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Filha


Data de lançamento: 18 de setembro de 2014

Direção: Afia Nathaniel

Elenco: Samiya Mumtaz, Mohib Mirza, Asif Khan

Gênero: Drama, Suspense

Nacionalidade: Paquistão, Estados Unidos, Noruega


Dukhtar, ou a Filha, como convencionou chamar esse filme, é uma produção paquistanesa, de 2014, e que contou com a produção e pós-produção de Noruega e Estados Unidos. O seu enredo se baseia na triste realidade de milhões de garotas ao redor do mundo, que são obrigadas a casar-se ainda muito jovens, com homens muito mais velhos que elas, com os quais vivem relacionamentos abusivos, forçados e infelizes.

De acordo com um estudo recente da OIT e com desenvolvimento do grupo de defesa de direitos humanos Walk Free Foundation estima-se que, no mundo, mais de 15 milhões de pessoas se encontram em casamentos forçados, situação a qual constitui uma forma de escravidão moderna.

O filme é ambientado no Paquistão, numa região afastada dos centros urbanos, na qual a presença de tribos e vilarejos é ainda predominante. A pequena Zainab, de apenas dez anos, é uma garota que ainda possui um espírito infantil, e não tem o hábito de sair constantemente de casa, sendo vigiada de perto por seu pai, Daulat Khan. A sua mãe, Allah Rakhi, é dona de casa, que tem, no convívio diário com a filha, a sua maior fonte de felicidade.

Entretanto, a situação muda quando o pai de Zainab busca selar a paz com um líder tribal rival, numa tentativa de fazer parar o banho de sangue que se instalara entre os seus membros. O líder da outra tribo, Tor Gul, aceita acabar com as hostilidades sob uma condição: casar-se com a filha de Daulat Khan. Ele reluta, mas acaba aceitando. Sua filha de apenas dez anos será o selo da nova aliança entre as duas tribos.

Ao contar sobre o casamento arranjado de sua filha a sua esposa, Rakhi, esta tem uma triste lembrança do que lhe aconteceu. Ela também fora vítima de um casamento arranjado, assim como sua mãe e sua avó. Essa tradição, como o filme demonstra, é recorrente e até mesmo é reiterada na sociedade local. Rakhi chega a preparar toda a vestimenta da filha para o casamento, enquanto seu pai trata de acertar os últimos detalhes para o grande dia. Contudo, o evento jamais ocorreu.

No intuito de não ver sua filha passar pelo que passou na sua juventude, Rakhi toma Zainab pela mão e foge da vila. Os membros da tribo de Tor Gul empreendem uma grande busca na região para achar mãe e filha, que encontram no jovem Sohail um esteio e uma mão amiga que ajuda as duas em sua fuga, embora relutasse no início e até mesmo cogitasse largá-las à sua própria sorte.

O caminho é perigoso e as buscas pela mãe e filha se intensificam. Sohail chega a ser delatado por um homem que viu Rakhi e Zainab em um vilarejo, mas não conseguem chegar nas duas. Também é Sohail que oferece um local para que passem um tempo, até que a situação se acalme. Com a poeira baixa, os três partem para a cidade de Lahore. Lá, quando todos pensavam que a calmaria finalmente fixara residência, mãe e filha são achadas por Shehbaz Khan, irmão de Daulat Khan, e está determinado a levar Zainab ‘a quem ela pertence’. Entretanto, mais uma vez Sohail as salva.

Por meio do filme da diretora Afia Nathaniel, podemos ter uma – ainda que pequena – ideia da atuação e da importância dos Direitos Humanos a nível mundial. No dia 10 de dezembro, celebra-se o seu dia internacional, e é preciso, mais do que nunca, relembrá-los, implementá-los e incorporá-los à nossa sociedade e, inclusive, em nossas vidas.

Vivemos em tempos nos quais se questiona – e muito – a atuação de grupos defensores dos Direitos Humanos, e se ataca essa construção histórica, jurídica e social que preveem tratamentos igualitários, acesso à saúde, educação e justiça. Ainda que o filme trate restritivamente da temática do casamento forçado, convém lembrar que essa prática consiste numa captura da liberdade de garotas, jovens, humanas, que dificilmente conseguem reverter suas situações, e desenvolver-se plenamente enquanto cidadãs com dignidade e respeito.

Em 2016, um estudo da organização britânica Save the Children trouxe um dado mais que alarmante: a cada 7 segundos, uma menina menor de 15 anos é forçada a se casar ao redor do mundo.

Não nos esqueçamos que são relações que perpetuam a violência sexual e doméstica, além de puxar para baixo os níveis de escolaridade entre mulheres. E não é uma realidade longe da nossa: o Brasil é o quarto país no ranking global de casamento infantil, de acordo com um levantamento do Banco Mundial. Estamos, inclusive, numa posição pior que o Paquistão, país de Zainab.

Não se deve aceitar o retrocesso em Direitos Humanos. É uma construção que se ergue às custas de muito sangue, violações e sofrimento. Acima de tudo, uma é questão humanidade, não importa quem seja, onde seja e esteja, no que acredite, no que faça e como se relacione. É sempre um caminho adiante, ampliando e assegurando direitos – não importa quão humano seja.

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