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O cenário do Qatar diante dos países da Península Arábica



O Estado do Qatar obteve sua independência em 1971, após ter sido um protetorado britânico. A partir de então, sua economia passou a crescer constantemente, devido às receitas provenientes do petróleo e do gás natural. O país é um emirado absolutista e hereditário, liderado pela Casa Thania desde o século XIX. Este pequeno Estado árabe possui fronteiras com a Arábia Saudita, Bahrein, Irã e Emirados Árabes Unidos.

Segundo a revista Forbes, o Qatar lidera a lista dos países mais ricos do mundo e com os maiores índices de desenvolvimento humano na região árabe. Buscando garantir soberania dentro do Sistema Internacional, o Qatar tornou-se aliado do Reino Unido e dos Estados Unidos, sendo sede para bases militares norte-americanas.

Sua grande representatividade na região árabe como um dos primeiros países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e um dos membros do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), levou o país a receber o status de média potência. Entretanto, o Estado não é sempre um forte aliado do Ocidente. O Qatar permitiu que o Talibã Afegão criasse um cargo político no interior do país, além de ter estreitas relações com o Irã, contendo um campo de gás natural compartilhado.

Devido ao seu histórico de esforços para combater o terrorismo islâmico, quatro países árabes romperam relações diplomáticas com o país na última semana. Dentre eles, três fazem parte da chamada Península Arábica, sendo: Bahrein, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, além do Egito.

A iniciativa tomada pelos quatro países parte do princípio de que o Qatar acolhe células terroristas, causando insegurança e instabilidade na região, devido a seu apoio ao islamismo político. Ademais, a decisão prioriza a retirada de seus diplomatas do Estado do Golfo Pérsico. O atrito reverberou diretamente na economia catariana, elevando o preço do petróleo e, levando a queda da Bolsa de Valores do país. Além disso, diversos voos foram cancelados para outras regiões. Isto trouxe grande preocupação para o Estado, pois sendo um país desértico, o Qatar importa 90% de seus alimentos utilizando aeroportos.

A desavença diplomática iniciou depois da visita do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump a capital da Arábia Saudita, Riade, local onde Trump pediu que os países muçulmanos agissem de forma eficaz contra o extremismo religioso. O Qatar defende que as acusações são falsas, além de ser uma tentativa de tentar submeter o Estado à tutela dos demais e, isto se constitui como uma violação grave à sua soberania e à carta da CCG.

A partir da visão do teórico neorrealista das Relações Internacionais, Kenneth Waltz (1959), a estrutura do Sistema Internacional é algo que delimita as ações do Estado, ou seja, as Nações de acordo com a estrutura do Sistema Internacional. O teórico busca examinar a causa da guerra, mas não o conflito em si, mas a disputa entre potências, por meio do pressuposto estruturalista.

O autor analisa três atores– o homem, o Estado e a Guerra (que neste sentido é visto como o sistema internacional) – procurando entender o porquê da existência de conflitos. O ponto de partida desta análise começa a partir do homem, apontando que as guerras resultam do egoísmo e da estupidez humana. Porém Waltz (1959) refuta essas causas, explicando que para a eliminação do conflito deveria haver melhor esclarecimento dos homens, por meio de ajustamentos sociais ou morais.

A segunda perspectiva é a do Estado, no qual as causas da guerra acontecem devido à má organização do Sistema Internacional. Waltz (1959), então sugere a reorganização dos Estados e a aplicação da democracia para solucionar os defeitos. Portanto, a guerra é inevitável no Sistema Internacional estruturalmente anárquico. Isto ocorre, não porque o homem é mal, nem porque o Estado é desorganizado, mas porque a desordem está na essência do Sistema Internacional e, isto pende ao conflito.

Neste sentido, pode-se ver que a ação combinada entre Bahrein, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e o Egito, é uma tentativa clara de isolar o Qatar, que sempre manteve certa independência em suas políticas na região. Ao cercarem o Qatar, os Estados o estão empurrando cada vez mais para o lado de países como o Irã e Turquia, que são contra essas ações. O Estado iraniano já se disponibilizou em ajudar no envio de alimentos e a Turquia condenou o ato dos demais países. Neste sentido, a ruptura das relações políticas e o fechamento de fronteiras por parte dos Emirados Árabes e da Arábia Saudita, com o intuito de sufocar o Catar, acabou por provocar a pior crise entre as monarquias do petróleo desde a invasão do Kuwait pelo Iraque em 1990.


Referências


DIÁRIO DE NOTÍCIAS. Quatro países cortam relações diplomáticas com Catar. Disponível em: http://www.dn.pt/lusa/interior/quatro-paises-arabes-cortam-relacoes-diplomaticas-com-qatar-8535578.html

EL PAÍS. Arábia Saudita, Emirados Árabes, Bahrein e Egito cortam relações com Catar por “apoio ao terrorismo”. Disponível em: http://brasil.elpais.com/brasil/2017/06/05/internacional/1496643605_827816.html

________. O Catar depois do bloqueio de vizinhos: um país sem dólares e sem frango. Disponível em: http://brasil.elpais.com/brasil/2017/06/09/internacional/1497003152_650272.html

_______. Disputa diplomática com Catar ameaça o equilíbrio de poder no Oriente Médio. Disponível em: http://brasil.elpais.com/brasil/2017/06/10/internacional/1497088773_409761.html

SPUTNIK NEWS. Crise no Qatar é ‘primeiro fracasso real da política dos EUA no golfo pérsico’ Disponível em: https://br.sputniknews.com/oriente_medio_africa/201706178668591-crise-qatar-fracasso-eua-oriente-medio-crise/

_____________. Emirados Árabes Unidos apelam ao Ocidente para mediar crise no Qatar. Disponível em: https://br.sputniknews.com/oriente_medio_africa/201706188673084-ocidente-eau-crise-qatar-terrorismo/

_____________. Turquia pode ser o próximo alvo depois do Qatar na crise diplomática do Golfo. Disponível em: https://br.sputniknews.com/oriente_medio_africa/201706168661856-turquia-proximo-alvo-depois-de-qatar/

WALTZ, K. N. Man, the State and War: a theoretical analysis, 1959.

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