A informante

Data de lançamento: 10 de agosto de 2011

Direção: Larysa Kondracki

Elenco: Rachel Weisz, Vanessa Redgrave, Monica Bellucci mais

Gêneros: Drama, Crime

Nacionalidades: EUA, Canadá, Alemanha

O filme “A Informante” conta a história real de Kathryn Bolkovac, ex-investigadora da polícia de Nebraska, que passa por um turbilhão em sua vida pessoal, ao ter a guarda da sua filha passada ao seu marido após o término do relacionamento. Além desse triste fato, a filha se muda para outra cidade, na qual o ex-marido de Kathryn está formando uma nova família. Com toda essa mudança drástica, Kathy se vê obrigada a mudar radicalmente seus hábitos, incluindo as suas finanças, o que a leva a buscar por um novo posto em seu trabalho, ou até mesmo a realocação de sua função.

Uma empresa privada, que possui contratos com o governo americano, está buscando mão-de-obra para atuar na Bósnia, devastada após a guerra. O conflito étnico-cultural deixou um rastro de destruição nas instituições e na sociedade bósnia. O pagamento, contudo, é o que salta aos olhos de Kathryn, vivida pela competente Rachel Weisz, já que o montante seria mais do que suficiente para estabilizar-se quando voltasse aos EUA. Atuando como monitora na missão de paz, passa a atender mais especificamente casos de crimes de gênero, que são substanciados por questões religiosas, linguísticas e étnicas da região.

Sua atuação firme lhe rende um posto acima, como chefe da seção de assuntos de gênero. Nessa nova posição, começam a surgir as intrigas com pessoas mais poderosas, e Kathryn constata, então, que há um sistema de tráfico humano em curso na Bósnia, com a conivência de funcionários internacionais de alto escalão, e cujas moças traficadas são torturadas por policiais e oficiais locais, além de membros da missão de paz na Bósnia. Conforme constatado por Kathy, há um grande esquema de recrutamento, transporte e venda de mulheres, que ultrapassa inclusive as fronteiras da Bósnia.

Entretanto, seu trabalho incomoda e Kathryn acaba por ser exonerada. Contando com a ajuda de alguns funcionários comprometidos com a sua causa, consegue, ao sair da Bósnia, tornar público os documentos que comprovam, em detalhes, como a ONU foi conivente, por intermédio de vários funcionários seus, com um grande esquema de tráfico humano, crime este que rende bilhões anualmente no mundo todo. Ao divulgar a situação do tráfico humano na Bósnia, Kathryn ajudou a reformular a política de combate a este tipo de crime pela Organização das Nações Unidas.

Outro lado importante do filme é o alerta, nas entrelinhas, para os contratos entre governos e empresas de segurança internacional. Nenhum dos acusados no caso foi formalmente julgado em seus países de origem, e a empresa para qual Kathy trabalhou ainda hoje detém contratos milionários com o governo dos EUA. Outra reflexão importante, que vem a calhar com o dia da ONU (24 de outubro), é sobre a atuação – incluindo alcance, eficiência e eficácia – das ações dessa Organização Internacional. Em um mundo no qual as Nações Unidas detêm a palavra final para a segurança a nível global, o que é feito quando essa segurança é falha e deixa atos terríveis como esse acontecer?

A carga dramática do filme envolve a quem o assiste, ainda que tal elemento esteja centrado exacerbadamente em Rachel Weisz, e a vida pessoal de Kathy seja um complemento rude no decorrer do filme, fazendo com que Kathryn Bolkovak seja uma personagem de fácil assimilação, que não deixa leituras possíveis que não sejam positivas sobre ela, que leva, sobretudo, a certeza de que, acima de qualquer ato político ou social, está o ser-humano, sua dignidade e seus direitos, e os mesmos devem ser respeitados, para além de assuntos estatais e soberanos