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Conflitos Invisíveis para a mídia internacional


A mídia ignora grande parte dos conflitos internacionais. A cobertura das fases pré e pós-violência é – muitas vezes – insignificante, pois apenas alguns conflitos armados são cobertos na fase de extrema violência. Esta situação nos leva a questionar se o papel da mídia está sendo bem executado, pois o propósito aqui é levar ao debate quais os motivos e consequências desses conflitos.

Nos anos de 1970 e 1980, os autores Robert Keohane e Joseph Nye, desenvolviam conceitos sobre a questão da “era da informação”, a qual é pautada na teoria da interdependência. Durante esses anos, foram desenvolvidos os pilares para os conceitos, nos quais os autores explicavam que a “interdependência, em política mundial, refere-se a situações caracterizadas por efeitos recíprocos entre os países ou entre atores em diferentes países” (KEOHANE; NYE, 1989, p. 8). Logo, interferiria na análise de novas questões que surgiriam na Sociedade da Informação.

Há um sentimento geral de que a cobertura da mídia, especialmente a televisão, aumentou sua influência na gestão de conflitos ocidentais desde o colapso da União Soviética (URSS). Dois fatores podem explicar a mudança. O primeiro deles é a ausência de ameaças militares à segurança do Ocidente que fez a intervenção militar uma questão de escolha. Segundo Jakobsen (2000, p.131) “o espaço para o debate legítimo sobre a necessidade e utilidade de usar a força militar se ampliou, tornando possível para os meios de comunicação e ao público uma maior influência”, o que verifica-se que ocorreu principalmente durante a Guerra Fria.

O segundo fator reforça o impacto dos meios de comunicação e o aumento da importância da "televisão em tempo real", a qual pode ser definida como a transmissão de imagens com menos de duas horas de atraso. Através dos avanços espaciais, os jornalistas puderam levar em “tempo real” o que seriam as atrocidades para atenção do público alvo.

Porém, quanto mais esses conflitos se tornam intrínsecos, mais dificultoso se torna transparecer os dois lados do embate. Muitas vezes os governos autocratas não permitem que suas ideias sejam questionadas, e repelem com muita brutalidade as mídias que não repassam a “verdade” implementada por eles. Através das pesquisas do filósofo Jurgen Habermas, Linklater (1998, p.34), teórico crítico de Relações Internacionais, irá produzir o questionamento quanto a essas verdades empregadas, pelas quais, segundo ele, é possível acabar com verdades excludentes através da ascensão do conhecimento e, consequentemente, a ética do diálogo.

E, ao falarmos de um conflito excluído pela sociedade internacional, verificamos problemas sociais e econômicos muito mais agravados. O carácter seletivo da cobertura de conflitos da mídia, cria um outro problema, pois as câmeras seguem os fundos destinados a esses conflitos.

Neste sentido, Jakobsen (2000, p.139) afirma que “conflitos violentos bem divulgados são financiados e chamam mais atenção das ajudas humanitárias ao passo que os esquecidos recebem muito menos ou nenhum financiamento”. Portanto, e uma vez que a escolha dos conflitos da mídia normalmente tem pouca relação com a necessidade humanitária, isto faz uma alocação altamente ineficaz de fundos.

Para que a utilização dos meios de comunicação sejam benéficas a sociedade internacional, no que diz respeito a gestão de conflitos, é necessário que existam estratégias de informação e relações públicas claras de modo a direciona-las ao público local, a capacidade de fornecer a mídia informações oportunas e confiáveis, bem como se tenha a capacidade de informar os meios de comunicação locais e a população local sobre o objetivo da operação, a fim de combater a desinformação e propaganda.


BIBLIOGRAFIA

BURITY, Caroline Rangel Travassos. A influência da mídia nas relações internacionais: um estudo teórico a partir do conceito de diplomacia midiática. UEP, 2013. Vol1, pp 166-179


JAKOBSEN, Peter Viggo. Focus on the CNN Effect Misses the Point: The Real Media Impact on Conflict Management is Invisible and Indirect. 2000 Journal of Peace Research, vol. 37, no. 2, 2000, pp. 131–143.


KEOHANE, Robert; NYE, Joseph. Power and Interdependence. Londres:

Harper Collins, 1989.


LINKLATER, A. The Transformation of political community: ethical foundations of Post-Westphalian era. Columbia: University of South Carolina Press, 1998, p.34.

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