Aspectos neorealistas sobre a reeleição de Hasan Rohani no Irã
- Thaise Leal – Acadêmica do 5º semestre Relações
- 31 de mai. de 2017
- 2 min de leitura

Desde 2013, a Política Externa do Irã vem possibilitando um espaço melhor de diálogo entre o país e a comunidade internacional. No entanto, após Donald Trump assumir a presidência dos Estados Unidos, o Irã tem se afirmado que não aceitará novas sanções impostas pelas Nações Unidas.
Recentemente, em encontro com Benjamin Netanyahu, o presidente norte-americano culpou o Irã pela instabilidade no Oriente Médio. Pode-se ver que a democracia iraniana não acompanha a liberdade necessária que seus cidadãos precisam. Apesar do poder de escolha de quem os governam, os iranianos ainda são fustigados pela teocracia islã, que pune legalmente, com apoio estatal, adúlteros e homossexuais. Neste contexto, a reeleição do presidente Hasan Rohani representa a continuidade de abertura internacional, a manutenção de tensões com os Estados Unidos e Israel e a necessidade de rever seus posicionamentos internos.
Segundo John Mearsheimer (2001), teórico neorrealista de Relações Internacionais, o fim da Guerra Fria marcou uma mudança radical em sobre como os grandes poderes interagem entre si, pois a guerra se tornou um empreendimento obscuro. Notamos isto, por exemplo, na corrida dos países com o investimento em armas nucleares e na indústria bélica. O Irã tem potencial para se desenvolver neste setor, mas é visto como uma ameaça pelos Estados Unidos, que, em conjunto com Israel, constantemente impõe restrições sobre o país.
A política internacional é um negócio implacável e perigoso, através da qual os Estados buscam maximizar sua participação no poder mundial à custa de outros Estados, de modo a redistribuir o poder e alcançar a hegemonia (MEARSHEIMER, 2001). Neste sentido, a ampliação da Política Externa iraniana é parte de sua estratégia em estender sua participação no cenário regional e mundial.
No caso da Síria, o Irã tem apoiado às ações da Rússia para combater rebeldes locais, além disso, considera enviar tropas para vistoriar o cessar-fogo estabelecido em acordo. Sua importância no Oriente Médio extravasa fronteiras políticas e ideológicas, com vista em seu crescimento econômico. Este é o principal aspecto da sua atuação na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), no qual, geopoliticamente, o Irã possui a segunda maior reserva de petróleo do mundo.
A teoria neorrealista de Mearsheimer (2001) explica que os Estados se comportam de maneira ofensiva porque a natureza do Sistema Internacional é caracterizada pela anarquia (ausência de uma autoridade central), pelo fato de os Estados terem capacidade militar e pela imprevisibilidade de ação de outros Estados. Portanto, neste cenário de crescente instabilidade de relações entre os Estados Unidos e o mundo, Hasan Rohani poderá sustentar seus argumentos de maximização de sua indústria bélica e do investimento em armas nucleares, devido a imprevisibilidade do que poderá ocorrer daqui para frente.
REFERÊNCIAS
DELLAGNEZZE, R. O Irã e suas relações internacionais no mundo globalizado. Disponível em: <http://www.ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12624> Acesso em: 30 de maio de 2017.
El País. Notícias sobre o Irã. Disponível em: <http://brasil.elpais.com/tag/iran/a> Acesso em: 30 de maio de 2017.
MEARSHEIMER, J.J. The tragedy of great power politics. New York: W.W. Norton & Company, 2001.
Comentarios