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ONU: 71 anos de vida ou 71 anos rumo ao fim?



24 de Outubro de 1945, este foi o dia em que entrou em vigor o da Carta das Nações Unidas, assinada em Julho do mesmo ano, e que deu origem a Organização das Nações Unidas (ONU). No entanto, de acordo com Mônica Herz (2004), é possível concluir que esta organização internacional (O.I) não foi construída abruptamente. Assim como tudo na história, ela possui marcas e muita influência das experiências anteriores. Ou seja, ela é herança do legalismo das conferências de Haia, da prática de administração das relações internacionais (R.I) com o Congresso de Viena e o projeto de um sistema de segurança coletiva, advindo da Liga das Nações que ajudaram a formar o que hoje conhecemos como ONU.

Ainda conforme Mônica Herz (2004), a ONU “representa o ápice do processo de institucionalização dos mecanismos de estabilização do Sistema Internacional”. Contudo, analisando suas grandes contribuições para os países em diversos âmbitos e ao mesmo tempo a ineficácia em relação a certas questões, é possível afirmar que esta OI representa muito mais do que isso.

Quanto aos benefícios e o sucesso alcançado em suas missões, ela é um grande exemplo de como a paz pode ser vantajosa e de como a cooperação é o caminho mais racional e lógico a ser seguido - trazendo vantagens concretas a todos os atores do SI, diferentemente da guerra que pode levar a destruição, gastos, instabilidades e dentre outros problemas. Porém esta é a visão de filósofos idealistas que inspiram teorias de Relações Internacionais, como Immanuel Kant e Norman Angell, e demonstra apenas um dos posicionamentos a respeito do tema.

Nesse sentido, para outros autores denominados realistas - desde os mais antigos, como Tucídides - a cooperação de nada serve quando uma potência se encontra disposta a exercer seu poder. Por isso, nada melhor do que o caso emblemático da invasão dos EUA ao Iraque para exemplificar esta visão. Ou seja, apesar de todos os prós, a pressão e o soft power que as decisões e recomendações da ONU podem fornecer aos Estados, esta OI ainda não consegue desenvolver autoridade suficiente para garantir, de fato, a paz e prevenir de vez os diversos conflitos e ameaças mundiais.

Ao analisar as correntes teóricas acima e, diante de tantas outras perspectivas sobre a ONU não abordadas aqui, é válido questionar no seu 71º aniversário qual a sua validade no Sistema Internacional. Isso se faz necessário por conta do grande impacto mundial advindo do terrorismo, já que apesar de todas as suas carências, esta OI é a única agência política e de segurança de caráter universal.

Os anos de otimismo para a questão da segurança humana com o fim da União Soviética e a crença de que a partir daquele momento seria possível destravar as agendas, foram profundamente abalados pelos acontecimentos do 11 de Setembro. Isto, além de deixar a humanidade com “os pés no chão”, ainda trouxe o retorno do conceito de segurança como defesa. Porém, não mais aquela defesa em relação a outro estado, e sim em relação a um inimigo do qual não se sabe quem é.

Além disso existem outros desafios que a ONU enfrenta na atualidade. Com o desenvolvimento científico, o avanço das tecnologias e da internet, extrapolamos também o conceito de segurança física, como por exemplo o ciberterrorismo. Diversas são as dificuldades das quais esta organização precisa lidar na atualidade e diversos também são os atores que possuem grande peso no cenário internacional, como empresas transnacionais

Isso nos leva a questionar ainda mais a credibilidade das Nações Unidas hoje. Portanto, é importante analisar se estes seus 71 anos representam sua força e resiliência diante dos problemas existentes – como a falta de competência do conselho de segurança em lidar com as questões de segurança em âmbito não estatal- ou significam os 71 anos de uma organização que já se encaminha lenta e gradualmente para o seu fim.

REFERÊNCIAS

GIACON, Lívia. A Reforma das Nações Unidas: o caso do Conselho de Segurança. Disponível em: <http://www.faap.br/pdf/faculdades/economia/monografia/rel-internacionais/2010/livia_dias_giacon.pdf>


Estado e organismos internacionais: limites à cooperação

sob a ótica realista. Disónível em: <http://www.umc.br/artigoscientificos/art-cient-0037.pdf>


MACIEL, Tadeu Morato. “As teorias de relações internacionais pensando a cooperação”. 2009.


SARFATI, Gilberto. Teoria de Relações Internacionais. Editora Saraiva. São Paulo. 2005

HERZ, Monica; HOFFMANN, Andrea. Organizações Internacionais: História e Práticas. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2004, cap 1.


Sardenberg, Ronaldo. Segurança Global: Nações Unidas e Novas Vulnerabilidades. Disponível em: < http://www.iea.usp.br/publicacoes/textos/sardenbergsegurancaglobal.pdf>

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