Para além das eleições: perspectivas para a França de Macron
Emmanuel Macron foi o escolhido pela maioria da população para assumir o cargo de presidente da França pelos próximos quatro anos. É certo que, a corrida presidencial do país foi a mais divulgada e analisada internacionalmente, comparada com os demais países europeus que passaram ou passarão pelo processo de escolha dos seus representantes em 2017.
Considerando os acontecimentos que eclodiram no país nos últimos anos durante a corrida presidencial, as atenções estavam voltadas para os discursos dos candidatos e as reações da população, agora, as atenções dos franceses (e da sociedade internacional), estarão voltadas para aquele que conduzirá o país.
Utilizando um discurso que combinava a emergência de uma “revolução jovem à política francesa” e a necessidade de um líder capaz de “incorporar a nação”, Macron recebeu aproximadamente 66% de votos em um processo eleitoral marcado por uma incomum elevada taxa de abstenção, reflexo da insatisfação de grande parte da população com os diversos segmentos, desde os econômicos aos sociais.
Fatos internacionais como o das eleições existem a partir de uma série de fatores, endógenos e exógenos ao local em questão. Aspectos relacionados ao binômio economia-política não apenas são basilares, como também influenciam outros âmbitos das relações de um país. No campo das Relações Internacionais, Andrew Moravcsik se apresenta como importante autor de proposições a respeito da União Europeia (UE).
Moravcsik e o Intergovernamentalismo Liberal, teoria baseada em parte por suas obras, postulam a influência de diversos grupos sociais, sendo eles nacionais ou transnacionais, para o condicionamento do Estado em relação às suas ações (DINIZ PINTO, 2010). Assim sendo, a integração regional acaba se tornando como uma forma de interação benéfica entre os Estados, sobretudo em questões comerciais, tecnológicas e locacionais.
Em significativa medida, a fase marcada por diversos indicadores negativos (elevada taxa de desemprego; economia atuando de forma estagnada; constantes tensões sociais, dentre outros) da França é relativa à crise vivida pelo continente europeu, em especial pelos membros da União Europeia. Este cenário de incerteza em relação ao bloco foi o catalisador para diversos movimentos de resistência, em grandes partes nacionalistas, espalhados por diversos países que, assim como, a França se encontram em um ano eleitoral.
O forte discurso contrário à integração não foi o suficiente para a vitória de Marine Le Pen, que recebeu aproximadamente 33% dos votos. Entretanto, esse discurso será um dos obstáculos encontrados por Macron em sua gestão como presidente.
Considerando os votos destinados a Le Pen, os abstinentes e os que votaram “em branco”, Macron encontrará uma significativa resistência da sociedade civil para seu discurso de ideologia centrista. Em junho, as eleições parlamentares que ocorrerão serão fundamentais para a concretização de diversas pautas propostas durante a campanha eleitoral, e uma derrota neste processo pode resultar em consequências negativas para o mandato.
Referências