E o pequeno príncipe se fez rei
Diz- se que com cada onda em uma direção, tem-se uma, na mesma proporção, na direção oposta. Afirmativa duvidosa quando colocada em perspectiva nas decisões tomadas pelos eleitores ao elegerem Donald Trump, nos Estados Unidos e ao votarem pelo Brexit, na Inglaterra. No último dia 8 de maio, a França disse não à onda de nacionalismo e descontentamento populista e, no sentido oposto, disse sim ao ex-banqueiro europeísta e liberal Emmanuel Jean-Michel Frédéric Macron que promete novos ares, renovação, união e esperança aos franceses.
Macron é o mais jovem presidente eleito da V República da França. Desconhecido internacionalmente antes de 2016, em apenas 13 meses, conseguiu frear, na França, um ano de populismo e nacionalismo em sociedades em que o eleitor está cansado das elites, em um momento de ceticismo com o capitalismo de livre mercado e a ordem liberal internacional, de crise da integração europeia e de medo dos imigrantes e refugiados.
O ex-ministro da Economia vem de família de esquerda e agrada a direita apesar de se autodenominar de centro, Macron é liberal, pró-mercado e forte defensor da União Europeia. Em abril de 2016, ele lançou um novo movimento político, o En Marche! (Em Marcha) que deu as bases para a sua candidatura e fortalecimento político. Emmanuel Macron nasceu em 1977, em Amiens, se graduou com louvor no prestigioso liceu parisiense Henry IV e, depois, fez mestrado em Filosofia. Nos anos universitários, trabalhou como assistente editorial do renomado filósofo francês Paul Ricoeur, e hoje, se lança no sistema político francês, no qual ele ainda tem muita experiência a ganhar.
Entre suas propostas, Macron tem um plano de 50 bilhões de euros para treinamento profissional, incentivo a energias renováveis, infraestrutura e modernização. Promete reduzir o desemprego dos atuais 9,7% para 7%, proibir o uso de celulares na escola por menores de 15 anos e dar um vale-cultura de 500 euros para jovens de 18 anos. Em suma, ele quer ser, nas suas próprias palavras, “uma página de esperança e de confiança renovada" dos franceses. Além disso, ele quer reduzir o imposto que incide sobre as empresas (de 33,3% para 25%) para tornar o país mais competitivo e reduzir as despesas públicas (uma das atrofiadas de toda a Europa) progressivamente até atingir o nível recomendado pela União Europeia.
A França, ainda é um ativo e importante player internacional, especialmente quando olhamos para a União Europeia, e agora com Macron, a França continua a ter sua vocação universal e a crença em que a “ideia francesa” – os ideais da Revolução, dos direitos humanos – transcende suas fronteiras. Até mesmo em 1945 o general De Gaulle falava desses “momentos da história em que no solo da França se decidia o destino da Europa e, através dela, até mesmo o do mundo”. Por isso, Macron tem o desafio de refundar a crença na Europa e proteger os cidadãos com base nos valores republicanos dos quais ele tanto acredita. A eleição de Emmanuel Macron é uma mensagem global.
REFERÊNCIAS:
BBC. Quem é Emmanuel Macron, o novo presidente eleito da França. Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/internacional-39827757> Acesso em: 08 de maio de 2017.
EL PAÍS. Emmanuel Macron vence as eleições presidenciais na França. Disponível em:<http://brasil.elpais.com/brasil/2017/05/07/internacional/1494170800_057448.html> Acesso em: 08 de maio de 2017.
EL PAÍS. E o pequeno príncipe se fez rei. Disponível em:<http://brasil.elpais.com/brasil/2017/05/07/internacional/1494190173_081117.html> Acesso em: 08 de maio de 2017.
G1. Macron: veja perfil e ideias do candidato apontado como vencedor da eleição da França. Disponível em:<http://g1.globo.com/mundo/eleicoes-na-franca/2017/noticia/macron-veja-perfil-e-ideias-do-candidato-apontado-como-vencedor-da-eleicao-da-franca.ghtml> Acesso em: 08 de maio de 2017.