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CyCon 2018: a prática é a mesma


A décima edição da CyCon, Conferência Internacional de Conflitos Cibernéticos, representa um dos maiores eventos mundiais na área de segurança cibernética. Os esforços partem do Exército norte-americano e do Centro de Defesa Cibernética Cooperativa (CCDCOE, sigla em inglês) da OTAN. Sua próxima edição será nos dias 29 de maio a 1º de junho de 2018, em Washington.

A CyCon, tem influenciado vertentes dos setores público e privado, principalmente dos EUA, suscitando questões como a responsabilidade internacional no ciberespaço e a criação de uma ONG internacional para o combate e investigação de ciberataques - que fuja da ação regulamentadora dos Estados e atenda, de fato, a dinâmica política da arena internacional.

Dinâmica que evoca sensibilidade analítica para definir a fronteira que há entre o cinético e o físico, das definições normativas e territoriais dos Estados e o "campo minado e obscuro" que é o ciberespaço. A CyCon 2018 (que ainda não se concretizou) é exemplo desta relação intrusiva. A velocidade técnica que, " anima a vida humana" contemporânea, é a "forma atual mais sutil da violência" (TRIVINHO, p.93, 2007). Um simples e-mail, com o panfleto do evento na forma de um documento do World, intitulado de "Conference_on_Cyber_Conflicts.doc" , com links para download, foi enviado para os convidados do evento, em verdade, acontecera um ciberataque. Os links instalavam o malwere chamado "Seduploader" , "que é essencialmente um software malicioso que permite aos hackers o reconhecimento da vítima, fazendo capturas de tela e reunindo informações básicas a respeito do alvo" (Medeiros, 2017).

A manutenção histórica do reaealismo conflitivo das relações internacionais entre EUA e Rússia desdobra-se, mais uma vez, no ciberespaço. Acusações de que a origem deste e-mail seja da agência de inteligência militar russa (GRU) é negada, em contrapartida, a desconfiança estadunidense torna a situação mais aguda. O deslizamento histórico do conflito está, também, nas infovias.

Para além da CyCon, e de tantos outros ataques cibernéticos, coloca-se em questão que: espionagem, guerra, paz, terrorismo, economia internacional, soberania nacional, política e outros elementos das relações estatais são lançados no cibespaço e ganham uma nova roupagem, é o paradigma nacional realista, na rede. Como agregar todos esses elementos? A utilização inteligente do ciberespaço, isto é Smart Power, agrega a todos e os efeitos de um ataque cibernético tem uma caracterização multidimensional, muito mais que os ataques tradicionais (por terra, água ou mar). O "território" ciberespacial é infindo.

Fica a provocação para perceber até que ponto as novas tecnologias e meios de comunicação (do ciberespaço), são capazes de transformar um fenômeno político entre Estados nacionais. O ataque cibernético à CyCon 2018 entra em uma coletânea de desgastes da relação EUA e Rússia e, ao somar-se aos outros será concebida uma nova faceta do conflito que irá moldar o futuro desta problemática. Em suma, o que de fato ocorre é que, a espionagem (elemento raiz do caso) é uma prática tradicionalmente utilizada entre os agentes internacionais, que sempre coexistiu entre as atividades de Inteligência e Diplomacia, na defesa dos interesses nacionais. Ou seja, a tecnologia altera os resultados mas as práticas originais são as mesmas; "transformando a superfície, sem alterar a essência" (CERVI, p.11, 2012).


Referências:


CERVI, Emerson U. Mundo virtual, poder real: mesmo sob novas condições a alocação de poder politico não necessariamente muda. Cadernos Adenauer, Rio de Janeiro, nº 3, p. 11-30, mar. 2013.

MEDEIROS, Breno Pauli. Hackers atacam conferência internacional de segurança cibernética. CEIRI. Disponível em <http://www.jornal.ceiri.com.br/hackers-atacam-conferencia-internacional-de-seguranca-cibernetica/> Acesso em Novembro de 2017.

NYE, Joseph S. The future of power. New York: PublicAffairs, 2011.

OLIVEIRA, Lúcio Sérgio Porto. A história da atividade de inteligência no Brasil. Brasília: ABIN, 1999.

Radio Monte Carlo. Expertos proponen crear ONG internacional para luchar contra ciberataques.Disponível em: <http://www.radiomontecarlo.com.uy/2017/06/09/tecnologia/expertos-proponen-crear-ong-internacional-para-luchar-contra-ciberataques/> Acesso em Novembro de 2017.

TRIVINHO, Eugênio. A dromocracia cibercultural: lógica da vida humana na civilização mediática avançada – São Paulo: Paulus, 2007.

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