top of page

Dia Mundial da Assistência Humanitária: reflexões a partir da Diplomacia Cidadã

O dia 19 de agosto é marcado na história das Relações Internacionais por um trágico acontecimento: o atentado terrorista contra as instalações das Nações Unidas em Bagdá, no Iraque, que culminou na morte de 22 pessoas, dentre elas, o representante da ONU no local, Sérgio Vieira de Melo, diplomata brasileiro. Em 2008, uma resolução foi aprovada pela Assembleia Geral da ONU tornando a data o Dia Mundial da Assistência Humanitária, prestando homenagens aos trabalhadores de ações humanitárias, bem como difundir a importância de se ajudar vítimas de crises de diversos tipos.


Em 2017, a data possui como tema central de discussão “Not a Target”, em alusão aos civis que se encontram em áreas vulneráveis por conflitos, guerras, catástrofes, etc. Putnam (2010) atesta, na lógica do Jogo dos Dois Níveis, a importância que deve ser atribuída a fatores domésticos e internacionais em relação a fenômenos da política internacional. Os conflitos presentes nas relações internacionais, logo, envolvem aspectos destas duas ordens e, para o tema da assistência humanitária, a sociedade civil desempenha um significativo papel para análises e políticas.


É importante pontuar que o fenômeno do conflito não deve ser compreendido de forma totalmente negativa. Conflitos podem desempenhar funções como a criação de alianças, criação e alteração de regras, normas, leis, instituições, dentre outras (NAÇÕES UNIDAS, 2017). Entretanto, percebe-se cada vez mais a participação de outros atores, questionando a lógica estatocêntrica das Relações Internacionais, sendo o campo acadêmico um dos principais fomentadores dessa mudança.


Nessa trilha, a diplomacia cidadã surge como uma ferramenta de questionamento acerca da real participação de atores não estatais na gestão de conflitos e discussões das diversas agendas internacionais (ROCHA, 2014). Embora a diplomacia cidadã não tenha como objetivo substituir a diplomacia tradicional, um número considerável de pesquisadores vem utilizando seus pressupostos na tentativa de compreender o grande número de conflitos que ocorrem atualmente.


Autores como Andrés & Pereira (2008) apontam algumas características da diplomacia cidadã, ou Two-Track Diplomacy: o desenvolvimento de campanhas, monitoramento da implementação de políticas públicas nacionais e internacionais. Ademais, ela pressupõe a necessidade de pressionar politicamente governos e organizações multilaterais sobre demandas específicas. Tais características são fortemente encontradas na prática profissional daqueles que trabalham em ações humanitárias.


Os processos, econômicos, políticos, sociais, científicos e culturais – embora desiguais – da globalização, acabaram por ratificar a emergência de uma sociedade civil mais ativa. Considerando que conflitos antes “invisíveis” passaram a ser veiculados a uma grande parcela da população, dentro e fora dos limites territoriais, a importância dos trabalhadores de ações humanitárias torna-se cada vez mais forte.



REFERÊNCIAS

ANDRÉS, A.; PEREIRA, I. Diplomacia Cidadã. Pp. 33-40. In: Paz e diálogo entre civilizações / Clóvis Brigagão e Denise L. C. Galvão (orgs.) ; Candido Mendes. [et al.]. - 1.ed. - Rio de Janeiro : Gramma, 2008. 214p. : il. - (Cadernos GAPCONflitos ; 5)

NAÇÕES UNIDAS. Dia Mundial de la Asistencia Humanitaria. Disponível em: http://www.un.org/es/events/humanitarianday/

http://www.scielo.br/pdf/rsocp/v18n36/10.pdf

ROCHA, B. C. Diplomacia ciudadana y la sociedad civil como actor global. 2014.


Veja também
Verifique em breve
Assim que novos posts forem publicados, você poderá vê-los aqui.
Destaques

Um site que é a cara do curso de Relações Internacionais. 

Notícias do dia
Verifique em breve
Assim que novos posts forem publicados, você poderá vê-los aqui.
Redes sociais 
  • Instagram Social Icon
  • YouTube Social  Icon
  • Blogger Social Icon
  • Wix Twitter page
  • Wix Facebook page
Follow us 
  • Black Facebook Icon
  • Black Instagram Icon
  • Black Twitter Icon
  • Black Blogger Icon
bottom of page