A Intolerância: um desafio para Internacionalistas
O Dia Internacional para a Tolerância foi criado em 1996. Essa iniciativa foi uma forma de perpetuar o Ano das Nações Unidas para Tolerância, celebrado em 1995 e liderado pela UNESCO, estando fortemente relacionada ao Apartheid, o qual foi abolido em 1994, haja vista que o fim do sistema de segregação racial na África do Sul é um marco importante na luta pela tolerância. A cada dois anos, um indivíduo, organização ou instituição é recompensado com o Prêmio UNESCO-Mandajeet Singh por suas contribuições para a tolerância e não violência. Em 2016, o prêmio será entregue ao Centro Federal de Pesquisa e Metodologia para a Psicologia e a Educação da Tolerância, na Rússia.
A data reflete a necessidade do aprendizado sobre diferentes crenças e culturas e, principalmente, a importância do respeito e apreciação pelas diferenças existente entre as pessoas. Neste dia, debates são realizados por todo o mundo acerca de temas como racismo, discriminação, injustiça social e outros aspectos da intolerância que afetam a sociedade.
A discussão destes temas busca melhorar a integração e aceitação entre as pessoas; tolerar de modo a aprender a respeitar as diferenças e dar espaço para que outros compartilhem suas crenças e práticas. Em seu discurso no ano passado, o Secretário-Geral da ONU Ban Ki-moon, fala das ameaças oriundas dos que se esforçam para criar rupturas, além disso, propôs a criação de um caminho para o futuro baseado no diálogo, na coesão social e na compreensão mútua.
A discussão acerca do orientalismo - o oriente como invenção do ocidente - é fundamental para a compreensão da tolerância e é um alerta para que os internacionalistas sejam cautelosos ao lidarem com discursos de viés etnocêntrico.
No caso do orientalismo, temos o ocidente “dando voz” ao oriente, não permitindo que este fale por si mesmo e tornando-o, portanto, mudo. Neste sentido, pode-se perceber que o papel dos internacionalistas que, dentre outros, pode ser o da mediação. Isto significa permitir o diálogo entre duas partes, dando espaço para que ambas se manifestem e, possivelmente, cheguem a um acordo que seja satisfatório para ambas.
Para tanto, atuando nesta perspectiva, o profissional deve manter-se neutro, dando as mesmas oportunidades para que todos se sintam bem representados. Isso não é tarefa fácil, do contrário não haveria a necessidade da instituição de um dia internacional para instituição desses valores. Said (1978) comenta acerca da facilidade com que um discurso pode ser maculado, afirmando que o único valor real do orientalismo “é um lembrete da sedutora degradação do conhecimento, qualquer conhecimento, em qualquer lugar, a qualquer momento. Hoje em dia, talvez mais que antes”.
Portanto, pode-se verificar que o Dia Internacional para Tolerância é um pináculo para a compreensão das diferenças entre as pessoas e da necessidade de todas possuírem espaço para manifestar a praticar suas crenças e ideais. Para internacionalistas é uma oportunidade de reforçar sua compreensão sobre tolerância, além de divulgar, da melhor forma possível, o discurso da compreensão e respeito.
Vamos, então, celebrar nossa diversidade.
REFERÊNCIAS
NAÇÕES UNIDAS. Mensagem do Secretário-Geral para o Dia Internacional da Tolerância. Disponível em: http://www.unric.org/pt/mensagens-do-secretario-geral/32062-mensagem-do-secretario-geral-para-o-dia-internacional-da-tolerancia-16-de-novembro-de-2015
__. International Day for Tolerance. Disponível em: http://www.un.org/en/events/toleranceday/
SAID. Edward W. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. Trad. Tomás Rosa Bueno. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.