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“Make America Isolated Again?”: A saída dos EUA da UNESCO


No dia 12 de outubro de 2017, os Estados Unidos da América (EUA) anunciaram sua retirada da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Dirigindo críticas ao que consideram uma postura “anti-Israel” por parte da UNESCO, os EUA deixam de ser Estado-Membro e, a partir de 31 de dezembro de 2018, passam à condição de Estado-Observador na organização.


Sob os escombros da II Guerra Mundial e por incentivo dos próprios Estados Unidos, a UNESCO foi criada em 1945 para promover e fortalecer os princípios democráticos, educacionais e dos Direitos Humanos. Contudo, sua história é marcada por diversas tensões com líderes estadunidenses, não sendo esta a primeira vez que o país se retira da organização.


Em 1974, os EUA suspenderam pagamentos à UNESCO, em protesto ao reconhecimento da mesma à Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e por resoluções contrárias a Israel. Dez anos depois, em 1984, durante o governo de Ronald Reagan, o país anunciou sua retirada da organização, retornando somente em 2003, sob a presidência de George W. Bush. Em 2011, com Barack Obama, voltaram a suspender contribuições financeiras, mais uma vez motivados por questões envolvendo o conflito árabe-isralense, após o reconhecimento da Palestina como membro pleno da organização.


Entretanto, para além das justificativas alegadas no anúncio do último dia 12, a saída da maior potência do planeta de uma organização intergovernamental – e em particular de uma organização destinada à valorização da educação e cultura –, denota um crescente distanciamento dos EUA da comunidade internacional e representa uma perda importante para o multilateralismo. Além da redução em cerca de 22% do orçamento da organização, enfraquece os esforços internacionais para a solução de controvérsias através de meios pacíficos e do diálogo intercultural.


Ademais, sua retirada de uma instituição que oferece ambiente estratégico para o combate à intolerância e para a promoção da diversidade cultural, carrega um forte simbolismo. Reforça ainda mais o pouco interesse da gestão Trump por questões relacionadas aos Direitos Humanos, já evidenciado em outras ocasiões, através de políticas migratórias agressivas e de discursos carregados de intolerância religiosa e cultural, de caráter xenófobo.


A existência e o fortalecimento das organizações multilaterais no sistema internacional são resultados de transformações históricas que apontaram para a baixa capacidade dos Estados em solucionar sozinhos problemas globais cada vez mais complexos e interdependentes. A necessidade de cooperação, seja movida por ideais ou por interesses, é uma realidade.


Nesse sentido, as organizações internacionais, embora imperfeitas e, portanto, não isentas de críticas, ainda são importantes mecanismos de freios de excessos de poder e de redução de assimetrias nas arenas de discussão internacionais. Em tempos de problemáticas que desconhecem fronteiras e exigem esforços conjuntos, construir muros – concretos e abstratos – é de pouca eficácia. O momento é de construir diálogos.


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