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Bertha Lutz: Os primeiros passos na luta internacional pelos direitos femininos


Bertha Maria Julia Lutz (1894 – 1976) foi uma bióloga brasileira, formada pela Universidade de Paris-Sorbonne, no ano de 1918. Em 1933 se formou em direito pela Faculdade do Rio de Janeiro, atualmente incorporada pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Em 1919, passou no concurso público para o Museu Nacional e se tornou a segunda brasileira a ingressar no serviço público do país. No período em que viveu na Europa teve contato com os movimentos feministas; em seu retorno ao Brasil passou a ser figura importante na busca pela igualdade de gênero.

Nesse mesmo ano, após representar o Brasil na assembleia geral da Liga das Mulheres Eleitoras, realizada nos Estados Unidos, Lutz fundou a Federação Brasileira Pelo Progresso Feminino.

O reconhecimento do papel de Lutz na história da construção dos direitos das mulheres brasileiras não é recente. Historiadoras e sociólogas contam a trajetória que ela traçou para demonstrar a importância do acesso de meninas e mulheres a educação e da garantia de seus direitos civis e políticos.

Contudo, recentemente foram divulgadas pesquisas que comprovaram que a atuação de Lutz não foi importante apenas para as brasileiras. Ela foi essencial na luta internacional pelo reconhecimento dos direitos das mulheres e da igualdade de gênero.

Em 1945 Lutz integrou a delegação brasileira para a Conferência de São Francisco (Estados Unidos), evento que originou a Organização das Nações Unidas (ONU). As pesquisadoras, da SOAS - University of London (Escola de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de Londres), Elise Dietrichson e Fatima Sator, após realizarem consultas aos documentos da época concluíram que as menções sobre a igualdade de Gênero na Carta da ONU foram resultado das intervenções das delegadas latino-americanas.

De acordo com a pesquisa de Dietrichson e Sator, divulgada no site da ONU:

Bertha Lutz — com a ajuda de delegadas de Uruguai, México, República Dominicana e Austrália — reivindicou a inclusão da defesa dos direitos das mulheres na Carta e a criação de um órgão intergovernamental para a promoção da igualdade de gênero, enquanto a norte-americana Virginia Gildersleeve e assessoras britânicas se opuseram, classificando as propostas de “vulgares”.

As pesquisadoras assumiram que a intenção delas é a de reescrever a história, e demonstrar que a imagem de que apenas mulheres norte-americanas e europeias estiveram à frente do reconhecimento internacional dos direitos humanos femininos é equivocada.

Em uma breve analise pós-moderna, baseada nas ideias de Michel Foucault, podemos destacar alguns elementos, como, a ideia de poder, entendido como um feixe de relações mais ou menos organizadas, que não se limitam as fronteiras dos países, no qual todos participam das relações de poder.

E o que se entende por “verdade”, conjunto de procedimentos regulados para a produção da sociedade= a lei, a circulação e o funcionamento dos enunciados. A verdade está ligada aos sistemas de poder em vigência, que a produzem e apoiam os efeitos de poder que ela induz e que a reproduzem (FOUCAULT, 1979).

Estas ideias explicam como Lutz influenciou para que a carta da ONU fosse o primeiro documento internacional que tratasse diretamente sobre os direitos femininos. Assim como, explica a negligência em retratar a participação das latino-americanas na “verdade” em que se tem sobre o movimento internacional em prol dos direitos humanos das mulheres.

O legado que Lutz deixou através da defesa da educação, dos direitos e da participação das mulheres na sociedade pode ser exemplificado em uma frase do seu discurso na Conferência de São Francisco: “Nunca haverá paz no mundo enquanto as mulheres não ajudarem a cria-la”.

Referências

Educadores - Bertha Lutz. Disponível em: http://tvescola.mec.gov.br/tve/video?idItem=633

FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. 8. ed.. Rio de Janeiro: Editora Graal, 1989

LOPES, Maria Margaret. SOUSA, Lia Gomes Pinto de. A trajetória político-científica de Bertha Julia Maria Lutz (1894 – 1976). Contribuições para os estudos de Gênero e Ciências e à crítica da construção da “invisibilidade” das mulheres. Disponível em: http://www.uibcongres.org/imgdb/archivo_dpo1303.pdf

EXCLUSIVO: Diplomata brasileira foi essencial para menção à igualdade de gênero na Carta da ONU. Disponível em: https://nacoesunidas.org/exclusivo-diplomata-brasileira-foi-essencial-para-mencao-a-igualdade-de-genero-na-carta-da-onu/

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