (2003), “os atores estão imersos numa estrutura social que os constitui e que, por sua vez, é constituída, também, por esses atores no processo de interação”. As ações dos agentes, que são determinadas pela identidade coletiva, dinamizam a estrutura, e por sua vez, a estrutura constituída por normas interage com os agentes. Logo, a ação dos terroristas em relação aos Estados Unidos, encontrou normas previamente estabelecidas pela estrutura internacional e reconfigurou o funcionamento da mesma. A partir da tragédia do dia 11 de setembro, a estrutura das relações internacionais insere em sua agenda uma vasta preocupação com a expansão de células terroristas. A análise do discurso de Osama Bin Laden, como até então, líder da Al-Qaeda e da resposta do presidente George W. Bush elucidam compreensões sobre as reverberações desses atentados. Os construtivistas sociais analisam “como a linguagem é crucial em termos de compreensão dos significados e interpretação do relacionamento entre palavra e mundo (Word and World)”, segundo Frizzera (2013). Supostamente, Bin Laden divulgou vídeo e áudios assumindo a autoria dos atentados aos Estados Unidos, fazendo uso de um discurso diretivo, falando sobre as consequências que os norte-americanos enfrentariam caso continuassem a interferir na liberdade do Islã. E, em contrapartida, o então presidente norte-americano, endurece seu discurso assertivo e infere-se que suas palavras se tornam em ações. Os ataques acontecidos tiveram como consequência a reação imediata dos Estados Unidos, invadindo o Taleban em busca de membros da Al-Qaeda, principalmente, de Osama Bin Laden. Após 15 anos dos atentados do 11 de Setembro, a inserção dos novos agentes internacionais – organizações terroristas – ainda reverbera na dinâmica das relações internacionais e se reinventa com o alistamento de novos membros e novas células terroristas, fazendo com que os Estados repensem leis e normas alterando, assim, a estrutura atual em busca de entendimentos e soluções.

Referências


BBC. Discurso de Osama Bin Laden. Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/story/2004/10/041030_binladenrg.shtml> Acesso em: 10 de Set. 2016.


FRIZZERA, Guilherme. Análise de discurso como ferramenta fundamental dos estudos de Segurança – Uma abordagem Construtivista. Conjuntura Global, Curitiba, Vol. 2, n.2, abr./jun.,2013, p. 59-63.


LEHMANN, David. Culturas da Anarquia: Alexander Wendt, Construtivismo e o Final da Guerra Fria. PUC Rio, 2003.


MARQUES, Sylvia. Dissertação de Mestrado: As Relações Sociais Internacionais. Cap. 2. PUC Rio, 2005.


PETERS, Gabriel. A Praxiologia Estruturacionista de Anthony Giddens e Pierre Bourdieu. Sociedade Brasileira de Sociologia. UNB, 2011.


TERRA. Integra do discurso de Bush. Disponível em: <https://noticias.terra.com.br/mundo/estados-unidos/confira-na-integra-o-discurso-de-bush-apos-os-ataques-de-119,50fb27721cfea310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html> Acesso em: 10 de Set. 2016.


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