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Dia Internacional da Saúde Mental, considerações de Michel Foucault sobre biopolítica

A data foi celebrada pela primeira vez em 1992, pela Federação Mundial de Saúde Mental, em 10 de outubro, com o objetivo de gerar conscientização sobre a questão, mobilizando ações de suporte à problemática.


Este ano a organização mundial da saúde escolheu como tema específico para discussão “saúde mental no trabalho”. A iniciativa busca promover campanhas para as empresas no suporte de seus funcionários, pois assim eles obtêm ganhos não somente na saúde, mas na produtividade no trabalho e na força financeira de sua organização.


Desde 2013 a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem um plano abrangente de saúde mental que dura até 2020. O mesmo foi adotado pela 66ª Assembleia Mundial da Saúde e entre os objetivos principais estão: fortalecer a liderança efetiva e a governança para a saúde mental; fornecer serviços integrados e receptivos de saúde mental e assistência social em ambientes baseados em comunidade; implementar estratégias de promoção e prevenção em saúde mental; fortalecer sistemas de informação, evidências e pesquisas para a saúde mental.


Desta forma, o aumento de incentivos de cooperações internacionais e a publicação do relatório da OMS de 2008 deram início a uma nova onda em que foi possível perceber a passagem do foco da política internacional, saindo da perspectiva da relação entre os países, para uma perspectiva transnacional e transterritorial.


Outros temas transversais à questão de saúde mental podem ser elencados, como a saúde materna e infantil, que segundo a OMS, em todo o mundo cerca de 10% das mulheres grávidas e 13% das mulheres que acabaram de dar à luz experimentam um transtorno mental, principalmente a depressão, com isso, o crescimento e o desenvolvimento das crianças também podem ser afetados negativamente. Também podemos pontuar transtornos e desordens mentais como esquizofrenia, depressão, deficiências intelectuais e distúrbios devido ao abuso de drogas.


À vista disso, podemos analisar o tema a partir dos estudos de biopolítica de Michael Foucault (1979). Para o autor, a fundação do Estado moderno e a criação e o desenvolvimento das recentes relações de produção capitalistas, provocam o estabelecimento da anátomo-política disciplinar e da biopolítica normativa como métodos institucionais de modelagem do sujeito e de administração das comunidades; ou seja, de formatação do indivíduo e de gestão da população.


A partir disso, embora não fosse o objeto de discursão de Foucault, é incontestável o aparecimento do tema trabalho, por exemplo, na obra Vigiar e Punir (1975), como uma técnica de padronização dentro dos organismos produtivos que pode contribuir para o desgaste físico e mental, no qual ele afirma que “o corpo só se torna força útil se é ao mesmo tempo corpo produtivo e corpo submisso” (FOUCAULT. 1975. P, 28).


A administração das forças produtivas adquire um raio que engloba o homem não apenas enquanto célula produtiva (ser humano que possui força de trabalho), mas também, promovendo, através da mediação dos valores da sociedade moderna, onde o entendimento dos indivíduos transformados em seres de uma espécie biológica. Um aglomerado de gente governada pelos preceitos e técnicas da gestão da vida, nos modelos industriais.


Além da problemática na sociedade e na saúde, os transtornos mentais demonstram impasses no que diz respeito à economia da nação. Um relatório do Fórum Econômico Mundial e da Escola de Saúde Pública de Harvard calculou que a consequência global das doenças mentais no que se refere ao desfalque de produção econômica será de US$ 16,3 trilhões entre 2011 e 2030. Na Índia, os transtornos mentais custarão US$ 1,03 trilhão entre 2012 e 2030, enquanto a China, no mesmo período estima-se perda de US$ 4,5 trilhões em doenças mentais.


Portanto, a partir do trabalho da OMS, constatou-se que políticas inadequadas de saúde e segurança têm sido comuns em empresas, assim como más práticas de comunicação e gestão, participação limitada na tomada de decisões ou baixo controle sobre a área de trabalho, baixos níveis de apoio aos empregados, horas de trabalho inflexíveis e tarefas pouco claras ou objetivos organizacionais.


Por fim, em razão dos fatos apresentados acerca da saúde mental no local de trabalho e as reflexões do referido autor, pode-se argumentar que é necessário valorizar a atividade produtiva do indivíduo, tornando o ambiente de ofício um espaço saudável. É necessário que as instituições públicas e privadas criem dinâmicas para desenvolvimento da criatividade no trabalho, pois deve ser um ambiente aberto a novas ideias.


Referências

BATISTA, Jorge. GUIMARÃES, Jane. A gestão do trabalho, do homem e da vida a partir do pensamento de Michel Foucault. Revistas Eletrônicas. Vol. I, n° 02, Outubro-2009.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes, 1975.


A importância de um ambiente de trabalho mentalmente saudável. Disponível em: <http://www.healthways.com.br/noticias/importancia-de-um-ambiente-de-trabalho-mentalmente-saudavel/>. Acesso em: 08/10/2017


Organização Mundial da Saúde. Plano de ação abrangente para saúde mental 2013-2020. Disponível em: <http://www.who.int/mental_health/action_plan_2013/en/>. Acesso em: 08/10/2017.


Da saúde internacional à saúde global. Disponível em: <https://saudeglobal.org/2013/04/25/da-saude-internacional-a-saude-global/>. Acesso em: 08/10/2017

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