Internet: A Maior Frustração do Sistema Internacional
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Os ataques cibernéticos que ocorrem diariamente, na maioria fracassados, mostram que o Sistema Internacional teve outra grande transmutação, sendo a última no fim da Guerra Fria, quando os EUA obteve êxito em derrotar a URSS e virar um hegemon. Nos início dos anos 80 a internet era utilizada apenas pelas agências de defesa dos EUA. Com o passar dos anos, a internet se tornou cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, até os dias atuais. De acordo com dados de 2015 da Organização das Nações Unidas (ONU), enquanto 6 bilhões de pessoas possuíam smartphones, apenas 2,5 bilhões possuíam acesso à banheiros. Sendo assim, a internet se tonou um bem imaterial extremamente necessário. Diante disto, será que o Sistema Internacional consegue acompanhar e se adaptar a tais mudanças?
Segundo Hobbes (1651), o homem é naturalmente mau, apenas focando em seus interesses e faz de tudo para consegui-los, nesta perspectiva o “Estado de Natureza” é considerado hostil e caótico. Entretanto, com a criação do contrato social, houve o limite entre os direitos de cada indivíduo pelo Estado, sendo assim, este passaria a controlar parte da liberdade da população para que houvesse a paz.
Sob esta ótica, é possível utilizar a teoria de Hobbes na questão cibernética, pois a internet pode ser considerada uma anarquia, haja vista que não há poder regulador que atue sobre ela. Desta forma, os indivíduos que utilizam a internet, principalmente nas áreas da deepweb, acreditam que não poderão ser julgados devido ao anonimato e do difícil acesso aos dados dos usuários, que são modificados por meio de softwares que mudam o IP do computador.
Também é possível utilizar a perspectiva das Relações Internacionais, especificamente a teoria do Realismo Ofensivo, de Mearsheimer, onde este explana que “não há garantias de que outros deixarão de lado as pretensões de conquista-los ou subjuga-los” (JATOBÁ, 2013). Segundo Jatobá (2013), para Mearsheimer existem cinco premissas, duas delas serão apresentadas a seguir. A primeira é que as grandes potências possuem inerentemente, alguma capacidade militar ofensiva, e a segunda é que as grandes potências são vistas atores racionais. Com isto, pode-se considerar que a internet vive uma anarquia, assim como o Sistema Internacional, contudo os Estados veem a necessidade de ter o mínimo de controle, tanto pela questão de segurança, quanto pelas possíveis ameaças.
O avanço da internet atingiu um nível em que tudo pode ser transmitido ao vivo de todos os lugares, como as transmissões da Estação Espacial que se encontra na órbita da Terra, bem como tudo pode ser acessado de qualquer parte do globo. Sendo assim, de acordo com a teoria realista de Relações Internacionais, os hackers, ao se sentirem ameaçados pelos Estados, poderão atacar os sistemas cibernéticos destes, causando caos ao Sistema Internacional.
Desta forma, os Estados ficam diariamente em alerta, caso haja um ataque hacker em qualquer sistema, pois pode haver o vazamento de arquivos confidenciais, acesso a um arsenal de armas controladas por computadores, queda de acesso de sistemas bancários, entre outros. E, devido a internet ser considerada anárquica e de difícil rastreamento, há a demora em identificar a origem do ataque, que pode ser desde hackers comuns até Estados com intenções maliciosas, como é o caso da Rússia, que tem tomado frente da parte cibernética, pois tal ação é estratégica e racional, visando seus interesses.
Sendo assim, o Sistema Internacional, e em especial os Estados, sentem-se frustrados ao se depararem com um sistema anárquico e extremamente sofisticado da internet, pois estes não possuem poder dentro desse sistema cibernético interconectado. Portanto, o maior desafio do Sistema Internacional é conseguir criar leis e normas, visando uma governança global para o tema, assim será mais viável alcançar maior controle, principalmente em relação à segurança dos Estados.
Referência:
JATOBÁ, Daniel. Teoria das Relações Internacionais. São Paulo: Saraiva, 2013.