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Semana da Solidariedade com os povos em luta contra o Racismo e a Discriminação Racial sob o olhar d



É celebrada, do dia 21 à 28 de março, a "Semana da Solidariedade com os povos em luta contra o Racismo e a Discriminação Racial". Este período tem como principal objetivo disseminar amor e compromisso pela igualdade de direitos e oportunidades. A semana tem início no dia 21 de março ou, Dia Internacional de Luta Contra o Racismo, dia este que surgiu após o "Massacre de Sharpeville" na África do Sul em 1960. O ato matou 69 manifestantes e feriu mais 180, à uma manifestação contra a Lei do Passe, que obrigava os não-brancos a portarem uma caderneta, contendo seus dados e restringia o acesso aos bairros de população branca da cidade. Historicamente, é possível identificar no período colonial, diversos regimes segregatícios ou práticas sociais que tomam posse do termo "raça" para segregar, escravizar, agir de pré-conceito, entre outros, classificando o "não branco" como inferior. Exemplos disto podem ser vistos por meio do Apartheid ou da escravidão brasileira.

O racismo impõe aos indivíduos desvios existenciais: “aquilo que se chama de alma negra é frequentemente uma construção do branco”. Os estigmas construídos aos grupos em sociedades racistas são veiculados em ditados populares correntes no cotidiano, facilmente encontrados em escolas, livros didáticos, histórias em quadrinho, literatura, cinema, musica. Segundo obras como “Pele negra, máscaras brancas”, de Frantz Fanon, o racismo e a colonização extirpam do negro qualquer aspecto de valor e originalidade.

Contudo, as culturas negras devem ser reconhecidas, sobretudo, enquanto culturas, sem o marcador étnico. Logo, a saída para o racismo está em colocar o negro em condição de igualdade com o branco no contexto universalista, onde se obtenha a superação do pretenso universalismo eurocêntrico. A luta do negro contra o racismo e o colonialismo é acontece pela conquista do reconhecimento de sua essência humana, e não de uma suposta essência negra. Deve haver um reconhecimento recíproco entre os diferentes grupos humanos, que não pode ser unilateral como ocorre em sociedades racistas, nas quais apenas o grupo dominante é reconhecido.

A teoria construtivista das Relações Internacionais surge como crítica as teorias racionalistas, por considerarem os interesses e identidades dos atores como exogenamente dados. Em oposição, o construtivismo resgata e enfatiza as crenças causais e normativas dos decisores e proporciona uma reflexão sobre como a distribuição de conhecimento, conforme as identidades, preferências e interesses dos atores. Para o construtivismo, os Estados formam algo mais complexo do que um sistema: uma sociedade. De acordo com a teoria, os atores não apenas reproduzem as estruturas normativas, mas também as alteram pelas suas práticas. Pode-se afirmar que a abordagem construtivista no estudo dos regimes internacionais enfatiza o papel das ideias, das normas e do conhecimento como variáveis explicativas do comportamento dos agentes na política internacional.

É possível analisar a construção social nas políticas brasileiras, onde metade da população é formada por negros. No Brasil, por exemplo, há investimento em leis para combater a discriminação e promover a inclusão, como a lei das cotas raciais. Esse processo de democratização, além de um processo de inclusão, é um processo de convivência, segundo o diretor de Políticas de Educação do Campo, Indígena e para as Relações Étnico-Raciais do MEC, Thiago Thobias, “A convivência é um dos melhores remédios para combater a discriminação e o racismo”. Segundo o sociólogo Reginald Daniel, os critérios com que brasileiros e norte americanos se identificam racialmente estão se aproximando, afirmando que os Estados Unidos estão deixando para trás um modelo de classificação rígido e binário, que enquadrava a maioria da população nas categorias branca ou negra, destacando a imigração latina e o crescimento de casamentos inter-raciais. Isto pode ser explicado por meio do pensamento de Nicholas Onuf, que defende a permanente evolução na sociedade, com agentes que influenciam a estrutura.

Portanto, é importante destacar comemorações como a Semana da Solidariedade com os povos em luta contra o Racismo e a Discriminação Racial, devido à necessidade deste tipo de discurso para as construções sociais. Fanon defende que a superação que é definida como condição neurótica, onde o negro está aprisionado em sua “inferioridade” e o branco em sua “superioridade”, deve ser superada através da luta, da transformação das condições materiais, onde tais relações assimétricas se produzem. A luta contra o racismo não é nova, e nem está longe de seu fim, porém, cabe a todas as pessoas, ou agentes segundo o construtivismo, influenciar na estrutura para que assim possamos chegar a um futuro de igualdade e respeito.



REFERÊNCIAS:


PORTAL BRASIL. Dia Internacional contra a Discriminação Racial é neste sábado (21). Disponível em < http://www.brasil.gov.br/educacao/2015/03/dia-internacional-contra-a-discriminacao-racial-e-neste-sabado-21> Acesso em: 24 de Março de 2017


G1. Massacre que marcou a luta contra o Apartheid faz 50 anos. Disponível em: http://g1.globo.com/Sites/Especiais/Noticias/0,,MUL1536909-17084,00-MASSACRE+QUE+MARCOU+A+LUTA+CONTRA+O+APARTHEID+FAZ+ANOS.html Acesso em: 24 de Março de 2017


FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Tradução de Renato da Silveira.. – Salvador: EDUFBA, 2008.


BBC. EUA caminham para modelo brasileiro de identificação racial, diz sociólogo americano. Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/01/160112_neymar_racismo_jf_cc Acesso em: 24 de Março de 2017


BUENO, A. M. C. Perspectivas contemporâneas sobre regimes internacionais: a abordagem construtivista. Disponível em: http://www3.fsa.br/proppex/recrie/numero1/recrietexto22009.pdf. Acesso em 24 de março de 2017

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