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Dia Internacional da Alimentação: uma oportunidade para firmar verdades criadas?


Dia 16 de outubro é celebrado o Dia Internacional da Alimentação, data que tem o propósito de fazer as pessoas refletirem a respeito de segurança alimentar e nutrição da população mundial. Todos os anos um tema é escolhido e, a partir dele, são feitas diversas atividades artísticas, esportivas e acadêmicas ao redor do mundo. O tema escolhido para o ano de 2016 é “O clima está mudando. A alimentação e a agricultura também”.

O Dia Internacional da Alimentação foi criado com o intuito de desenvolver uma reflexão profunda a respeito do quadro atual da alimentação mundial e principalmente a fome no planeta. O dia foi escolhido para lembrar a data de criação da FAO (Food and Agriculture Organization) que foi fundada em 16 de outubro de 1945, em Quebeque, no Canadá. A data também é importante para alertar a importância de uma alimentação saudável, acessível e de qualidade para todos, bem como para alertar sobre os problemas sociais ligados a ela.

O objetivo da FAO é aumentar a capacidade da comunidade internacional de forma eficaz e coordenada, a promover o suporte adequado e sustentável para a segurança alimentar e nutrição global. A Organização tem como missão preparar os Estados em desenvolvimento para situações de emergência alimentar e, em determinados casos, prestar socorro a populações em situações de fome.

Considerando a meta e o objetivo da FAO, é necessário entender o que é segurança alimentar. O conceito aborda um conjunto de normas de produção, transporte e armazenamento de alimentos, seguindo padrões estabelecidos, que visam à adequação destes alimentos para o consumo, além de uma alimentação saudável, acessível, de qualidade, em quantidade suficiente e de modo permanente.

Partindo desta perspectiva, é possível analisar os feitos da FAO e do Dia Internacional da Alimentação por meio da teoria pós-moderna em Relações Internacionais. A teoria “enfatiza a crítica às formas de poder modernas e às grandes narrativas que as fundamentam” (JATOBÁ, 2013). Foucault utiliza a ideia do “saber-poder”, pois, de acordo com Daniel Jatobá (2013), o poder cria conhecimento, não havendo relações de poder sem que haja um campo de conhecimento, e nem qualquer conhecimento que não possua uma relação de poder.

A produção de verdades é o conjunto de procedimentos que conduzem a um resultado, que podem ser considerados válidos ou não. Na sociedade, ocidental, o discurso que se tem por verdadeiro, definindo conhecimentos válidos ou não, é o científico. Sendo assim, a “verdade” está nestes argumentos científicos e nas instituições que os produzem, as quais possuem interesses, manipulando as informações para utilizar as que mais lhe beneficiam.

Algumas das áreas de trabalho prioritárias da FAO são as que buscam contribuir para a erradicação da fome, facilitando políticas e compromissos políticos em prol da segurança alimentar, além de assegurar que informações atualizadas sobre os desafios e soluções da fome e nutrição estejam disponíveis e acessíveis.

Também se promovem práticas e políticas baseadas em evidências para apoiar setores agrícolas altamente produtivos, como lavouras, pecuária, silvicultura e pesca, assegurando que a base dos recursos naturais não sofra no processo. Entretanto, as informações que a FAO disponibiliza nas suas reuniões e as utiliza na criação e formação das leis de segurança alimentar, segundo a Teoria Pós-Moderna, podem ser manipuladas com o intuito de beneficiar uma(s) empresa(s) ou algum(s) país(es) exportador(es), com a Produção de Conhecimento e Verdade.

Sendo assim, a FAO pode estar, de acordo com a análise pós moderna, beneficiando países desenvolvidos e grandes empresas por querer “promover a eficiência da parte agrícola”, e também ao dizer que as tecnologias e pesquisas destes países e empresas são mais eficientes. E, para que os países em desenvolvimento possam adquirir tais recursos, e cooperar com a Organização, os mesmos devem comprar tais tecnologias. Por esta razão, a criação de verdade poderia estar sendo feita para beneficiar os países desenvolvidos e grandes empresas, pois eles são os maiores contribuintes que a ONU possui no seu banco de doações. Um exemplo foi a doação dos Estados Unidos de US$ 15 milhões para melhorar a coleta de dados no setor agrícola, sendo uma estratégia de poder.

Portanto, o Dia Internacional da Alimentação pode estar perdendo o seu foco, pois a Organização Internacional que cuida e administra o evento pode estar prezando pela contínua doação exacerbada dos países desenvolvidos e grandes empresas, usando as celebrações e eventos como um pretexto para firmar essas verdades construídas, para que não sejam questionadas, ao invés de retomar os preceitos e objetivos da FAO.


REFERÊNCIAS

CANDIOTTO, C. Foucault: a critical history of truth. Trans/Form/Ação, (São Paulo), v.29(2), 2006, p.65-78. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/trans/v29n2/v29n2a06.pdf> Acesso em: 07 de Out. 2016.

JATOBÁ, Daniel. Teoria das relações internacionais. Saraiva, 2013

Organização das nações unidas para a alimentação e a agricultura/food and agriculture organization. Disponível em: <http://www.fao.org> Acesso em: 07 de Out. 2016.

Rádio ONU. Estados Unidos doam 15 Milhões para melhorar coleta de dados no setor agrícola. Disponível em Setembro: <http://www.unmultimedia.org/radio/portuguese/2016/09/eua-doam-us-15-milhoes-para-melhorar-coleta-de-dados-no-setor-agricola/#.V_hZWfkrK00> Acesso em: 07 de Out. 2016.

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