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Neonazismo: considerações acerca da Segurança Internacional



Historicamente, em tempos de crise e ameaças à segurança – como terrorismo, questão nuclear, fome, aquecimento global, entre outros – o conflito é iminente. No dia 12 de agosto de 2017, protestos na cidade norte-americana de Charlottesville (Virgínia), chamaram a atenção da sociedade internacional e repercutiram durante os dias seguintes.

Após a retirada da estátua de Robert E. Lee, general do Exército Confederado durante a Guerra Civil, grupos suprematistas neonazistas como o Ku Klux Klan (KKK) protestaram contra a Prefeitura da cidade, carregando tochas e gritando palavras de ordem, o que logo se tornou um conflito em que manifestantes antifascistas foram agredidos, e uma mulher morreu atropelada por um simpatizante.

Outro evento relevante deu-se no dia 19 de agosto, em Berlim (Alemanha), em que manifestantes neonazistas estiveram em passeata pelos 30 anos da morte de Rudolf Hess, vice-comandante no Partido Nazista, chefiado por Adolf Hitler. Centenas de pessoas, no entanto, contrárias ao ato, também se manifestaram e interromperam a marcha neonazista, os fazendo mudar de percurso.

Nesse sentido, é possível abordar a temática do neonazismo pelo viés dos Estudos de Segurança Internacional, baseando-se, assim, nos estudos de Barry Buzan, professor de Relações Internacionais na London School of Economics, acerca da Segurança Internacional e da Securitização. Estes dois conceitos distinguem-se e são processos relevantes para analisar a postura do governo de Donald Trump e do governo da Alemanha pós II Guerra Mundial.

Segurança Internacional, para Buzan (1998), tem relação direta com a sobrevivência e, é considerada quando um problema representa uma ameaça a um determinado objeto – seja o Estado, um organismo, a sociedade, etc. Então, combater essa ameaça justificaria o uso da força. Já securitização ocorre quando o problema que foi politizado passa a ser uma ameaça além da “política normal” e, então, legitima-se a adoção de mecanismos de emergência. Não há ameaças tidas como objetivas, pois elas são construídas por meio de discursos de atores relevantes, levando a sociedade a aceitar toda medida considerada necessária para destruir a ameaça (BUZAN, WAEVER, WILDE, 1998).

O posicionamento de Donald Trump sobre o conflito em Charlottesville foi de certa indiferença, não nomeando o movimento como uma ameaça, como fez o conselheiro de Segurança Nacional de Trump, H. R. McMater, o classificando como “terrorismo interno”. Trump, assim como muitos defensores do Neonazismo e do grupo extremista Ku Klux Klan, validou a situação pela não restrição à liberdade de expressão amparada na Constituição.

Entretanto, na Alemanha, um país profundamente marcado pelo Regime Nazista, proíbe o uso de símbolos, discursos ou movimentos que remetam ao nazismo, sendo considerado crime, tal como ocorre na Áustria, na Suécia, no Brasil e outros. Portanto, a marcha que ocorreu no dia 19 foi permitida pelas leis que garantem liberdade de expressão, contudo, foram pontuadas várias restrições.

Nesta perspectiva, é possível conceber que na Alemanha, o neonazismo é tido como tema de securitização altamente politizado, ou seja, é tido como uma grave ameaça à segurança, não apenas do Estado, mas da Sociedade Internacional. Em contrapartida, Donald Trump tem demonstrado um posicionamento que desclassifica o movimento do posto de ameaça.

Vale ressaltar que uma parcela considerável dos que apoiaram Trump na eleição, fazem parte de movimentos suprematistas e apoiam-se na postura de Trump para promover o ódio. A liberdade de expressão é um direito inerente ao ser humano, contudo deve ser considerado um limite quando a liberdade fere os direitos do próximo, assim, a postura de Donald Trump é perigosa pois incentiva movimentos de ódio que são formados com caráter de legalidade no Estados Unidos.

O neonazismo constitui de fato uma ameaça, comprovada pela história, e está cada vez mais presente, devido ao colapso do Welfare State. Isto evidencia as tendências atuais de avanço do nacionalismo, protecionismo, xenofobia, crises econômicas, políticas, migratórias e de segurança. Nesta perspectiva, Buzan (1998) considera que a securitização ocorre quando há uma falha do Estado em manter a segurança, portanto, é importante planejar a segurança para além dos parâmetros internacionais, mas também nos setores políticos e sociais internos do Estado de modo a garantir os direitos dos indivíduos.

Referências

BBC. Por que é mais fácil ser neonazista nos EUA do que na Alemanha. Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/internacional-40958924>. Acesso em agosto de 2017.

BUZAN, B. Security: a new framework for analysis. Barry Buzan, Ole Waever, and Jaap de Wilde. Lynne Rienner Publishers. Colorado. 1998.

Deutsche Welle. Marcha neonazista enfrenta protestos em Berlim. Disponível em: <http://dw.com/pt-br/marcha-neonazista-enfrenta-protestos-em-berlim/a-40159824>. Acesso em agosto de 2017.

El Pais. O ápice da ultradireita caminha lado a lado com Donald Trump. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2017/08/13/internacional/1502645550_679199.html>. Acesso em agosto de 2017.


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