top of page

Resenha: Snowden – Herói ou Traidor

Data de lançamento 10 de novembro de 2016

Direção: Oliver Stone

Elenco: Joseph Gordon-Levitt, Shailene Woodley, Melissa Leo

Gêneros: Suspense, Biografia

Nacionalidades: EUA, Alemanha, França


A história de Edward Snowden, por si só, é digna de um best-seller vindo de uma mentalidade como Agatha Christie ou Ian Flemming. Longe de um romance policial, tudo que se passou com Snowden é real, e provavelmente por muito tempo continuará a ter reverberações no mundo.

O ex-agente da NSA (Agência de Segurança Nacional), e posteriormente da CIA (Agência Central de Inteligência), que vazou informações confidenciais do governo dos EUA (Estados Unidos da América), é detentor do certificado de hacker ético, tendo trabalhado inclusive em Genebra, sob comando da NSA. Foi o trabalho constante com informações confidenciais, junto do contato contínuo com diplomatas e políticos levou o jovem Snowden a questionar a ética por trás de todo aquele trabalho.

O filme de Oliver Stone, premiadíssimo diretor, é bem fiel ao livro ‘The Snowden Files’, do jornalista inglês Luke Harding, o que ajuda no objetivo do longa, o qual é bem simples: deixar o espectador julgar por si próprio o que cabe as ações de Snowden, mostrando os dois lados da moeda.

No Brasil, o subtítulo do filme é mais do que sugestivo: “herói ou traidor”. Este dilema, presente em todo o filme, acaba opondo a comunidade internacional e o governo americano. Em meio a esse impasse colossal, Edward, interpretado pelo talentoso Joseph Gordon-Levitt, luta pela sua vida e segurança. No filme é retratado, e digno de menção, o icônico episódio entre EUA e Rússia quando Snowden deixou Hong Kong (China), de onde vazou as primeiras informações.

Snowden com a ajuda de outro importante ativista, Julian Assange, foi para a Rússia, onde conseguiu asilo temporário. Contudo, até chegar nesse ponto, mandou pedidos de asilo a mais de vinte países, dos quais, somente, Nicarágua, Venezuela e Bolívia aceitaram.

A permanência Snowden na Rússia é emblemática, e na época, causou atritos entre Moscou e Washington, refletindo-se em importantes reuniões internacionais por conta do asilo concedido. Outro ponto positivo do filme é retratar a situação física de Snowden, que é epilético, além de seus dilemas morais constantes, e a confiança de que estava fazendo o que era certo, sem se importar com o que muitos pensariam dele e de seus atos.

Para o governo dos EUA, Edward Snowden é um traidor, que divulgou as inúmeras ações inescrupulosas de Washington, a espionagem mais crua e descabida possível, tendo acompanhado muito proximamente Angela Merkel, Dilma Rousseff e Enrique Peña Nieto, presidente mexicano.

O sistema de espionagem americano, além de sutil, era cirúrgico, afinal de contas, essas informações eram confidenciais e, embora não haja, desde os 14 pontos de Wilson, a ‘diplomacia às escondidas’, ainda existe – e o filme demonstra claramente – uma ‘diplomacia paralela’, que se presta a esmiuçar os detalhes do cotidiano da vida de outros países, com o pretexto de que nunca se sabe ao certo quais ações serão tomadas pelos países na arena internacional.

Em um mundo no qual o papel dos Estados é posto em cheque face a coletividade dos cidadãos, enquanto se visualiza, como tendência global, a tentativa de reafirmação do ente estatal, a questão do gerenciamento de informações confidenciais entrou na pauta da agenda internacional.

O mundo acompanhou assustado a audácia dos americanos e de seu sistema de espionagem, enquanto que muitos aplaudiam o ato corajoso de Snowden. Todavia, em sua terra natal, muitos queriam até mesmo a pena de morte para o ex-agente da CIA e NSA.

Richard Stallman, criador do ‘software livre’, e apoiador de políticas mais inclusivas no ciberespaço, chegou a afirmar, em novembro deste ano, que “a democracia precisa de heróis como Snowden”, querendo dizer que seus vazamentos expuseram a diferença entre prática e realidade na política internacional – e a construção de verdades que move essa grande máquina de falácias.

Herói ou traidor? O que se sabe de Snowden é que seus atos mudaram o modo como os Estados se relacionam, e reavivou um debate caloroso no âmbito das Relações Internacionais: a espionagem enquanto forma de poder.

As lentes de Oliver Stone, neste filme especificamente, fazem provocações ao espectador, principalmente o mais atento, que vai captando as referências com a atualidade. Deixa uma questão em aberto: se até mesmo os Estados, entes racionais e mais importantes das Relações Internacionais, estão vulneráveis a ataques tão baixos, como fica a população civil? Quais serão as nossas formas de resistência e, principalmente, como construí-las em um ambiente inclusivo e aberto ao diálogo? Muito embora a duração do filme não dê uma resposta a essas indagações – tampouco é o seu objetivo – resta a nós escolher o nosso lado, tal como Snowden. Heróis de uma vida subserviente ou traidores que renunciam a sua própria privacidade?


Veja também
Verifique em breve
Assim que novos posts forem publicados, você poderá vê-los aqui.
Destaques

Um site que é a cara do curso de Relações Internacionais. 

Notícias do dia
Verifique em breve
Assim que novos posts forem publicados, você poderá vê-los aqui.
Redes sociais 
  • Instagram Social Icon
  • YouTube Social  Icon
  • Blogger Social Icon
  • Wix Twitter page
  • Wix Facebook page
Follow us 
  • Black Facebook Icon
  • Black Instagram Icon
  • Black Twitter Icon
  • Black Blogger Icon
bottom of page