TRUMBO

Data de lançamento: 28 de janeiro de 2016

Direção: Jay Roach

Elenco: Bryan Cranston, Diane Lane, Helen Mirren mais

Gêneros: Biografia, Drama

Nacionalidade: Eua

Trumbo: Lista Negra, é um exemplo claro de filmes cujas histórias já foram contadas em outras ocasiões, mas é preciso, como Dalton Trumbo diz no filme “raise the bar”. No filme de 2015, Bryan Cranston é o artista por trás do premiado roteirista de Hollywood, que, apesar de seu trabalho reconhecidíssimo e premiado, foi relegado a um status de desafeto americano em plena guerra fria, sendo acusado, dentre outras coisas, de acobertar comunistas em território estadunidense durante a Guerra Fria

A grande diferença de Trumbo: Lista Negra, em relação aos seus predecessores, é exatamente a captura sensível do período da Guerra Fria, em contraponto à indústria do entretenimento de Hollywood, que vivia um de seus melhores momentos. Entretanto, fazer sucesso no cinema americano do final dos anos 1940 significava, acima de tudo, estar de acordo com as políticas americanas. E, diante desse acordo de cavalheiros, muitos atores, cineastas e roteiristas – como no caso de Trumbo – viam-se em uma encruzilhada: fazer valer suas crenças pessoais ou ganhar muito dinheiro e ser reconhecido como um ídolo. E os estúdios eram tudo, menos isentos: ganhavam com todo o processo.

Dalton Trumbo não cedeu. Acusado de ser comunista e estar alinhado com Moscou, seu nome figurou na lista negra americana, no contexto da caça às bruxas. Um dos maiores escritores que Hollywood já vira, autor dos textos de A Princesa e o Plebeu (1953), Arenas Sangrentas (1956) e o clássico absoluto Spartacus (1960), todos eternizados e aclamados, foi perseguido e preso. Nesse período, continuou escrevendo, na quase clandestinidade, substituindo seu nome. Enquanto isso, sua imagem era usada como símbolo máximo da luta anticomunista nos EUA. O filme, inclusive, aborda situações em que atores que trabalharam com Trumbo se viam felizes com a prisão de seu ex-colega de trabalho, numa clara propaganda política entremeada na indústria do entretenimento.

Todavia, a leitura internacionalista que se deve fazer do filme se apoia na construção de um aparato de repressão em um ambiente hostil, além da padronização de narrativas dominantes, exploradas pelo governo estadunidense com a colaboração do cinema. A arte mais requisitada da época é responsável pela propagação do American Way of Life, além de ser o mais importante veículo de transmissão – e recrutamento – ideológico americano a nível mundial. Numa guerra improvável e numa paz impossível. Por isso, Trumbo foi um bode expiatório, cujo aprisionamento carrega um simbolismo especial.

Contudo, o filme foi muito bem recebido pela crítica especializada, conquistando o prêmio Paul Sevin do Writer’s Guild of America. Além disso, Bryan Cranston foi indicado ao Oscar de melhor ator, categoria na qual concorreu também ao Globo de Ouro. O elenco também concorreu no SAG Awards, mesma premiação na qual Helen Mirren concorreu ao prêmio de melhor atriz coadjuvante. Nominações e prêmios que dão apenas um indício da excepcionalidade de filme feito para fazer pensar e trazer à tona temas tão relevantes de um passado recente, que, em tempos de Trump, merecem ser relembrados.