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O estado de emergência francês de 365 dias


Bandeira francesa no local do ataque, em Nice - PASCAL ROSSIGNOL / REUTERS

No dia 13 deste mês completou um ano dos atentados que deixaram a França em estado de urgência e marcou profundamente a vida de uma sociedade- que já havia sido atingida em janeiro do mesmo ano. O acontecimento reviveu o medo, a incerteza e, sobretudo, o sentimento de hostilidade exacerbado.

O título cosmopolita de Paris precisou ser revisto após estes eventos marcantes que provaram, mais uma vez, como hoje em dia a violência dos conflitos não está apenas às margens das grandes potências, como mencionaram os teóricos positivistas das Relações Internacionais. Para Joseph Nye o sistema contemporâneo é integrado por diversos atores e usando uma metáfora, “o palco está cheio”.

Desde o Stade de France, passando pelo restaurante Le Petit Cambodge, pelos bares La Bonne Bière, Comptoir Voltaire e La Belle Équipe, até finalmente à boîte Bataclan, lugares que ocorreram os atentados reivindicados pelo grupo Estado Islâmico deixaram cerca de 130 mortos, muitos feridos e um país com o seu orgulho ferido.

Contudo, os franceses possuem um passado histórico de não demonstrar fraqueza após acontecimentos impactantes. Após aquele 13 de novembro, Paris e o resto da França fechava suas fronteiras internas e externas para tentar organizar o seu próprio território. O que se pôde perceber, além de um maior contingente da “gendarmerie” nacional pelas ruas para a proteção do país, foi o fervoroso discurso da direita política em busca de forças para as próximas eleições, utilizando o discurso de que: a comunidade muçulmana ou de qualquer outra etnia, não seria mais bem-vinda em meio àquela sociedade.

A intolerância e violência contra o Islã se fez presente após os atentados por meio de uma desconfiança do povo para com o próprio povo francês muçulmano. A partir disso, percebeu-se como a identidade nacional deste país recebeu o golpe derradeiro de desestabilização sobre a sua própria formação e que vem causando grande mal.

Diante disto, também é preciso lembrar como os últimos anos vieram acompanhados de discussões acerca da questão de refugiados dentro da Europa. Desta forma, o que ficou claro foi que o país passou a ficar mais dividido ideologicamente

com as pressões de atores distintos, como, a União Europeia, o terrorismo e a falta de autonomia da própria França, que se encontra cedida à supranacionalidade.

Mas, afinal, o que esses ataques significaram na perspectiva de alcançar algum objetivo? Podemos utilizar as premissas da Teoria Crítica das Relações Internacionais a fim de tentar analisar o que compõe tais acontecimentos.

A partir das leituras de Robert Cox, é perceptível que há reminiscências de um processo histórico de dominação das potências que remontam ao período colonial e pós-colonial, no sentido que para o processo de ocidentalização de povos com matrizes culturais diferentes era necessária para a imposição de uma nova Ordem Mundial que legitimasse o domínio dos fortes sobre os fracos.

Com isso, uma das motivações do grupo Estado Islâmico em identificar tais países que impuseram e impõe sua superioridade – principalmente cultural e econômica – para com os demais, é de atacar esses pontos de referência do mundo ocidental para mostrar que há uma resistência ativa por parte de outras sociedades, por meio de verdades baseadas em uma religião no caso do islamismo radical, uma “validade” em aplicar estratégias de terror com fins políticos e ideológicos.

Neste sentido, deve-se considerar que nenhum tipo de atitude violenta deve ser reconhecida como legítima. Com as eleições presidências se aproximando o povo Français considerará estes acontecimentos na escolha do seu novo ou nova presidente, em 23 de abril e 7 de maio de 2017.

REFERÊNCIAS


Le Monde. Attentats du 13-Novembre. Disponível em: <http://www.lemonde.fr/attaques-a-paris/>. Acesso em: 20 de novembro de 2016.


JACKSON, Robert; SORENSEN, Georg. Introdução às Relações Internacionais. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.

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