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Metropolis


Data de lançamento: 4 de novembro de 1927



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Direção: Fritz Lang

Elenco: Brigitte Helm, Alfred Abel, Rudolf Klein-Rogge

Gêneros: Ficção científica, Suspense, Drama

Nacionalidade: Alemanha

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O expressionismo alemão no cinema deixou como obra mais conhecida e reverenciada o longa Metrópolis, dirigido por Fritz Lang e lançado em 1927. Tendo resistido muito bem ao tempo, ainda hoje o filme parece ensinar-nos algumas lições importantes, sobretudo quando analisamos a obra à luz dos acontecimentos de nossa conjuntura internacional – e nacional – atuais.

Enquanto obra de ficção científica, o filme faz uso de analogias, metáforas e é um verdadeiro tratado visual de futurologia que, com o perdão à pseudociência, tem mais acertos do que erros. Ainda assim, é um fruto de uma década na qual o consumo e a prosperidade pareciam não ter limites e, embalados ao som do jazz, todos eram empurrados, dois anos após o lançamento do filme, silenciosamente, rumo a uma crise sem precedentes.

No filme, a cidade de Metrópolis é um grande centro urbano agitado, na qual subsistem duas classes antagônicas: os que vivem na parte superior de Metrópolis, onde se encontra a elite, mais ligada ao trabalho mental, e os que vivem na parte inferior, que são estão os trabalhadores que, literalmente, mantêm as engrenagens da cidade em funcionamento. A beleza dos cenários e os detalhes por todo o filme nos dão uma imersão mais profunda no enredo da obra, ainda que não se especifique a data e época em que o filme se passa. Aliás, cabe o questionamento: quando – e onde – é o futuro?

A trama se desenvolve em torno da paixão de Freder, interpretado por Gustav Fröhlich, filho do magnata Joh Fredersen (Alfred Abel), pela operária Maria (Brigitte Helm). Na busca de sua amada, Freder descobre que os trabalhadores são docilizados pelo trabalho, e que pouco sabem da vida na superfície. Seu pai, então, descobre mapas, que levam a lugares secretos no subsolo nos quais, de acordo com o cientista Rotwang (Rudolf Klein-Rogge), os trabalhadores conspirariam contra o povo da superfície. Para desmantelar o plano, Fredersen ajuda Rotwang a construir um androide, feito à semelhança de Maria, afim de enganar os trabalhadores. Assim, geraria confusão, e daria pretexto para reprimirem o movimento organizado que se formou abaixo da superfície.

As engrenagens que mantêm Metrópolis funcionando se assemelham a um culto, e chegam até a ser mostradas como Moloch, entidade cultuada no Oriente Próximo há séculos. Os trabalhadores são sempre mostrados como alienados de si mesmos, cabisbaixos e sem expressão definida. A luta entre classes é demonstrada em muitos pontos do filme, mas é contraposta em relação à letargia em que se encontram os trabalhadores, que buscam uma espécie de mediador entre as duas camadas da sociedade mostradas no filme.

Não é muito distante do que vem ocorrendo em escala global com as leis trabalhistas. Macron, novo presidente da França, conseguiu, com muito esforço, aprovar mudanças centrais no Code du Travail francês, sob o pretexto de modernizar as relações de trabalho em seu país, com intuito de tornar-lo competitivo no contexto do século XXI.

No Brasil, não tem sido diferente. O estudo publicado pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) chamado Drivers and effects of labour market reforms: Evidence from a novel policy compendium analisa as mudanças nas leis trabalhistas de 110 países, e mostra que, em busca de competitividade, diminuiu-se o custo da mão de obra, e desregulou-se as leis de trabalho.

Não é de se espantar, que Metrópolis seja tão atual. Ainda que não demonstre o que se passa em um país em que se normatiza o trabalho escravo, também podemos estabelecer um paralelo entre a atuação do povo da superfície com os grandes fundos capitalizados, que capturam as legislações dos países, em busca de ‘modernização’. É isso que estuda Robert Cox, ao falar sobre a mcdonaldização do trabalho e de previsões catastróficas para o desemprego em massa que virá no futuro. E não distante (?) também do pensamento de Ivan Mészáros, que viu, para além do capital, as transformações no mercado de trabalho, como um pretexto para a exclusão e sucateamento do trabalho e suas condições.

Por fim, Metrópolis é uma experiência incrível. Aos 90 anos, é um retrato de sua época, mas também uma afirmação do presente. As expressões faciais dos atores no filme podem parecer até cômicas, mas estamos tratando de uma obra silenciosa, cuja trilha sonora nos fornece uma prazerosa audição que casa bem com as cenas.

Ainda não fomos substituídos – totalmente – por humanoides, como no filme, mas a big data, Inteligência Artificial e outros aparatos tecnológicos jamais estiveram tão próximos de substituir-nos. Há profissões, como a de contador, que provavelmente não existirão mais, ao menos não como as conhecemos, em vinte ou trinta anos. Até lá, o silêncio de Metrópolis ainda terá muito o que dizer.


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