Shimon Peres: Símbolo dos que buscaram, mas não conheceram a paz
Há quem diga que a guerra é necessára para haver paz, entretanto, essa ideia dificilmente se aplicaria no caso do conflito Palestino-Isrealense, onde, por mais de meio século, a violência vence a paz. Shimon Peres almejou a paz na região aclamada por povos de culturas, religiões e pensamentos distintos num mundo em que prevalece cada vez mais a uni-multipolaridade híbrida. Dessa forma, percebemos, que a paz não foi alcançada, principalmente devido a incompatibilidade dos atores (notadamente os indivíduos) que estavam – e ainda estão à frente das negociações.
Shimon Peres foi uma das personalidades que percorreu, durante quase sete décadas, toda a escala do poder, além de ser o rosto amável de Israel. Em vários momentos da sua política frente ao Estado de Israel, Peres deixou parecer o seu lado humanistico e lutou, primeiro, pela viabilidade de Israel e, em seguida, pela paz com os palestinos. Portanto, hoje, sabemos que o conflito não é somente uma questão de cultura, mas também de gerações.
Shimon nasceu no dia 2 de agosto de 1923, em Wiszniew, então parte da Polónia (hoje faz parte da Višnieva em Bielorrússia). Ele foi um dos primeiros a chegar à “Terra Prometida ou Terra Santa”, ainda em 1930, quando desembarcou com a família na região, fugindo da ameaça do nazismo que já se abatia sobre o Leste Europeu.
Conhecido como o último dos fundadores do Estado de Israel, Peres foi um dos percusores da independência do Estado israelense, em 1948, depois que a ONU aprovou a partilha da Palestina, por meio da Resolução 181, de 1947, que garantia à minoria israelense mais de 50% da terra que antes pertencia aos palestinos e que estava sob administração britânica. Peres, naquela época, foi à guerra pela independência israelense.
Anos mais tarde, ele se tornou político, atuando no papel de primeiro-ministro de Israel, nos períodos de 1984 a 1986 e de 1995 a 1996, além disso, foi cofundador do Partido Trabalhista Israelense. Peres também atuou como Minístro de Defesa e finalizou suas atividades frente ao Estado israelense ao exercer o cargo de presidente de Israel de 2007 até 2014.
No entanto, Shimon Peres tem uma trajetória que vai além da imagem política. Para a memória imediata, Peres se coloca entre os pacificadores e líderes carismáticos israelenses e buscou o diálogo, afastou-se dos papéis meramente cerimoniais, agiu como contrapeso ao viés de autoritário e conservador de outros estadistas. Ele fundou um Centro pela Paz, por meio da promoção da tolerância.
Contudo, captamos um certo antagonismo, pois ele também foi quem idealizou os assentamentos judeus nos territórios ocupados palestinos e quem convenceu Charles de Gaulle (França) a vender a Israel o seu primeiro reator nuclear (em 1959) que fez de Israel a única potência atômica – nunca oficialmente declarada – do Oriente Médio. Essas são algumas razões que mantiveram a paz longe do território palestino. Apesar disso e, no menos, Shimon Peres fez, quando o ambiente era favorável politicamente, o seu melhor, em estabelecer certo diálogo com os concorrentes palestinos, em busca do equilíbio na região inquestionávelmente conflituosa.
Com isso, que as palavras de Johan Galtung sirvam de exêmplo para as futuras gerações que atuarão no caminho da paz no conflito Palestino-Israelense: “a condição pela paz é o respeito mûtuo, dignidade, igualdade, reciprocidade – tudo isso nas três áreas – espirito, mente e corpo, cultura, política e economia.”
REFERÊNCIAS
BERCITO, D. Morre Shimon Peres, Nobel da Paz e presidente de Israel de 2007 a 2014. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2016/09/1480449-morre-o-ex-presidente-de-israel-shimon-peres-patrono-da-paz.shtml> Acesso em: 16 de outubro de 2016.
BIOGRAPHY.COM. Shimon Peres Biography Disponível em: <http://www.biography.com/people/shimon-peres-9437514> Acesso em: 16 de outubro de 2016.
EL PAÍS. Morre Shimon Peres, o último dos fundadores do Estado de Israel. Disponível em:
<http://brasil.elpais.com/brasil/2016/09/27/internacional/1474985406_594938.html> Acesso em: 16 de outubro de 2016.