Conflitos Sociais Contemporâneos
A disciplina Conflitos Sociais Contemporâneos é de suma importância para a formação de um Internacionalista, visto que, os conhecimentos obtidos pela disciplina, por ser de cunho sociológico, deixa evidente e límpido a compreensão sobre os atuais conflitos internacionais, que vão além de conflitos apenas dos moldes Westfalianos.
Os conflitos em variadas épocas da humanidade foram resolvidos por diversas formas. Segundo NASCIMENTO (2000), na formação das sociedades sempre prevaleceu a imposição do forte sobre o fraco, influenciada pelos Juízes Divinos. Os conflitos se davam entre duelos, combates, ordálias, com a exposição física entre outros para que tendo na época aceitação social.
O fim do século passado e o início deste século está sendo marcado por grandes transformações na arena internacional. Mas, o que de fato pode ser considerado um conflito? O que leva um conflito a eclodir? O artigo irá tratar, embasado em autores relevantes, a compreensão do conceito que cada vez ganha destaque para solucionar parte de problemas atuais e futuros do Sistema Internacional.
Ao falar sobre o conceito de conflito, necessariamente é preciso citar Georg Simmel (1983), o qual afirma que este sempre existirá, porém, os níveis do conflito é o que precisa ser discutido na arena internacional. Por exemplo, um conflito que chega em um nível violento, só ocorreu porque houve ausência de diálogo e, só foi possível chegar a este estágio, porque a relação social foi totalmente cortada.
“O conflito está assim destinado a resolver dualismo divergente; é um modo de conseguir algum tipo de unidade, ainda que através da aniquilação de uma das partes conflitantes (SIMMEL, 1983. Pág. 122)”
Vale a pena lembrar, que a disciplina discute inúmeros conceitos que podem ocasionar o conflito, e que ele não necessariamente se origina de um Estado contra outro chegando ao estágio de violência máxima que é a “guerra”. E se o conflito chegar ao fim, teremos então chegado a paz? Para Johan Galtung (1996), a Paz não significa integralmente a ausência de conflito e sim a ausência da violência de acordo com todos os tipos de conflito em construção.
Para o autor, existe a diferença entre Paz Negativa e a Paz Positiva. Enquanto que a Paz negativa é a sensação de uma paz conjuntural, ou seja, temporária, como exemplo um cessar fogo em determinados países (com ausência de violência), a Paz positiva trata de trabalhar de forma mais eficiente como as restaurações de relações, montar uma estrutura de um sistema social sólido para que todos sejam beneficiados de alguma forma.
Crises humanitárias em grandes escalas ocasionadas por situações de violência, necessariamente estão envolvidas também em pequenos conflitos como a questão ambiental, hídrica, fronteiriça, do comércio, entre outros, fazendo com que os extremos, quanto positivamente quanto negativamente, sejam resolvidos por um intermediador de alguma negociação desse conflito.
O conflito, na medida que for necessário, será inevitável tanto nas relações entre estados quanto em outros aspectos da arena internacional. O papel dos atores estatais e não-estatais não é excluir o conflito e sim se adaptar de forma eficaz ao emergir-se. Cabe o Internacionalista, portanto, estar atento aos diferentes tipos de conflitos, pois é com o olhar de mediador, ao analisar as partes, que será possível determinará estratégias coerentes para “manejar” as disputas de forma eficaz e eficiente.
REFERÊNCIAS
GALTUNG, Johan. Peace by Peaceful Means: Peace, Conflict, Development and Civilization. Sage, London, 1996.
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. ‘‘Compêndio de Direito Sindical’’, Ed. LTr, 2ª ed., 2000.
SIMMEL, George. A Natureza Sociológica Do Conflito, In Moraes Filho, Evaristo (Org.), Simmel, São Paulo, Ática, 1983.