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Por um Fazer Ciência para todos: análise pós-colonialista da Semana Internacional da Ciência e da pa



A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu, em 1988, a semana do dia 11 de novembro como a Semana Anual Internacional da Ciência e da Paz. A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (UNESCO), que se encarrega do tema e das ações voltadas para este, afirma que o conhecimento científico para a sociedade internacional é de extrema importância, pois ao conhecer os benefícios que a ciência pode trazer às diversas populações do mundo, benefícios tanto econômicos como culturais, uma cultura de paz seria estabelecida, diminuindo, assim, possíveis conflitos.

A data, que no ano de 2016 tem como foco a celebração de Centros e Museus de Ciência, não tem apenas na promoção da paz objetivos a serem alcançados. A Semana Internacional possui como propósitos a reflexão acerca da necessidade do investimento (econômico, humano e técnico) na cooperação nacional e internacional em um maior desenvolvimento cientifico, mantendo assim, a paz e a segurança internacional.

Analisando o tema a partir de uma perspectiva pós-colonialista, é necessário saber que esta busca ressona as vozes dos povos excluídos das análises da Sociedade Internacional. Isso significa pensar as relações internacionais não somente para, mas a partir de povos da América Latina, África, Ásia e das demais porções do planeta que sofreram processos colonizatórios, cujo resultado é presenciado em aspectos políticos, econômicos, culturais e ideológicos.

Um dos pontos da literatura pós-colonialista (produções realizadas pelos povos colonizados pelas potências europeias) é os fatores associados ao colonialismo, assim como suas derivações. Seitenfus (2004) afirma que o colonialismo empreendido pelas potências europeias “foi uma atividade guerreira por excelência que se materializava pela ocupação militar (...), impregnando as relações internacionais (...) na contemporaneidade”. Entretanto, o processo de descolonização, este realizado pelos mais diversos povos de diversos territórios, não foi suficiente para eliminar “maneiras sutis de conquistar e oprimir, não por belicosidades diretas ou por conquistas territoriais e sim por penetração cultural sob a forma (...) da exportação de valores ocidentais embutidos” segundo Castro( 2005).

Assim sendo, é possível concluir que a Semana Internacional da Ciência e da Paz foi criada com um objetivo que se integra aos objetivos gerais da UNESCO, logo, o de promover a paz a partir de temas como o da ciência. Porém, analisando criticamente, é possível perceber outros interesses, considerando os usos dos avanços científicos pelos países hegemônicos que, buscam inserir seus valores culturais, ideológicos, dentre outros, em direção a um movimento neocolonial aos países outrora colonizados.

Como já foi mencionada, a perspectiva pós-colonialista busca dar voz a povos historicamente silenciados, assim sendo, nas discussões relacionadas à ciência, buscar reconhecer a existência de outras formas de conhecimento, que fogem do padrão cientificista europeu, é um passo importante a ser dado na tentativa de corrigir séculos de imposição de um discurso cuja imposição nas mais distintas culturas que foi (e ainda é) uma das marcas mais presentes.

É necessário compreender que a tecnologia não é nada mais que a extensão das aspirações humanas, assim sendo, a tecnologia acaba sendo utilizada, em diversos casos, para fins hegemônicos, retirando por vezes o protagonismo dos povos. Pensando a partir do pós-colonialismo, o próprio conceito de desenvolvimento – um dos objetivos que a Semana Internacional busca alcançar – é receptor de críticas, pois deve-se analisar primeiro para quem o desenvolvimento adquirido através do progresso cientifico é objetivado, e a partir disso, pensar em como o “fazer ciência” pode ser algo benéfico para todos, independente de território.


REFERÊNCIAS


BONNICI, Thomas. Introdução ao estudo das literaturas pós-coloniais. Mimesis, Bauru, v. 19, n. 1, p. 07-23, 1998.

CASTRO, Thales. Teoria das Relações Internacionais. FUNAG. Brasília. 2012.

SEINTEFUS, Ricardo Antonio Silva. Relações Internacionais. Manole. Barueri. 2004

UNITED NATIONS. Semana Internacional de la Ciencia y la Paz. Disponível em: http://www.un.org/es/events/scienceday/week.shtml. Acesso em: 30 de outubro de 2016.

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