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Perspectivas Idealistas sobre a paz na contemporaneidade


A Semana Mundial da Paz é celebrada nos dias 24 a 31 de outubro , de acordo com o calendário da ONU ( Organização das Nações Unidas) . Nesse contexto, é oportuno relembrar alguns pensadores da corrente idealista estudados em teoria clássica das Relações Internacionais que possuem como uma de suas principais premissas a busca pela paz.

Os pensamentos idealistas surgem em contraposição aos principais pensamentos dos autores adeptos ao paradigma realista. No início deste texto serão apresentadas algumas concepções básicas do realismo.

Para o realismo, o homem irá agir de forma a sempre alcançar seus interesses, inclusive se valendo da força para isso. No contexto das relações internacionais a natureza conflituosa prevalece neste ambiente, justamente como reflexo da natureza do homem. Assim, a guerra para os realistas é inevitável.

O Estado ocupa o centro desta corrente, sendo os demais atores do Sistema Internacional apenas expressões da vontade estatal. O principal assunto da agenda de um Estado para os realistas será a segurança nacional (high politics). A economia e o social ocupam um lugar de menor destaque na política (low politcs).

Os pensamentos idealistas surgem em contraposição aos principais pensamentos dos autores adeptos ao paradigma realista, e apresentam uma visão positiva da natureza humana acreditando que o homem possui meios para alcançar a paz. Assim como os racionalistas, esta corrente teórica, reconhece que o Sistema Internacional anárquico é um cenário propício para o desencadeamento de conflitos. Entretanto, os pensadores idealistas entendem que a guerra não é a solução dos conflitos e defendem que os homens devem trabalhar para a construção da paz.

A cooperação entre os diversos atores do sistema internacional é essencial para alcançar a paz. Desta forma, as organizações internacionais ganham um papel de destaque na persecução da paz no cenário mundial.

As organizações internacionais são criadas a partir da vontade de vários Estados para alcançar uma finalidade específica. É inegável que as Organizações Internacionais contribuem para a segurança e estabilidade do cenário internacional, uma vez viabilizam a existência de um espaço aberto para a deliberação entre os Estados e outros atores do sistema internacional de modo a auxiliar uma governança global.

Dentre as Organizações Internacionais a que mais se destaca para a promoção da paz é a ONU em que o primeiro propósito da Carta das Nações Unidas é manutenção da a paz e a segurança internacionais.

A Organização surgiu em um contexto após a Segunda Guerra Mundial e início da Guerra Fria, tendo um papel importante para mediação de conflitos daquela época. A primeira missão de paz da ONU ocorreu em 1948 para acompanhar o Acordo de Armistício entre Israel e seus vizinhos árabes com o envio de militares da ONU. Daquele período para a atualidade já ocorreram 63 (sessenta e três) missões de paz (https://nacoesunidas.org/acao/paz-e-seguranca/).

Para ilustrar a atuação da ONU no mundo contemporâneo na busca da paz, podemos citar o conflito que está ocorrendo em Myanmar contra as minorias muçulmanas. Os representantes da Organização declararam que está ocorrendo uma limpeza étnica, após a denúncia do não cumprimento de direitos humanos foram feitas recomendações para a resolução do conflito.

Isso nos remete novamente aos teóricos clássicos do idealismo, em especial dois autores que trouxeram a paz como um dos pilares de suas teorias e que nos ajudam a refletir sobre a situação atual do mundo, em especial acerca da atitude das grandes potências no cenário internacional.

O primeiro deles é o Abade de Saint Pierre (1658 - 1743 ). O autor propôs a cooperação marcada pela interdependência e a criação de uma confederação dos príncipes europeus como solução dos constantes conflitos que ocorriam na Europa. A paz seria decorrência de uma Europa unida e a base dessa união seria o cristianismo. Para Abade, a confiança mútua entre as nações europeias seria construída a partir dos valores cristãos.

O segundo é o filósofo Immanuel Kant ( 1724 – 1804 ) para ele o que a justifica a paz não é a religiosidade cristã e sim a razão. A paz não só é racionalmente possível em um mundo marcado por guerra, mas é a melhor solução.

Kant defende a construção da paz perpétua e a ideia de que a paz seria alcançada pela racionalidade. Caso todos entendessem que a paz é a melhor resposta para o mundo, nenhum Estado recorreria a guerra.

Analisando de forma genérica o comportamento dos Estados no cenário mundial, percebe-se que muitos não adotam algumas premissas de Kant que ainda consideramos ser aplicáveis com uma releitura ao mundo atual.

Acredita-se ainda que vários pensamentos deste filosofo podem auxiliar na solução dos conflitos atuais. Os Estados e a sociedade devem levar em consideração que é preciso que a paz seja construída e institucionalizada, como fruto de um trabalho de gerações e na formação de cidadãos.

Neste contexto, a ideia de que somos proprietários comunitários da Terra e que devemos nos pautar pela tolerância mútua é uma grande premissa que deve permear o comportamento não só dos Estados, mas também dos indivíduos. Os preceitos que fundamentam o direito de visita e o direito de hospitalidade de Kant revelam-se importantes fatores a serem levados em consideração no mundo atual em que vivemos.


REFERÊNCIAS:


ONU BR. Dias de Semanas Internacionais. Disponível em: < https://nacoesunidas.org/calendario/dias-e-semanas/> Acesso em: 22 de outubro de 2017


ONU BR. A Onu, a paz e a segurança . Disponível em: < https://nacoesunidas.org/acao/paz-e-seguranca/> Acesso em: 22 de outubro de 2017


PLANALTO. Presidência da República. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/d19841.htm> Acesso em: 22 de outubro de 2017


ONU BR. Onu pede fim da discriminação contra deslocados muçulmanos em Mianmar. Disponível em: < https://nacoesunidas.org/onu-pede-fim-da-discriminacao-contra-deslocados-muculmanos-em-mianmar/ > Acesso em: 22 de outubro de 2017


O POVO. Onu denuncia possível limpeza étnica em myanmar. Disponível em: < https://www.opovo.com.br/noticias/mundo/dw/2017/09/onu-denuncia-possivel-limpeza-etnica-em-myanmar.html> Acesso em: 22 de outubro de 2017


VEJA. Mianmar: ONU volta a pedir fim de ação militar contra rohingyas. Disponível em: < http://veja.abril.com.br/mundo/mianmar-onu-volta-a-pedir-fim-de-acao-militar-contra-rohingyas/> Acesso em: 22 de outubro de 2017


GERHARDT, Luiza Maria. À paz perpétua, de Immanuel Kant. Revista Educação

PUCRS.Porto Alegre, n. 1, Jan/Abr. 2005.


MESSARI, Nizar e NOGUEIRA, João Pontes (2005). Teoria das Relações Internacionais: Correntes e debates. Elsevier, Rio de Janeiro.


Sarfati, Gilberto. Teoria das Relações Internacionais / gilberto Sarfati. — São Paulo: Saraiva, 2005.


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