Laranjas e Sol
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Ano de lançamento: 2010
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Direção: Jim Loach
Elenco: Emily Watson, Hugo Weaving, David Wenham
Gênero: Drama
Nacionalidade: Reino Unido, Austrália
Laranjas e Sol é um drama envolvente, que trata do envio ilegal de crianças britânicas para Austrália e Canadá, as quais eram nascidas em famílias desestruturadas ou de mães solteiras, que não queriam ou podiam criá-las, nas décadas de 1940 e 1950. Embora o centro do filme seja a busca da assistente social, Margareth Humphreys (Emily Watson), por provas que corroborassem o inacreditável esquema responsável pela deportação de milhares de crianças, há ainda espaço para mostrar a atuação do profissional de assistência social e seu importante papel na luta por uma sociedade mais justa. Além disso, o longa mostra como é complicado e arriscado ir contra os interesses de um governo.
Sobre o confronto com o Estado, Margareth se vê num impasse: por um lado, ela sabe que há casos que indicam claramente que o governo britânico esteve por trás do escândalo, mas, por outro, ela não consegue achar elementos probatórios concretos. Contudo, ela parte para a Austrália ao lado de Nicky (Lorraine Ashburn), uma senhora que crê que seu filho vive na Austrália. Embora esteja cada vez mais perto de desvendar o mistério, é após conhecer Jack (Hugo Weaving), que fora mandado para a Austrália ainda criança, que Margareth se dá conta da verdadeira dimensão do caso.
Essas crianças eram enviadas para as antigas colônias britânicas em busca de ‘laranjas e sol’, com a promessa de que lá viveriam em locais melhores, estruturados e também lhes seria concedida uma educação de primeira qualidade. Mas a realidade, ao chegar lá, era bem diferente. As crianças eram, em muitos casos, abusadas, física e emocionalmente, chegando até mesmo a trabalharem como escravos.
O número de crianças mandadas para fora, e a sistematização do esquema levam Margareth a deduzir que, infelizmente, tratava-se de uma política de governo. Com esse raciocínio, tornava-se claro que o governo britânico havia consentido que as crianças deixassem o país, além de denunciar a conivência dos demais países e a ‘cooperação’ entre eles, já que a existência de arquivos e documentos que provassem tal movimentação era escassa. E, foi por registros civis gerais que Margareth chegou a sua conclusão. Isso significa que o trabalho era meticuloso e muito bem elaborado, para que não se espalhasse para a sociedade e mídia. Tampouco as famílias que entregavam as crianças sabiam de seus paradeiros, já que lhes era informado que o destino delas seriam orfanatos, a fim de que fossem adotadas por famílias ainda no Reino Unido.
A deportação organizada – e sistematizada – de crianças então ganha contornos reais, que podem ameaçar toda a credibilidade do governo. Um dos insights do filme é mostrar a busca de pessoas por sua história, após anos de sofrimento e angústia. A vida na Austrália, como no caso de Jack, tornou-o um homem sem muitos amigos, afastado, e que carece de informações sobre sua origem, seus pais e seu país de nascimento.
O trabalho de Margareth começa a dar frutos, e é veiculado por jornais de Melbourne e Sydney e desperta o interesse de mais e mais pessoas interessadas no seu passado e origem. É interessante notar que, durante todo o filme, a família de Margareth a apoia muito, em especial seu marido, Merv (Richard Dillane), que também é assistente social, e compreende a importância – e a necessidade do trabalho de sua esposa.
O diretor Jim Loach quis, no filme, mostrar como os governos agem sem consentimento dos cidadãos, sob o pretexto de fazer o bem. Embora essa característica seja presente e haja críticas a isso no filme, não se trata de uma obra política, essencialmente. O objetivo é mostrar a busca de pessoas por suas histórias, já que lhes parece impossível que a justiça seja feita, o que torna saber de seu passado um imperativo em suas vidas.
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